Se depender do secretário-geral do PP e presidente da sigla em Vitória, Marcos Delmaestro, o Progressista continua na base aliada do governo do Estado. Em conversa com a coluna De Olho no Poder, Delmaestro disse que não vai medir esforços para manter o partido dentro do Palácio Anchieta.
“Vou colocar todo o meu empenho para que o PP fique na base aliada do Renato (Casagrande). Vou trabalhar para isso”, disse o dirigente, ao repercutir a entrevista exclusiva que o governador Renato Casagrande (PSB) deu à coluna, ontem, afirmando que partiu do PP o distanciamento no diálogo com o governo. A fala veio após, também, o vereador de Vitória Anderson Goggi (PP) declinar do convite do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) para fazer parte da gestão.
Delmaestro disse que não teve influência – e descartou qualquer tipo de pressão – na decisão de Goggi. O vereador, por nota, justificou que o tempo em que atuaria como secretário, até se desincompatibilizar para disputar a reeleição ano que vem, seria curto para mostrar trabalho.
“Acredito que o período de oito meses, estipulado para minha possível gestão na secretaria, seria insuficiente para realizar um trabalho de excelência e promover transformações significativas para a cidade e para o ecossistema cultural capixaba. Entendo que é necessário um tempo mais amplo para planejar e implementar ações que realmente atendam às demandas e necessidades da cultura”, escreveu Goggi.
O diretório municipal não vai indicar outro nome e Delmaestro quer se dedicar agora a fazer reuniões de “convergência” para tentar unir os dois grupos que praticamente racharam a legenda: os que querem continuar no governo Casagrande e os que dão sinais de quererem outro rumo. Ontem, o governador sinalizou que se o PP deixar a base aliada também perde a representação que tem no governo.
Para Delmaestro, que é assessor especial da Casa Civil do governo do Estado, o assunto do convite está encerrado. Porém, para o PP, não. A possibilidade do partido integrar a gestão de Pazolini volta para o “andar de cima”, de onde, na verdade, partiu.
Os bastidores do convite
No dia 27 de março, a coluna noticiou que os deputados federais Da Vitória e Evair de Melo, ambos do PP, almoçaram com o prefeito Pazolini. Era o início de uma aproximação partidária, visando as eleições do ano que vem e principalmente as de 2026.
Na época, Pazolini não estava bem com a cúpula do seu partido e começaram os burburinhos de que ele poderia se filiar ao PP para disputar a reeleição – caso o Republicanos não lhe desse legenda. O então presidente estadual do PP, Marcus Vicente, disse que não tinha conhecimento nem do almoço e nem das articulações políticas por trás.
Pois bem. Dois dias depois dessa movimentação vir a público, Goggi, que é vice-presidente do PP da Capital, subiu à tribuna da Câmara de Vitória e fez um discurso indignado endereçado, principalmente, a Pazolini.
“Na política nós temos que aprender a respeitar a base. Quem está achando que vai chegar ao PP pelo telhado, vai cair”, disse Goggi, sob os olhos e ouvidos atentos de Delmaestro que calhou de, naquele dia, ir visitar a Câmara de Vitória. O recado foi de que eles queriam ser consultados na construção de alianças com o PP local.
Em abril, Da Vitória foi nomeado, pela Executiva nacional, para comandar o PP no Estado e continuou com as conversas de aproximação com Pazolini, que se reconciliou com seu partido após abrir espaço para o Republicanos na gestão. Foi daí que surgiu o convite para o PP fazer parte da administração e Da Vitória incluiu na conversa o diretório municipal, com Delmaestro e Goggi.
Como o convite surgiu por meio de uma articulação do deputado, com a recusa de Goggi, deve voltar para ele. Nos bastidores, há a possibilidade de Da Vitória indicar um nome para compor a gestão Pazolini, uma vez que está em curso, conforme já noticiado pela coluna, a construção de um bloco com PP, PL e Republicanos visando as eleições de 2024 e 2026. Uma eventual entrada do PP no 1º escalão da Prefeitura de Vitória selaria o apoio da legenda a Pazolini na disputa à reeleição.
Por que Goggi recuou?
Na nota que enviou à imprensa, Goggi agradeceu o convite feito pelo prefeito para integrar a gestão e deu como justificativa o curto tempo que teria para desenvolver um “trabalho de excelência” à frente da Secretaria da Cultura.
Mas, em entrevista para a coluna nessa semana, Goggi disse que colocou para o prefeito algumas “condições” para assumir a pasta. A primeira seria ter autonomia para formar sua equipe e colocar sua marca na gestão. E a segunda seria que o seu primeiro suplente, Baiano do Salão (PTB), não assumisse sua cadeira na Câmara.
A proposta de Goggi era do prefeito levar Baiano do Salão para outro cargo na prefeitura para que, assim, deixasse livre o espaço para o segundo suplente, Ronalt Ribeiro, aliado de Goggi, assumir. Mas, em entrevista para a coluna, Baiano do Salão descartou abrir mão da vaga na Câmara, tendo, inclusive, transmitido seu posicionamento para o prefeito.
Há nos bastidores dos Legislativos um acordo de cavalheiros de que quando o titular deixa a cadeira para assumir um posto no Executivo, o suplente se compromete a manter parte da equipe do titular no gabinete. No caso de Goggi e Baiano, por conta da rixa entre os dois, não seria possível esse combinado e Goggi teria dificuldade, caso aceitasse ser secretário, de emplacar toda sua equipe na prefeitura.
Quanto a uma pressão por parte do diretório para Goggi desistir, Delmaestro nega. Diz que ficou sabendo pela imprensa da recusa do convite de Goggi e que enquanto dava entrevista à coluna, aguardava para conversar com o vereador.
Pausa
As articulações do PP tendem a pausar nos próximos dias por força de eventos fora da política. O secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Marcus Vicente, está com Covid e se encontra em isolamento, se recuperando em casa. Já o presidente estadual do PP, deputado federal Josias da Vitória, perdeu o pai, ontem (25), e está de luto.
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