PSB recua e já discute lançar candidato a prefeito de Vitória

Em março deste ano, ao ser questionado pela coluna De Olho no Poder sobre os planos do PSB em Vitória, o presidente estadual da legenda praticamente descartou a possibilidade de encampar uma candidatura própria na capital.

“Provavelmente, não teremos candidato a prefeito de Vitória. Não é uma definição ainda, mas a gente vai estudar”, disse Alberto Gavini à época.

Ele chegou a dizer que a aliança com o PT pesaria na decisão e que o deputado João Coser, o cotado do Partido dos Trabalhadores para a disputa, seria “um bom companheiro”, sinalizando a possibilidade de apoio.

Mas, nesses três meses que se passaram, ganhou força dentro do PSB – principalmente por parte do diretório municipal de Vitória – a defesa por uma candidatura própria na capital. Na verdade, o anúncio do presidente estadual de que o partido poderia não ter candidato próprio jogou um balde de água fria nos militantes e foi visto como “precoce” no mercado político.

Afinal, o PSB é o partido do governador, do vice-presidente da República, fez três deputados na Assembleia e um na bancada federal capixaba. Tem peso e voz no Estado e nada explica se retirar do jogo antes mesmo de iniciar a partida. Até porque é do interesse do governo do Estado ter um aliado à frente da Prefeitura de Vitória.

De lá para cá, os diretórios estadual e municipal alinharam a estratégia – e o discurso – e definiram que o projeto do PSB será o de ter candidato. E, entre os socialistas, dois nomes já despontam como favoritos para concorrer: o deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB) e o secretário estadual de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno (PSB).

“Nós não tomamos decisão ainda, mas o PSB pode ter um candidato. O Tyago pode ser o candidato, podemos cacifá-lo para isso”, disse Gavini, dessa vez. O presidente do PSB de Vitória, Fabrício Pancotto, fez coro:

“Estamos seguindo o nosso planejamento, fazendo os encontros da ‘Caravana do PSB Vitória’ pelas regiões da cidade, trabalhando as pré-candidaturas do Tyago Hoffmann e do Fábio Damasceno. Esses são os nossos nomes e a gente está decidindo para ver quem será o candidato a prefeito”.

O PSB deve lançar um documento que pode, lá na frente, servir como programa de governo. “O PSB Vitória é um partido orgânico, que tem projeto para nossa Capital e está elaborando um programa com 40 propostas para a Vitória do futuro”, disse o dirigente.

Cotados aceitam o desafio

O deputado Tyago Hoffmann, que na Ales é o vice-líder do governo, disse que é um soldado do partido e se colocou à disposição para concorrer. Avisou, porém, que não embarcará em aventura, encarando uma candidatura isolada apenas para o partido ter um palanque.

“Eu sou um soldado do partido, sou soldado do projeto que o governador lidera. Se for importante ser candidato, eu não me escondo, desde que seja um projeto para a cidade de Vitória. Mas, eu não entro em aventura, em candidatura isolada, não sou candidato por mim mesmo. Só serei candidato se for uma candidatura do projeto do PSB e do governador”, disse Tyago à coluna.

Damasceno também se colocou à disposição do projeto, embora tenha enfatizado que sua atenção agora está voltada à pasta que comanda: “As eleições serão somente no ano que vem e muita coisa ainda pode acontecer. No momento, meus esforços estão 110% dedicados em entregar as atuais e futuras ações e obras de mobilidade da Grande Vitória. Ainda não é o momento de definir isso, mas estou à disposição do partido para colaborar com as discussões sobre nossa cidade”.

Sérgio Sá também é lembrado

Weverson, Sérgio Sá, Zé Esmeraldo e Vidigal em ato de filiação ao PDT

O ex-prefeito de Vitória e ex-candidato à prefeitura na eleição passada pelo PSB também foi lembrado. No ano passado, Sérgio Sá se filiou ao PDT numa construção de grupo liderada pelo governador. Ele foi para fortalecer a chapa federal pedetista, mas sua identificação sempre foi com o PSB, que agora cogita a possibilidade dele voltar ao ninho socialista.

“Temos outros nomes para disputar a Prefeitura de Vitória pelo PSB, como o Sergio Sá, que está no PDT e pode retornar ao PSB no momento certo, se for necessário”, disse Gavini.

Tyago também confirmou a possibilidade: “Vejo com naturalidade o retorno dele. A casa dele é o PSB e o PSB tem interesse que ele retorne. É um quadro político e técnico, mas até em respeito ao PDT, nós vamos dialogar antes”.

Já Pancotto, abriu as portas do diretório municipal para o retorno de Serginho, mas colocou o pé na porta com relação à possibilidade dele concorrer à Prefeitura de Vitória.

“Nós temos carinho e amizade pelo Sérgio Sá, se ele quiser retornar ao partido para contribuir como filiado ou até mesmo ser candidato a vereador como já foi, as portas estão abertas, mas não existe nenhuma conversa com ele nesse sentido (disputar a prefeitura). Nós não vamos filiar ninguém para ser nosso candidato a prefeito. Será Tyago, Fábio ou até mesmo eu, não existe essa hipótese de alguém de fora”, disse o presidente municipal.

Questionado, Sergio Sá não respondeu se tem intenção de disputar a prefeitura, mas disse que irá participar do processo eleitoral. “Meu objetivo é voltar a contribuir com Vitória, portanto farei parte de um grupo político que irá participar do debate eleitoral em 2024”.

Candidato tira governador de saia-justa

Além de tudo que envolve ter um candidato na corrida eleitoral – que vai desde a visibilidade e a valorização do passe da legenda até a possibilidade de governar a capital do Estado –, o PSB pode resolver um problemão que se avizinha para o governador.

Com um candidato próprio, o apoio do governador e do PSB passa a ser para ele. Mas, sem esse candidato, aumenta a pressão – principalmente em cima do governador – para que ele apoie um dos aliados.

E com tantos aliados na corrida eleitoral, principalmente em Vitória, escolher um em detrimento do outro tem potencial para gerar insatisfações na base e colocar em risco a governabilidade de Casagrande.

O governador já disse que no caso de ter dois aliados na disputa, irá manter a neutralidade, mas isso não impede, por exemplo, a romaria de eventuais candidatos da base ao Palácio Anchieta em busca de apoio – como o registrado ontem pela coluna –, o que coloca Casagrande numa sinuca de bico.

Porque a eleição municipal se resolve no ano que vem, mas Casagrande terá em seguida mais dois anos para governar e para tentar fazer seu sucessor. E tudo que o governo não quer é jogar aliados na oposição no último biênio da gestão Casagrande.

 

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