A contar pelas diversas lideranças políticas que marcaram presença na convenção estadual e os discursos em prol de parcerias e dobradinhas, o Partido Progressista é um forte candidato a ser “a noiva” da próxima eleição.
Cobiçado ele já é. E isso se mostrou na representatividade do evento, que ocorreu na manhã do último sábado (15) e elegeu o deputado federal Da Vitória para a presidência estadual. Estiveram presentes representantes dos partidos Republicanos, PSB, Podemos, Novo, PL, PDT, PSDB e União Brasil.
Muitos prefeitos também compareceram, como Euclério Sampaio (Cariacica), Wanderson Bueno (Viana) e Lorenzo Pazolini (Vitória) – que, inclusive teve espaço de fala. O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, cotado para integrar a sigla, também participou.
O presidente da Ales, Marcelo Santos (Podemos) representou o Legislativo. O chefe da Casa Civil do governo do Estado, Davi Diniz, e o vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB) representaram o Palácio Anchieta.
E, como já era de se esperar, boa parte dos discursos giraram em torno das eleições de 2024 e de 2026 e de como o PP irá se posicionar. Em outras palavras, com quem o PP irá “casar” nos próximos pleitos. Os noivos se apresentaram.
PSB quer renovar os votos
O presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, foi um dos primeiros a discursar. Falou pouco, mas o suficiente para deixar bem clara a intenção do governo com o PP: quer manter o casório, ou melhor, a parceria.
Começou elogiando o trabalho de Da Vitória na bancada e a aliança com o governo: “Quero fazer menção ao grande trabalho que Da Vitória e a bancada têm feito em favor do Espírito Santo, trazendo políticas inovadoras para o nosso Estado, apoiando o nosso governo. Tem o nosso respeito e o nosso agradecimento, deputado”.
Enfatizou que o PP está no governo e à frente de uma pasta importante – a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), com Marcus Vicente –, além de destacar a atuação do partido: “Quero destacar a grande contribuição do PP que, junto de outras siglas, nos ajudaram a colocar no comando o governador Casagrande, fazendo do nosso Estado referência em transparência, equilíbrio fiscal, desenvolvimento social e econômico”.
E, sob o olhar atento do presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, que estava sentado à mesa das autoridades, Gavini disse:
“É de extrema importância que nós possamos nos manter juntos, discutir aqueles projetos comuns, já pensando nas eleições de 2024 e 2026, alinharmos essas ações em favor de um Espírito Santo ainda mais inovador e atento às necessidades do povo capixaba. Que a gente possa estar junto nas novas caminhadas do futuro pensando no melhor para o Espírito Santo”, finalizou.
A declaração “explícita” de um desejo por uma caminhada compartilhada vem após um ruído recente entre Da Vitória e o governador Renato Casagrande (PSB).
Em maio, numa entrevista exclusiva dada à coluna De Olho no Poder, Casagrande disse que o PP não estava mais dialogando com o governo do Estado e que a relação com o partido passou de fluida para fria. “Após a entrada do Da Vitória na presidência, o PP se afastou da conversa com o governo”, disse Casagrande, à época.
Da Vitória assumiu o partido provisoriamente em abril, por decisão da cúpula nacional. Também em entrevista à coluna, ele negou que tivesse se afastando do governo e chegou a chamar de “fantasmas” uma suposta crise com Casagrande. Fato é que, nos bastidores, a relação entre os dois já não era a mesma, com uma insatisfação instalada em ambos os lados.
Outras lideranças do PP entraram em cena e, nas últimas semanas, até por conta de pautas importantes a serem votadas no Congresso, uma aproximação começou a ser desenhada.
Namoro ou amizade com o Republicanos?
Chamado logo em seguida para discursar, Erick Musso fez questão de iniciar sua fala elogiando o evento e o partido. “Tenho certeza absoluta, que por essa festa que estamos vendo aqui hoje, o PP continuará sendo um dos partidos protagonistas das eleições de 2024 e de 2026”, disse, sendo interrompido por aplausos.
Como presidente do Republicanos, ele também deixou suas intenções bem claras: “O Republicanos, partido que também vem construindo suas bases nos 78 municípios capixabas, quer, de mãos dadas, construir alicerces fortes para 2024, para que nos possamos ter um olhar adiante. Contem com o Republicanos, onde nós possamos ter convergência. Onde não tiver convergência, contem com o nosso respeito”.
Republicanos e PP têm conversado já há algum tempo. E a aproximação acontece, principalmente, em Vitória e pelas mãos de Da Vitória, o que já gerou um convite do prefeito Pazolini para que o Progressista faça parte da gestão.
O vereador Anderson Goggi (PP) foi convidado para assumir a pasta da Cultura, mas não aceitou. A recusa, porém, não encerrou a conversa entre os dois partidos. Aliás, essa aproximação contribuiu para o mal-estar do PP com o governo do Estado.
O deputado federal Evair de Melo (PP) já declarou que vai apoiar o prefeito Pazolini à reeleição no ano que vem e é uma possibilidade o partido inteiro apoiá-lo, caso não tenha uma candidatura própria.
Na convenção, Pazolini fez questão de frisar a parceria que tem com o PP, de “diálogo”, “construção coletiva” e “papel primordial na democracia”. “É uma honra estar filiado ao Republicanos, mas fazer essa dobradinha 11 e 10, que dá 21, é um prazer e uma satisfação muito grande”. Onze é o número do PP e 10, do Republicanos.
Com quem será?
Em seu momento de fala, Da Vitória valorizou o passe do partido. O PP fez dois deputados federais, dois estaduais e, segundo Da Vitória, foi o partido que mais recebeu votos na eleição de deputado federal em 2022 (296.301).
Voltando-se para o vice-governador Ricardo Ferraço, agradeceu ao governo, mas lembrou da contribuição do PP para a reeleição de Casagrande – algo que Da Vitória faz questão de citar, no tom de uma cobrança sutil, sempre que trata da relação com o Palácio Anchieta.
Falou que o PP continua no governo e até que tem conversado com o governador. “O governador Casagrande, que me ligou essa noite, para poder dialogar com alguns prefeitos que estão chegando…”, citou.
Já com Pazolini, agradeceu a parceria com o Republicanos e demonstrou interesse em aprofundar o diálogo: “A cada dia estaremos mais próximos em cada cidade”.
A coluna já noticiou que estaria em andamento, aqui no Estado, a formação de um bloco de três partidos – PP, Republicanos e PL – visando as eleições municipais e, principalmente a de 2026, quando estará em jogo o Palácio Anchieta e duas vagas para o Senado. Da Vitória já disse que o PP quer ser protagonista e reafirmou isso na convenção:
“O Progressistas, pelo seu tamanho, vai participar ativamente das eleições municipais de 2024 em todas as cidades capixabas. E vai lançar candidatos a prefeito onde tiver nomes. E posso dizer mais: em 2026 seremos protagonistas na eleição de governador e senador. Nosso partido tem excelentes quadros para contribuir ainda mais com o crescimento do Espírito Santo, como tem feito até aqui. A partir de hoje vamos reforçar o diálogo para fortalecer ainda mais nosso partido por todo Estado”.
Com quem o partido irá subir o altar, ainda é uma incógnita. Fato é que essa “noiva” vai colocar o dote lá em cima e sua decisão poderá influenciar os rumos eleitorais do Estado.
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Em tempo 1: Reataram?
Havia uma expectativa no ar, durante a convenção, de qual seria a postura do ex-presidente do PP – o secretário de governo Marcus Vicente – no evento. A dúvida seria até se ele compareceria à eleição da nova Executiva.
Da Vitória está à frente do partido desde abril, quando uma decisão tomada pela cúpula nacional da legenda o colocou como presidente da Comissão Provisória. A decisão e a forma como ela foi aplicada geraram ruídos e um mal-estar com Marcus Vicente, que comandava o partido há 10 anos.
Na convenção, porém, Vicente e Da Vitória trocaram elogios e fizeram promessas de lealdade e parceria, para desfazer qualquer burburinho de desunião na legenda. Até então, Vicente só tinha se manifestado por nota.
“Esse é um momento de grandeza, de passar o bastão para o partido crescer mais (…) Quero falar ao Da Vitória que eu estou ao lado dele, prestando a minha solidariedade, experiência, em favor de um PP cada vez melhor. Estou tão feliz quanto antes, para dizer que o partido está bem entregue”, disse Marcus Vicente.
Em sua vez de falar, Da Vitória retribuiu a gentileza: “Obrigada pela sua maturidade, grandeza e acolhimento, Marcus Vicente. Sua presença aqui hoje é exemplo de como construir um partido”. Ao menos na frente do público, o episódio parece ter sido superado.
Na nova Executiva eleita, Vicente é o segundo vice-presidente, e está atrás do deputado federal Evair de Melo que assumiu a 1ª vice-presidência. Delmaestro, que atua na Casa Civil do governo do Estado, continua como secretário-geral.
Em tempo 2: Vai ter valsa?
Ao se pronunciar, Evair de Melo deu umas alfinetadas no governo do Estado e elogiou o presidente da Ales, Marcelo Santos (Podemos): “Marcelo dança, literalmente, todos os ritmos para que o Estado não perca o compasso”.
Estaria Evair se referindo aos vídeos com dancinhas que Marcelo publica ensinando passinhos aos seus seguidores? Como a coluna não teve oportunidade de questionar o federal sobre o assunto, traz um dos “clássicos” do presidente da Ales aqui: