O PSB nacional deu o start, em reunião da Executiva nacional que ocorreu na semana passada, às negociações para fechar uma federação com o PDT e com o Solidariedade mirando as eleições do ano que vem e de 2026.
Foi decidido na reunião – que contou com a participação do governador Renato Casagrande, secretário-geral do partido – que o presidente nacional socialista, Carlos Siqueira, vai comandar as negociações com os demais partidos e também regionalmente. Depois de tomar ciência de como irá ficar o cenário em cada estado, o partido vota se fecha ou não a federação.
No Estado, o debate ainda não começou, mas os dirigentes partidários já estão se movimentando. “Não houve diálogo com as estaduais ainda, essa debate ainda está no nível das executivas nacionais que na próxima terça-feira (14) fazem uma reunião. Mas, recebemos com entusiasmo e confiança e como importante conquista para o País e para o Estado. São partidos historicamente aliados e com grande sintonia em suas bandeiras defendidas”, disse o presidente do PDT estadual, Weverson Meireles.
O presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, também se mostrou favorável. “Eu não analisei ainda o cenário, vou começar a fazer isso na semana que vem. Mas, uma vantagem que já posso dizer, de pronto, é a questão do fundo partidário. Por conta da eleição, nós tivemos uma redução do fundo que caberia a nós, se juntar dos três partidos vai ficar melhor, porque vai ter mais recursos e cada partido, pra formar a chapa, vai precisar de um número menor de pessoas, então, vai facilitar”.
Segundo Gavini, os três partidos são bastante parecidos ideologicamente e em tamanho, embora em terras capixabas, o PSB seja maior que o PDT e o SD. O PSB tem, por exemplo, além do governador do Estado, 16 prefeitos, 12 vices, 128 vereadores, um deputado federal e três estaduais. O PDT conta com 6 prefeitos, 3 vices, 54 vereadores, nenhum deputado federal capixaba e dois estaduais. Já o SD tem 3 prefeitos, 4 vices e 37 vereadores.
Ainda que seja interessante, nacionalmente, reunir as três legendas, pois aumentaria a bancada federal e, consequentemente, os recursos e tempo de TV para as próximas eleições, a federação, caso vingue, pode esbarrar em interesses locais. Pois não é em todo estado ou município que as três siglas caminham juntas. Aqui no Estado mesmo, há interesses divergentes em jogo.
Questão Serra
A coluna já noticiou que a disputa pela Prefeitura da Serra está movimentando o mercado político. O prefeito Sergio Vidigal (PDT) anunciou que não irá disputar a reeleição – muitos líderes da Serra duvidam –, e que irá indicar um sucessor.
Ele deu sinais de que o sucessor será do seu partido, uma vez que citou que o PDT tem um legado e um projeto no município. Ainda que tenha passado a presidência do PDT para Weverson, Vidigal é a maior liderança do partido.
Pois bem. O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Bruno Lamas (PSB), também tem interesse em disputar a prefeitura. Embora em 2020 não tenha tido um bom desempenho – Bruno ficou em quinto lugar, com 5,13% dos votos válidos – o socialista espera contar com o apoio do governo para a disputa, ou seja, o apoio do PSB, que já é hoje aliado de Vidigal.
Ele, por sua vez, vê com preocupação a federação. “Olhando para o cenário capixaba, não vejo motivos nem ganhos políticos para o PSB. Pelo contrário, exige muito diálogo e arranjos, especialmente com o PDT. Mas no cenário federal, onde as coisas realmente acontecem, a federação fortalece os três partidos que tiveram baixas consideráveis em suas bancadas no Congresso Nacional”.
Bruno é um dos que não acreditam que Vidigal não disputará a reeleição. “Pra mim ele é candidatíssimo”. Mas, no caso do pedetista querer fazer um sucessor, Bruno se coloca no jogo: “Ele pode fazer um sucessor da federação, estamos no páreo”.
Sendo o maior partido, o PSB deve presidir a federação no Estado, mas apoiaria Bruno a contragosto de Vidigal? E Vidigal abriria mão do PDT estar à frente da maior prefeitura do Estado?
solidariedade com muribeca?
A disputa na Serra não se resume a Bruno e Vidigal. O deputado estadual Pablo Muribeca (Patriota), por exemplo, já se colocou no jogo e tem feito uma oposição ferrenha ao atual prefeito.
Mais do que isso, ele já tem conversado com outros partidos, entre eles o Solidariedade – a terceira perna da federação – para se viabilizar na disputa pela prefeitura, segundo o presidente do SD capixaba, Douglas Pinheiro.
“Sou a favor (da federação). Acredito que a federação nos fortalece no cenário político. Porém, será fundamental ampliar o diálogo para alinharmos os interesses regionais de cada um, a modo que a federação tenha um bom desempenho, mas que também sejam respeitados os projetos de cada partido. O Solidariedade, por exemplo, está em conversas avançadas para apoiar o projeto do deputado Pablo Muribeca à Prefeitura da Serra”, disse Douglas.
O dirigente ainda valorizou o “passe” do partido: “Temos que acolher os interesses de cada partido que irá compor essa federação. Hoje, o Solidariedade no Espírito Santo se enquadra entre os 10 partidos com o maior número de mandatários, mesmo não tendo representante na Assembleia Legislativa e deputado federal eleito pelo Estado”.
“Só nos resta analisar os impactos”
Gavini lembrou que a decisão será nacional. “Não vai ter muito peso a posição dos municípios e dos estados. Se nacionalmente for decidido, cabe a nós apenas analisar e gerir os impactos. Sabemos que regionalmente vai ter um monte de problema, mas se os partidos forem olhar para todas as coisas locais, não fecha”.
Sobre a questão da disputa na Serra, Gavini disse que “na política, não se antecipa problemas”. “Cada caso é um caso, teremos de avaliar na época. E pode ser que lá em cima não se entendam, que não fechem a federação. Então, precisamos esperar”, disse o presidente socialista.
A secretária estadual da Mulher, Jacqueline Moraes (PSB), também participou da reunião da Executiva. Ela está otimista. “Aparentemente há consenso interno sobre a federação, mas ainda terá uma conversa do presidente com a Executiva Estadual. PSB e PDT fizeram várias parcerias pelo Estado e somos aliados do prefeito Sergio Vidigal”.
Jacqueline disse ter ciência das dificuldades, por conta dos projetos em cada município, mas aposta no diálogo. “De cara, formarão bancada forte e atuante no Congresso Nacional, em defesa da democracia socialista e combate ao ultraconservadorismo, que tantos males causam”.
Por que não com o PT?
Gavini foi questionado sobre o motivo do PSB capixaba ser favorável a uma federação com o PDT, mas ter sido contra o mesmo arranjo com os petistas. No início do ano passado, ainda na pré-campanha, o PSB e o PT chegaram a ensaiar uma federação, mas não deu certo. PT fechou federação com PV e PCdoB e o PSB coligou, indicando o vice na chapa de Lula.
“A federação com o PDT agora é interessante porque nossos partidos são mais ou menos do mesmo tamanho. Se tivéssemos na federação com o PT, por exemplo, que é maior que a gente, o Foletto não teria sido eleito (à Câmara Federal). Nós ficaríamos pequenos. Pra nós, foi vantagem ficar fora da federação. Agora com o PDT nós somos próximos, temos as mesmas dificuldades de partidos de centro-esquerda”, disse Gavini.
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