Essa coluna não é sobre mim. Mas sobre o que eu testemunhei no dia em que o juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado. Já se passaram 20 anos, mas muitas cenas daquele fatídico plantão jornalístico de 24 de março de 2003 continuam vívidas em minha memória.
Eu era uma jovem repórter, com nove meses de formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), atuando na editoria de Polícia de um veículo de comunicação impresso.
Naquela época, as equipes especializadas em cobertura policial nos jornais eram as maiores, talvez para responder à grande demanda de ocorrências a serem noticiadas num estado que padecia sob o poder do crime organizado.
Minha missão era chegar cedinho na redação – antes das 7 horas – e fazer a “ronda policial”, que consistia em ligar para delegacias, companhias da PM, bombeiros para saber o que tinha ocorrido na madrugada.
Também cabia a mim cobrir as ocorrências da parte da manhã. Depois desse primeiro contato, eu ia pessoalmente às unidades policiais para saber mais sobre os crimes, entrevistar delegados, vítimas, suspeitos… Essa era minha rotina.
Não me lembro exatamente sobre as ocorrências da madrugada, mas sei que havia casos de homicídios, porque deixei a redação, com um motorista e um fotógrafo, rumo à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde se concentram as ocorrências de crimes contra a vida.
Mas, antes mesmo de chegar, ainda na esquina, já dava para perceber que algo fora do comum ocorrera naquela manhã. No depoimento abaixo, eu conto um pouco das minhas impressões e do que vi naquele dia que viria a marcar a história do Espírito Santo e a minha própria história como jornalista.