EXCLUSIVO: Governador acena para Gandini e sanciona bolsa-estudante de R$ 800

Crédito: Helio Filho/Secom

O governador Renato Casagrande (PSB) sancionou, na manhã desta quarta-feira (01), o projeto que concede uma bolsa-estudante no valor de R$ 800 para estudantes da 4ª série do Ensino Médio da rede estadual.

A agora lei 11.784/2023 – que será publicada no Diário Oficial de amanhã, mas a coluna já teve acesso – institui o auxílio no valor de R$ 800 a ser pago a 120 estudantes matriculados regularmente, no período dos meses letivos, conforme o calendário da Secretaria de Estado da Educação (Sedu). A 4ª série foi criada pelo governo a fim de amenizar os prejuízos causados à educação pela pandemia.

O projeto é do governo e a princípio previa uma bolsa no valor de R$ 400. Porém, ao chegar à Assembleia para ser votado, o deputado Fabrício Gandini (Cidadania) protocolou uma emenda dobrando o valor do auxílio, o que gerou a primeira derrota do governo em votações na Ales neste ano.

Mesmo contra a orientação da liderança do governo, Gandini – que até então era da base aliada – insistiu na emenda e, no voto, venceu. Por 13 votos (alguns da base) contra 12, a emenda foi aprovada no último dia 15. No dia seguinte, Gandini anunciou que estava deixando a base aliada.

Na última segunda-feira (27), o projeto foi aprovado, à unanimidade, pelos deputados, que também seguiram a orientação da liderança do governo na Ales para aprová-lo com a emenda.

Na ocasião, deputados aliados disseram que o governador poderia tomar três decisões: vetar totalmente o projeto, sancionar o projeto na íntegra ou ainda sancionar o projeto e vetar o artigo do valor, enviando um novo para ser votado na Assembleia.

Aceno a Gandini

Ontem (28), durante a apresentação do Planejamento Estratégico, o governador foi questionado pela coluna De Olho no Poder sobre o projeto e sobre a situação de Gandini. Ele sinalizou que quer o deputado na base aliada.

“O Davi Diniz (chefe da Casa Civil) tem conversado com ele (Gandini), nós temos uma história de relacionamento com o Gandini. Eu já disse que os deputados têm autonomia para tomar a decisão que achar mais adequada para os seus mandatos, mas não tem um fato que possa levá-lo para a oposição”, disse Casagrande.

O governador disse ainda que o “histórico” entre os dois pesaria mais do que qualquer problema pontual. “Ele (Gandini) pode ir para a oposição por uma decisão política, mas não por fatos ocorridos, porque aquilo que a gente tem de histórico de relacionamento é muito superior a qualquer problema eventual e pontual que possa ter”, afirmou.

O partido presidido pelo deputado, o Cidadania, sempre caminhou com o PSB e foi um aliado de primeira hora do governo. Tanto que Gandini já foi vice na chapa de Casagrande à reeleição em 2014.

Ao anunciar que estaria fora da base, Gandini citou suposto desprestígio que estaria sofrendo – ele e seu partido – por parte do governo. Mas a eleição municipal do ano que vem, mais precisamente a disputa pela Prefeitura de Vitória, também teriam pesado nesse levante do deputado.

Desde o episódio da votação da emenda, interlocutores do governo têm dito que querem reconstruir a relação com Gandini para que ele continue na base aliada. A aceitação da emenda do deputado, mesmo sendo imposta às custas de uma derrota para o Palácio Anchieta, parece ser o primeiro passo para isso.

 

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