O senador Marcos do Val (Podemos-ES), que na madrugada desta quinta-feira (02) publicou em suas redes sociais que iria abandonar a política, disse agora que “tem o dia todo para pensar” antes de tomar a decisão definitiva. Na manhã de hoje, a revista Veja revelou que o senador capixaba teria sido convidado por Bolsonaro e pelo ex-deputado Daniel Silveira para participar de uma operação golpista contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Em entrevista coletiva à imprensa, ele disse que após postar sua despedida nas redes sociais, em que alega ter perdido a convivência com a família e que estaria “pesado” suportar os ataques e ofensas que estaria sofrendo, Do Val disse ter recebido um telefonema da filha que o fez repensar.
“Naquela hora que eu postei, se fosse horário comercial, eu teria saído. Quando eu acordei com o telefonema da minha filha, aí que eu comecei a falar: ‘não, se eu sair eu não vou mostrar o resultado do meu trabalho e porque eu estou sofrendo essa perseguição de reputação’. Então, vim, pedi para a minha equipe me esperar, que eu queria me reunir antes de falar com vocês da imprensa. E a minha equipe pediu para que eu ficasse”, disse Do Val.
Segundo ele, ao chegar na manhã desta quinta ao Senado, após dormir sob efeito de remédio, os colegas teriam pedido “pelo amor de Deus” para que ele não deixasse o mandato. “Meus colegas me abordaram, pedindo: ‘pelo amor de Deus, não saia!’. E isso mexe com a gente. Quando a gente tem uma decisão, acha que está sozinho querendo mudar o mundo, fica com aquele sentimento de voltar para a minha carreira, que lá eu estava bem, estava feliz (…) Então, eu cheguei aqui com o coração mais aliviado”, disse.
Depois, numa entrevista para a Globonews, Do Val disse que seus colegas de plenário iriam para a tribuna do Senado pedir que ele não renunciasse. Também contou que recebeu um telefonema da ex-deputada Janaina Paschoal, pedindo para ele ficar no mandato. “Tenho o dia inteiro para pensar qual vai ser minha decisão referente a isso”.
Em postagem no Twitter, Janaina disse que teria conversado com Do Val e que ele teria desistido de renunciar. “Ele não vai deixar seu mandato. O senador se sente muito injustiçado pelos ataques que sofre da esquerda e da direita e, em tom de desabafo, disse que sairia da política”, disse Janaina, na postagem.
Do Val ameniza para Bolsonaro e culpa Silveira
Antes de postar que deixaria a vida pública, Do Val participou de uma live, na noite de ontem, e disse que Bolsonaro tentou coagi-lo para dar um golpe de Estado. “Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista: ‘ah, o senador bolsonarista e tal’. Vocês esperem que eu vou soltar uma bomba para vocês. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. É lógico que eu denunciei”.
Porém, depois, na entrevista coletiva, ele disse que todo o discurso do plano para gravar secretamente o ministro Alexandre partiu do ex-deputado Daniel Silveira. Que Bolsonaro estava presente, mas que só teria falado ao final, ao se despedir e dizer que estava aguardando uma resposta.
“Eu disse que iria pensar. E a única coisa que o presidente (Bolsonaro) falou foi o seguinte: ‘Então, tá. A gente aguarda e você manda mensagem’”, disse Do Val, na entrevista.
Segundo a revista Veja noticiou, em dezembro do ano passado, Do Val teria sido convidado por Silveira para participar de uma conversa com Bolsonaro, alegando que o então presidente teria um assunto importante para falar com ele. O encontro, que aconteceu no Palácio do Alvorada, foi tratado por meio de códigos.
Na reunião, no dia 9 de dezembro, Silveira teria convidado Do Val para participar do plano que consistia em se aproximar do ministro Alexandre, com um gravador, para captar algo comprometedor que servisse como base para anular a eleição e prender o ministro.
Três dias depois, Do Val teria entrado em contato com o ministro para denunciar a ação. Foi marcado um encontro entre Do Val e Alexandre para o dia 14. E após passar o teor do encontro para o ministro, segundo a revista, o senador teria dito a Silveira que não aceitaria a missão.
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