Federação Cidadania-PSDB vai deixar o blocão dos aliados?

Gandini, Vandinho e Mazinho: os três formam a federação que faz parte do blocão dos aliados

Depois de ter se estranhado com o governo e ser o pivô da primeira derrota palaciana sofrida na Assembleia, o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) quer deixar o blocão dos parlamentares aliados. Essa seria a primeira medida tomada desde que anunciou que não faz mais parte da base do governo Casagrande.

Comandado pelo líder do governo, deputado Dary Pagung (PSB), o blocão reúne 18 parlamentares e oito partidos – incluindo a federação Cidadania-PSDB, da qual Gandini faz parte juntamente com os tucanos Vandinho Leite e Mazinho dos Anjos.

Por estar federado com outro partido, para sair do blocão e retirar o Cidadania, Gandini precisa convencer pelo menos mais um deputado da federação, formando assim maioria.

“Minha ideia é sair do blocão. Estou conversando com o Vandinho para ver se tem esse entendimento. Por conta da federação, precisa da anuência da maioria dos membros. Vandinho pediu pra aguardar a composição das comissões e das frentes, pra gente conversar depois”, disse Gandini.

Questionado se iria para o outro bloco, comandado pelo deputado Hudson Leal (Republicanos) e que abriga os parlamentares independentes e da oposição, Gandini disse que não, que não quer ficar em bloco nenhum.

Segundo ele, uma reunião está marcada para a semana que vem para definir o rumo e o posicionamento da federação na Assembleia. Porém, pelo que os deputados tucanos anteciparam à coluna, a federação deve permanecer na base aliada e no blocão.

Relação de confiança

O deputado Mazinho dos Anjos é o presidente da poderosa Comissão de Justiça. Quando seu nome foi definido para o comando da principal comissão temática da Assembleia, a coluna perguntou a Mazinho a razão de um deputado de primeiro mandato ter sido escolhido para um posto tão importante.

“A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) é uma comissão muito técnica e que demanda muito trabalho. Acho que a minha experiência de 18 anos como advogado e de ter sido membro da CCJ na Câmara de Vitória por quatro anos contribuiu para a indicação dos colegas”, respondeu Mazinho à coluna.

Embora sua experiência jurídica tenha contado, há uma relação de confiança que une Mazinho e Casagrande. De 2009 a 2014, o deputado ocupou diversos cargos no governo do Estado, desde assessor até subsecretário estadual da Saúde (de janeiro a outubro de 2013).

Ele também foi diretor administrativo e financeiro do Iema e gerente na Casa Civil, atuando junto com o agora também deputado Tyago Hoffmann (PSB). Trata-se, portanto, de uma relação de confiança que vem desde o primeiro mandato de Casagrande.

Soma-se a isso o fato de Mazinho ser sobrinho do prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos, aliado de primeira hora do governador. Quando deputado, Enivaldo ocupou o posto de líder do governo na Ales.

Questionado sobre como iria se posicionar com relação à permanência ou não no blocão, Mazinho nem titubeou: “Vou ficar (no blocão)”.

Consideração de aliado

Já Vandinho é o presidente do PSDB capixaba e sua gestão deve ser estendida pelo menos até outubro. Isso porque o tucanato nacional adiou as convenções municipais, estaduais e nacional para eleger os novos presidentes da legenda e, com isso, prorrogou a atual Executiva estadual, comandada pelo deputado. A convenção estadual está programada para ocorrer entre 2 e 29 de outubro deste ano.

PSDB é o partido do vice-governador, Ricardo Ferraço, que não tem papel decorativo na gestão. Ele comanda a Secretaria de Desevolvimento e está envolvido também com as pastas e políticas públicas de Meio Ambiente e de Agricultura. Ou seja, o PSDB não só está no governo como é o governo também.

Vandinho ainda está magoado com todo o processo da eleição da Mesa Diretora, em que foi preterido em favor de Marcelo Santos para o cargo de presidente. Andou mandando recados malcriados para o palácio e não escondeu o ar de satisfação quando Gandini e a oposição peitaram o governo. Mas, ainda assim, ele é considerado da base aliada.

Tanto que há um esforço, do governo e do blocão, de contemplar a CPI que Vandinho tanto quer implantar para investigar regularização fundiária. Há uma costura, nos bastidores, para isso.

Questionado se ficaria ou não no blocão, Vandinho disse à coluna que “a princípio sim”. “A princípio, estou na base do governo, apesar de estar sendo tratado como adversário. Gandini é um grande parlamentar e amigo, vou conversar com ele”, disse o tucano.

Para permanecer no blocão, a maioria do partido ou da federação precisa apoiar. Como os dois deputados do PSDB querem ficar, contra um deputado do Cidadania que quer sair, a federação deve permanecer no blocão.

De olho

Em conversa com a coluna, interlocutores do governo disseram que vão observar como Gandini irá se posicionar nos próximos dias. Segundo o deputado, ninguém do governo o procurou para conversar e a coluna apurou que essa busca, se acontecer, será só após a retomada das sessões pós-Carnaval.

Na próxima segunda-feira (27), às 9 horas, Gandini vai abrir os trabalhos da Comissão de Meio Ambiente, presidida por ele. Segundo o deputado, a prioridade número 1 da comissão será criar uma lei que garanta a qualidade do ar no Estado. Quer envolver a sociedade civil, as indústrias, a Ales e o governo do Estado nas discussões.

A depender do tom que Gandini irá adotar na comissão, o governo terá um sinal se o deputado pode baixar as armas e voltar a compor a base aliada ou se ele realmente queimou as pontes – sem fumaça pra não gerar poluição – e caminha para a oposição. A conferir.

 

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