Num vídeo divulgado em redes sociais e grupos de conversas, o PL – representado pelo tesoureiro da Executiva estadual da legenda, pastor Carlos Salvador, e pelo deputado federal Gilvan da Federal – lançaram o deputado estadual Capitão Assumção (PL) como pré-candidato a prefeito de Vitória. Assumção preside o partido na capital.
O anúncio foi sucinto, mas cheio de alfinetadas e indiretas ao atual prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini e ao seu partido, o Republicanos. Gilvan foi o responsável por fazer o anúncio:
“Estamos anunciando o deputado estadual como pré-candidato a prefeito de Vitória. Além do prefeito olhar pela sua cidade, ele não pode esquecer da sua pátria, do seu país. Capitão Assumção é um verdadeiro guerreiro, um verdadeiro patriota e Vitória merece alguém de direita de verdade”, disse Gilvan.
Embora não tenha citado nomes, a indireta tem endereço certo: o atual prefeito e sua gestão. Na campanha eleitoral do ano passado, quando Gilvan ainda era vereador – ele teve o mandato cassado por infidelidade partidária e depois tomou posse como deputado –, ele chegou a criticar, diversas vezes, Pazolini por não se posicionar publicamente sobre a disputa presidencial. Chegou a dizer que o prefeito estaria “em cima do muro” ao não declarar o voto.
Durante a campanha, o Republicanos se autodenominou como o “verdadeiro partido conservador do Brasil” e, nos bastidores, também havia o burburinho de que Pazolini não teria ajudado na eleição de Gilvan, embora este fosse de sua base, na Câmara.
Gilvan passou a palavra para Assumção, que continuou com as alfinetadas, dizendo que o PL é o partido mais unido da República. Também não citou nomes, mas episódios recentes mostraram um racha no Republicanos envolvendo Pazolini; o presidente da Câmara de Vitória, Leandro Piquet; e o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso.
O partido não fazia parte da gestão de Pazolini e após uma reunião para aparar as arestas, foi aberto o espaço no 1º escalão para a legenda. Com a intermediação de Musso, Pazolini e Piquet também se reaproximaram, o que fez o presidente do Legislativo arquivar um pedido de impeachment contra o prefeito.
Assumção termina o seu discurso fazendo críticas à atual gestão:
“Eu quero batalhar muito para que a gente possa fazer a diferença por essa capital. Vou me empenhar, o máximo possível, para que a gente possa fazer a diferença em Vitória, que hoje está esquecida no tempo”.
Assumção está proibido pela Justiça de dar entrevistas. Carlos Salvador confirmou o lançamento, mas não informou porque o presidente estadual da legenda, o senador Magno Malta, não participou do anúncio e nem fez um comunicado sobre.
Veja o vídeo do lançamento:
Não estavam juntos?
O PL não faz parte da gestão de Pazolini, mas, até então, algumas lideranças dos dois partidos estavam conversando, já visando as eleições do ano que vem.
Embora haja, nos bastidores, um esforço do Republicanos para ampliar a base de apoio de Pazolini, o PL de Vitória já tinha deixado claro que teria candidato. Em abril, o vice-presidente da sigla, Cemir Rodrigues, falou à coluna De Olho no Poder que o partido teria candidatura própria. E, desde essa época, já tinha descartado apoiar Pazolini à reeleição.
“Não tem nenhuma possibilidade de estar com Pazolini. Há uma diretriz nacional: o PL quer lançar mil candidatos a prefeitos no Brasil todo. Somos mais da base bolsonarista, queremos dar continuidade a Bolsonaro”, justificou Cemir, à época.
Nacionalmente, os dois partidos caminham juntos e buscam formar uma trinca – juntamente com o PP – para a construção de palanques nos estados para as próximas eleições.
Questionado sobre a manifestação do PL com o anúncio de Assumção, Erick Musso, disse que está dialogando com o PL. “Estamos dialogando em vários municípios e, em Vitória, vamos manter o diálogo. É importante, nem que seja para o segundo turno”, disse o presidente do Republicanos. O partido vai apostar na candidatura à reeleição de Pazolini.
A coluna perguntou a Erick se teve algum desentendimento recente, entre PL e Republicanos, que motivasse as alfinetadas à sigla. “Não que eu saiba”, respondeu Erick. Pazolini foi procurado, mas não respondeu à coluna até o fechamento.
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