Em julho do ano passado, quando o ex-prefeito de Vitória Luciano Rezende (Cidadania) foi questionado pela coluna De Olho no Poder sobre sua participação na eleição de outubro – já que seu nome era ventilado para disputar o Congresso e até para ser vice na chapa de Casagrande – ele descartou: “Resolvi não disputar a eleição neste ano”, ele disse à época.
Justificou que iria se dedicar a atividades pessoais e profissionais, como dar aulas na Escola de Serviço Público do Espírito Santo (Esesp), dar consultorias e voltar às atividades médicas, já que é concursado da Prefeitura de Vitória.
Porém, ao ser indagado se a decisão significaria uma “aposentadoria” das urnas, Luciano foi enfático e frisou que a decisão era específica: “É uma decisão relacionada a esse ano, a essa disputa eleitoral”. E desconversou quando o assunto foi para 2024, dizendo que “as decisões são tomadas a seu tempo”.
Pois bem. Ao que tudo indica, esse “tempo” chegou. Depois de um longo período mergulhado, longe dos debates eleitorais – tendo vindo à superfície apenas para declarar apoio ao governador Renato Casagrande (PSB) no segundo turno da campanha do ano passado –, Luciano reaparece e já está na pista para negócios.
Ele se reuniu com o deputado e presidente da federação PSDB/Cidadania, Vandinho Leite (PSDB) na quarta-feira (15), que descreveu a conversa com o ex-prefeito como “promissora”. “ Impossível não falar de gestão pública e um pouquinho de política, ainda mais com Luciano, que tem uma baita experiência e muito a contribuir com Vitória e com o Espírito Santo”, escreveu Vandinho em sua postagem no Instagram.
Vandinho não citou que Luciano seria o candidato a prefeito. Mas, logo abaixo, num dos primeiros comentários, um internauta diz: “Do jeito que as coisas andam, Luciano Rezende vai voltar a ser prefeito de Vitória em 2025”. E o comentário, vejam só, foi curtido pelo ex-prefeito.
Luciano deixou a prefeitura em 1º de janeiro de 2021, após dois mandatos à frente da capital. Na tumultuada eleição de 2020, marcada por pandemia, operação policial e ataques entre os candidatos com golpes abaixo da linha da cintura, Luciano não conseguiu fazer seu sucessor.
O deputado Fabrício Gandini (Cidadania), apoiado por Luciano, não foi para o segundo turno e a disputa ficou entre o ex-prefeito João Coser (PT) e o então deputado Lorenzo Pazolini (Republicanos). Deu o segundo.
A estratégia da federação
Numa reunião realizada na semana passada, a cúpula da federação definiu que o grupo vai lançar candidato a prefeito de Vitória no ano que vem e que em todos os municípios serão oposição às candidaturas do PT.
Pelo menos cinco nomes são ventilados como possíveis cotados na disputa pela prefeitura da capital: os deputados Fabrício Gandini (Cidadania) e Mazinho dos Anjos (PSDB), o ex-deputado Sergio Majeski (PSDB) e os ex-prefeitos Luiz Paulo (PSDB) e Luciano Rezende (Cidadania).
O vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB), que também tinha o nome ventilado como possível candidato, vai ajudar na construção de um nome de consenso da federação, segundo Vandinho. “Eu e Ricardo Ferraço temos um papel de ajudar nessa construção. Temos hoje: Luciano, Luiz Paulo, Majeski, Gandini e Mazinho”.
Questionado sobre a disposição de Luciano em disputar, o deputado se esquivou, mas deixou pistas: “Ele está junto conosco no propósito da federação de encontrar um nome de consenso, que seja viável e represente segurança de boa gestão na capital. Luciano está cuidando da vida dele, mas se ele for o mais viável, vamos trabalhar para ele aceitar ser candidato. Se for o Luiz Paulo, faremos o mesmo”, disse Vandinho.
Apoio do governador
O propósito do consenso não é só para lançar um nome para disputar a Prefeitura de Vitória representando a federação. O grupo quer estar unido e coeso para atrair também o apoio do governo para o grupo.
A leitura que o grupo faz é que uma demonstração de união e força poderia transmitir a confiança necessária para receber a benção do Anchieta e derrotar uma eventual candidatura à reeleição de Pazolini e também uma tentativa de volta ao poder do PT.
Hoje, por conta da aliança nacional, a tendência é que o PSB – partido do governador – apoie uma candidatura do PT na disputa pela Prefeitura de Vitória. Casagrande não tem antecipado o debate municipal, mas nas poucas declarações que deu sobre o assunto sinalizou que a decisão de apoio partidário será exclusiva do PSB e que ele tende a ficar neutro, por conta dos inúmeros aliados que estarão disputando.
Mas, a federação vai insistir no apoio e pode usar, para isso, a proximidade de Luciano com o governador. “Senti o Luciano muito próximo do governador e somos a federação que tem o vice-governador. Acredito que temos chances dessa união”, disse Vandinho.
Luciano foi procurado pela coluna, mas preferiu não comentar. Nos bastidores, assim como Vandinho, ele acredita que o governador poderia apoiar o movimento da federação, caso cheguem a um consenso.
Nem tão nos bastidores assim, já que acabou se entregando na “curtida” da postagem na rede social que cita seu nome como futuro prefeito, Luciano estaria sim disposto a concorrer novamente. Mas tendo a garantia da viabilidade, o que seria proporcionada com o apoio do Palácio Anchieta.
Em tempo: na semana que vem, Vandinho vai conversar com Luiz Paulo e Majeski para saber também sobre o interesse pela Prefeitura de Vitória. Mazinho já disse que é candidatíssimo e Gandini também.
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