Dois vereadores de Vitória correm o risco de perder o mandato

Armandinho e Chico Hosken: na berlinda

O corregedor-geral da Câmara de Vitória, Leonardo Monjardim (Patriota), admitiu a tramitação do processo que pede a cassação do mandato do vereador Chico Hosken (Podemos) por quebra de decoro. É o segundo parlamentar da Casa que vira alvo de processo de cassação e corre o risco de perder o mandato nessa legislatura.

A decisão foi tomada numa reunião extraordinária convocada pelo corregedor para a tarde desta quinta-feira (27). Ontem, Monjardim já havia decidido pela continuidade do processo que pede a cassação do vereador Armando Fontoura, também por quebra de decoro.

Chico Hosken é suplente de Armandinho e assumiu a cadeira após o vereador ser preso e afastado do cargo pela Justiça. Porém, Chico virou alvo de uma representação do segundo suplente, que o acusa de ter quebrado o decoro por, supostamente, fazer parte de uma armação para tirar o mandato de Armandinho.

A representação contra Chico foi protocolada pelo cantor Neno Bahia (Podemos). Ele se baseia nas palavras do empresário Sandro Luiz da Rocha, que é o autor da representação contra Armandinho, mas alega ter sido induzido ao erro ao assinar o documento.

Desde o último dia 5, Sandro afirma não ter assinado pedido de cassação do mandato de Armandinho, mas sim um requerimento de audiência pública, que ele teria assinado sem ler.

O pedido para assinar o documento partiu do assessor parlamentar Washington Gomes Bermudes, que é servidor comissionado do gabinete de Chico Hosken. Ontem, ao ser ouvido pela Corregedoria, Sandro repetiu a versão – que não convenceu os corregedores – e confirmou o nome do assessor.

“Dos fatos amplamente divulgados se observa que existem indícios da prática de atos que violam o decoro parlamentar supostamente praticados por assessores do vereador Chico Hosken e que indicam a necessidade de apuração dos fatos, haja vista que o mesmo é a pessoa beneficiada com a cassação do mandato do vereador Armandinho Fontoura, do partido Podemos”, escreveu Neno, na representação protocolada na Câmara.

Assessor prestará depoimento

Ao admitir a tramitação da representação, Monjardim avaliou que o processo atendia aos requisitos mínimos (legitimidade do autor, fato ocorrido na legislatura e identificação do vereador alvo) e já marcou para a próxima semana uma oitiva para ouvir o assessor do vereador Chico Hosken.

Washington foi nomeado secretário de gabinete parlamentar no dia 17 de janeiro, uma semana após Chico Hosken tomar posse. De acordo com o Portal de Transparência da Câmara de Vitória, no mês de março, o salário do servidor foi de R$ 4.164,43 mais uma gratificação de motorista, no valor de R$ 650. Ele será ouvido na próxima terça-feira (02), às 14 horas.

O sorteio do relator foi adiado, uma vez que foram levantadas dúvidas se as duas representações têm conexão e por isso seriam um único processo com uma só relatoria – no caso, a da vereadora Karla Coser (PT), que já é relatora da primeira representação – ou se as duas representações caminhariam separadas.

Monjardim chegou a consultar a Procuradoria, mas decidiu pelo adiamento até porque outros membros da Corregedoria – a Karla, por exemplo – não estavam presentes.

“Estou tranquilo”

O vereador Chico Hosken tem evitado se manifestar sobre o caso. Logo que terminou a sessão, a coluna De Olho no Poder entrou em contato com ele e sua única fala foi no sentido de afirmar que está tranquilo.

“Estou hiper tranquilo. Sei que não tem nada contra a minha pessoa, então tem que aguardar o desenrolar das coisas porque até agora são só suposições”, disse.

Questionado se o assessor continuaria atuando em seu gabinete ou se o empresário Sandro Rocha estaria mentindo sobre o depoimento que prestou ontem, Chico desconversou: “Eu não quero falar nada sobre isso. Falo sobre mim, estou bem e tranquilo”, respondeu, encerrando a ligação logo após. A coluna não conseguiu o contato do assessor.

Armandinho está preso desde o dia 15 de dezembro, sob determinação do STF, acusado de supostamente integrar uma milícia digital privada; disseminar fake news e ainda atacar instituições e seus membros.

LEIA TAMBÉM:

Após ouvir empresário, corregedor define hoje se aceita processo de cassação contra vereador Chico Hosken