O PT vai herdar mais uma subsecretaria no governo Casagrande. Após o partido emplacar o nome de José Carlos Nunes à frente da Secretaria de Estado do Esporte (Sesport) e conquistar três subsecretarias – duas na pasta de Trabalho e uma na de Agricultura –, os petistas vão ocupar também a Subsecretaria para Assuntos Administrativos da Sesport.
A subsecretaria é a que mais tem relação com o secretário de Esporte e será ocupada pela petista Fernanda Maria Souza, que já foi subsecretária na Casa Civil e secretária de Trabalho e Renda na Prefeitura da Serra.
Nunes confirmou a mudança no posto que, até então, era ocupado pela ex-vice-prefeita da Serra Madalena Santana Gomes. “É natural que tenha alguém na subsecretaria ligado ao secretário, ainda mais na parte administrativa. Não há dificuldade nenhuma nesse ponto”, disse Nunes.
Madalena é filiada e secretária-geral do PDT e será diretora administrativa e financeira da Ceturb-ES. Inclusive, está marcada para esta terça-feira (30), às 10 horas, a posse de Madalena e do novo presidente da companhia, o ex-deputado Marcos Bruno, conforme a coluna noticiou ontem.
Nos bastidores, haveria uma pressão por parte do PT, em cima do governo, para que o partido ocupasse mais esse espaço na gestão. A assistente social Nilda Sartório assumiu a Subsecretaria de Assistência e Desenvolvimento Social; o ex-prefeito (Cachoeiro) Carlos Casteglione assumiu a Subsecretaria de Trabalho, Emprego e Geração de Renda – as duas subs ligadas à Setades.
Mas a Subsecretaria de Agricultura Familiar, que seria criada na pasta de Agricultura e também entregue ao PT, ainda não saiu do papel.
Ao que tudo indica, a sub na Agricultura será criada em fevereiro e há a garantia de que o PT irá indicar o nome para ocupar a cadeira. Mas aí, entraria outra questão em jogo que pode atrasar a nomeação: não haveria consenso entre as correntes internas do PT sobre o indicado.
Briga interna?
Quando o espaço do PT na gestão foi definido, em reunião com o governador, Julinho da Fetaes, que é da mesma corrente interna que a deputada federal eleita Jackeline Rocha (PT) – os dois fazem parte da CNB –, era o mais cotado para assumir a subsecretaria na pasta de Agricultura que será criada.
Mas o governo começou a confirmar os nomes do 1º escalão e a corrente CNB ficou com o comando da Sesport, emplacando o nome de Nunes.
Nilda, que assumiu uma sub da Setades, é da corrente Resistência Socialista (RS), a mesma do deputado federal reeleito e campeão de votos Helder Salomão.
Já Casteglione, que assumiu uma outra sub na Setades também, faz parte da Alternativa Socialista (AS), que é a mesma corrente do ex-prefeito e deputado estadual eleito João Coser.
Portanto, na distribuição dos cargos no governo, todas as correntes internas dos deputados estaduais e federais eleitos foram contempladas, com exceção da corrente que a deputada estadual reeleita Iriny Lopes faz parte, a Articulação de Esquerda. E isso estaria gerando um ruído.
Estaria em debate no partido, juntamente com todas as suas diversas correntes internas, se Julinho da Fetaes (CNB) assumiria mesmo a sub de Agricultura ou se o posto será preenchido por alguém da corrente de Iriny, que já teria até um cotado: um dos coordenadores do seu gabinete.
Sem pressão e sem ruído
Tanto Nunes quanto o presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, negaram que tenha ocorrido pressões do PT para aumentar o espaço no governo. “A Sesport é do PT, ele tem direito de mexer na composição da secretaria. Não vai mudar todas as subs, mas a administrativa, que é de confiança, não vejo problemas, não teve pressão, isso é natural”, disse Gavini.
Os dois também negaram que a mudança tenha criado ruído com PDT, uma vez que o partido perdeu um cargo de 2º escalão em troca de um de 4º escalão. “Foi tudo alinhado com o partido. Madalena é do PDT, mas foi muito tempo do PSB também, ela vai para outro cargo administrativo. O PDT ganhou a pasta de Turismo, então, não perdeu espaço no governo”, disse Gavini.
O presidente estadual do PDT-ES, Weverson Meireles, que é o secretário estadual de Turismo, fez coro e negou mal-estar. “PDT não perde espaço. Houve sintonia e diálogo”, disse Weverson.
Vai gerar ciúme?
Alguns partidos da base aliada, principalmente de espectro político mais à direita, vira e mexe reclamam pelos cantos do tamanho do PT no governo Casagrande que, para vencer a eleição, fez uma frente ampla com diversos partidos – inclusive alguns que davam sustentação ao governo Bolsonaro, nacionalmente.
O Espírito Santo deu vitória a Bolsonaro nos dois turnos da eleição e, durante a campanha, Casagrande não trouxe Lula para o seu palanque e nem investiu em material casado, embora tivesse declarado voto no petista e seu partido (PSB) estivesse na chapa presidencial, com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Há porém, uma expectativa de que agora, em fevereiro, o governador possa contemplar alguns aliados fora do campo da esquerda, em cargos do 2º escalão e à frente de autarquias. E tem muita gente de olho nesses espaços.
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