Disputa na Câmara de Vitória até para ser representante em conselho
Além de tratar sobre possível aumento de cadeiras e do salário dos vereadores, a reunião a portas fechadas com os vereadores de Vitória também teve como pauta a resolução de um imbróglio na bancada do G-3 da direita – o grupo formado pelos parlamentares Davi Esmael (PSD), Leonardo Monjardim (Patriota) e Luiz Emanuel Zouain (sem partido) que têm se aliado nas pautas ideológicas de direita e extrema-direita.
Os três queriam representar a Câmara no Conselho de Políticas Urbanas de Vitória, porém, só havia vaga para um. Davi defendeu que a vaga deveria ser do presidente da comissão da Câmara que trata sobre o tema. Ou seja, dele, uma vez que ele preside a Comissão de Políticas Urbanas, Mobilidade, Obras e Serviços da Casa.
Já Luiz Emanuel, que é vice-presidente da mesma comissão, defendeu ser ele o indicado, uma vez que teria afinidade com as pautas. Monjardim não faz parte da comissão, mas disse ter como pauta a busca por cidades inteligentes e também colocou o nome na disputa. O presidente, então, teve de fazer uma eleição.
“Quando mais de um nome se apresenta, cabe a mim ser o mais democrático possível e não há procedimento mais democrático que a eleição”, disse o presidente, Leandro Piquet, convocando todos os vereadores para decidir, embora Davi tivesse pleiteado que a votação fosse só entre membros do colegiado.
Foi um voto para Luiz Emanuel (o dele mesmo), dois para Davi (o dele e o de Duda Brasil) e 10 votos – o presidente não vota e Karla Coser se absteve – foram para Monjardim, que será o representante da câmara no conselho.
Nos bastidores, Davi não teria ficado nada satisfeito com o resultado da eleição. Mas a votação pode não ser sobre ele, mas um recado para a prefeitura.
Retaliação ou inferno astral?
O líder do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) na Câmara de Vitória é o vereador Duda Brasil (União), mas por muitas vezes e já há algum tempo, Davi Esmael tem tomado as dores do prefeito no Legislativo e feito defesas tão contundentes que muitos parlamentares já se perguntaram se ele tinha assumido o lugar de Duda.
E isso acontece desde quando ele ainda era presidente e não muda ainda quando perde uma votação no plenário. Um dia após ter sido derrotado no voto em seu projeto Escola sem Partido, com praticamente toda a base aliada do prefeito votando contra, Davi posou ao lado do prefeito, defendendo um programa lançado por Pazolini, conforme mostra registro nas redes sociais do vereador.
Acontece que alguns vereadores da base aliada têm reclamado, pelos corredores da câmara, que estão se sentindo desprestigiados pelo prefeito. E uma forma de mandar o recado da insatisfação da base ao prefeito seria despejar tudo em cima de Davi, que tem personificado a defesa do prefeito na Casa.
Comissão foi alvo de disputa
Na sessão que elegeu o comando das comissões permanentes da Câmara de Vitória também houve disputa e confusão na eleição da Comissão de Políticas Urbanas, Obras e Serviços, conforme noticiou a coluna. Monjardim teria pedido para participar do colegiado e, segundo ele, até combinado com o líder do prefeito, mas não foi atendido.
Aloísio Varejão também ficou indignado por ter ficado de fora. Segundo falou na sessão, teria sido a única comissão que ele havia pedido para entrar, por ter ajudado a fundá-la e porque o colegiado fiscaliza as obras da prefeitura. Mas Davi Esmael virou o presidente.
Por ter ficado de fora, Varejão impôs uma derrota inédita ao Executivo. Votou contra a própria chapa e entregou o comando da Comissão de Segurança para a oposição, que elegeu André Moreira (Psol) como presidente e Karla Coser (PT) como vice.
O que tem de tão especial?
No site da prefeitura, o Conselho de Políticas Urbanas é descrito como a “instância de manifestação quanto às dúvidas e recursos relativos à legislação urbanística de Vitória, o Plano Diretor Urbano (PDU)” e é formado por representantes do setor produtivo, das comunidades e do poder público.
“O Conselho se manifesta quanto a pedidos de recurso relacionados à aplicação da lei, as decisões da Comissão Técnica para Análise de Impacto Urbano (CTA) e à aprovação de Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV), funcionando como segunda instância nesses casos”, diz a descrição.
Só para servir de exemplo, foi a ausência de um EIV, alegado pela prefeitura, que gerou atrasos na obra do aquaviário e um impasse entre a Prefeitura de Vitória e governo do Estado. Tanto a Comissão quanto o Conselho de Políticas Urbanas são colegiados de extrema importância e geram visibilidade e até um certo poder aos seus componentes.
***
Prefeito de Ibatiba vai assumir a Amunes
O prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo (sem partido), aliado de primeira hora do governador Renato Casagrande (PSB), vai assumir a presidência da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes). Ela encabeça uma chapa única para a eleição que ocorrerá no próximo dia 31.
Pingo é o atual vice-presidente da Amunes e conta com o apoio do hoje presidente da associação – o prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB) – na empreitada. Coelho poderia se candidatar à reeleição, mas disse ter optado em focar no mandato nesses últimos dois anos de gestão.
“Luciano Pingo foi meu vice e teve meu apoio na composição e articulação para chapa de consenso. Foi decisão minha não vir para reeleição e dedicar os dois últimos anos de mandato à minha cidade. Mas a nova diretoria tem meu total apoio e poderá contar comigo no que for preciso para fortalecer a pauta municipalista”, disse Coelho à coluna.
A chapa ainda conta com o prefeito de Pancas, Sidiclei Andrade, como vice; o prefeito Gedson Paulino (Iconha) como tesoureiro e o prefeito Gutim Astore (Marilândia) como secretário. “Gratidão aos membros da chapa Unidade Municipalista. Temos muitos desafios pela frente, na defesa do municipalismo forte”, escreveu Pingo em comunicado à imprensa. O mandato vai até 2025.
***
Sessão solene lembra 20 anos do assassinato do juiz Alexandre Martins
A Assembleia faz nesta quinta-feira (23), por iniciativa do deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), sessão solene para entrega da comenda “Juiz Alexandre Martins de Castro Filho”. Amanhã, completa-se 20 anos que o jovem magistrado, de 32 anos, foi assassinado a tiros, em Vila Velha.
O pai do juiz, o advogado Alexandre Martins de Castro, será um dos homenageados com a comenda. Outras 29 pessoas, incluindo o desembargador Pedro Valls Feu Rosa – que esteve à frente do caso no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado, também recebem a comenda.
No dia 24 de março de 2003, o juiz Alexandre chegava a uma academia em Itapoã, Vila Velha, pouco antes das 8h, quando foi abordado por dois homens numa moto que o acertaram com três tiros. Alexandre chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
As investigações apontaram que a morte do juiz, que atuava na Vara de Execuções Penais e integrava uma força-tarefa de combate ao crime organizado no Estado, foi encomendada e sete pessoas – entre executores, intermediários e mandante – cumprem pena pelo crime. Apenas um juiz aposentado, apontado como um dos mandantes, não foi julgado ainda.
Ministro Luiz Fux no Estado
Na mesma sessão, os ministros Luiz Fux, do STF, e Sebastião Reis Júnior, do STJ, além do conselheiro do CNJ Richard Kim Pae receberão a Comenda Domingos Martins, conferida pela Assembleia Legislativa. Os três chegam ao Estado para participarem das comemorações do aniversário da OAB-ES, amanhã.