Não é só o PDT que se prepara para a disputa à Prefeitura da Serra. O maior município do Estado – e também o que conta com o maior colégio eleitoral – tem pelo menos mais oito lideranças ou grupos políticos que estão se movimentando, nos bastidores, de olho no pleito do ano que vem. Embora a eleição seja daqui a pouco mais de 1 ano e 2 meses, as articulações já estão a todo vapor.
Alguns estão mais acelerados e com um passinho na frente dos demais. Outros estão na busca por um abrigo partidário para viabilizar um palanque forte. E tem também quem ainda não se decidiu se vai disputar, mas que não quer ficar de fora do processo eleitoral.
Por tradição, a disputa na Serra costuma ser acirradíssima e visceral – o que acaba gerando muita demanda à Justiça Eleitoral. E tudo indica, pela postura de alguns que já se declaram pré-candidatos, que a próxima disputa não deve fugir à regra.
Só para citar um exemplo, no evento do governo do Estado que inaugurou o Complexo Viário de Carapina, no último sábado (22), e que contou com as principais lideranças políticas da Serra no mesmo palanque, o que mais se viu foi troca de farpas, indiretas, olhares atravessados e o governador Renato Casagrande (PSB), no meio de todo mundo, tentando harmonizar e equilibrar tudo.
A coluna listou quem já está colocando o nome pra jogo no tabuleiro serrano:
O ex-prefeito Audifax Barcelos
O ex-prefeito Audifax Barcelos (sem partido) está rodando o município e conversando com diversas lideranças. Desde que deixou, em 4º lugar, a disputa pelo governo do Estado no ano passado, Audifax tem buscado recuperar seu capital político e também tentado encontrar um abrigo que o encaixe. Ele está sem partido desde que deixou a Rede no segundo turno da campanha passada.
Recentemente, a coluna De Olho no Poder noticiou que Audifax está entre dois partidos: o PP e o PL. Os dois fizeram convites ao ex-prefeito, com a garantia de que ele poderia disputar novamente a Prefeitura da Serra.
Nos bastidores, Audifax vem dando sinais de que irá concorrer: além das reuniões com lideranças comunitárias e até com eventuais candidatos, tem feito postagens críticas ao atual prefeito, Sergio Vidigal (PDT), em suas redes sociais. Se concorrer e ganhar, Audifax estará indo para o seu quarto mandato à frente da Prefeitura da Serra.
O vereador Igor Elson
Se Audifax decidir pelo PP, o PL pode lançar o vereador da Serra Igor Elson para a disputa majoritária. Igor Elson, que atuou na gestão de Audifax em diversas áreas – de assessor a secretário –, foi eleito em 2020 pelo Podemos, mas ao trocar de legenda já colocou seu nome à disposição para a disputa no ano que vem.
Além de estar andando pela cidade, tem mudado o enfoque de suas redes sociais: se antes o debate era mais nacionalizado, abordando questões envolvendo Lula x Bolsonaro, agora tem mirado mais o município e também publicado críticas à atual gestão.
Questionado pela coluna, ele admitiu que é pré-candidato do PL à Prefeitura da Serra, mas não disse como ficaria sua pré-candidatura caso o ex-prefeito Audifax se filie à sua legenda, o que é uma possibilidade real.
O deputado estadual Pablo Muribeca
Pablo Muribeca foi eleito deputado estadual pelo Patriota, mas já está com as malas prontas para migrar para o Republicanos e também disputar a Prefeitura da Serra. Está no aguardo apenas da liberação do partido ou da fusão, com o PTB, o que não tem data definida pra acontecer.
Opositor ferrenho de Vidigal desde o tempo em que era vereador, Muribeca aproveita todas as oportunidades que têm – e as que não têm, ele cria – para criticar a atual gestão, principalmente na área da saúde e em discursos na Assembleia.
Muribeca faz parte da base aliada de Casagrande que, também abriga o PDT de Vidigal, com uma indicação no primeiro escalão – o presidente do PDT-ES, Weverson Meireles, ocupa a pasta de Turismo. Casagrande já disse que nos pleitos onde houver mais de um aliado, vai se manter neutro. Muribeca conta com isso para não precisar ir para a oposição ao governo Casagrande.
O vice-prefeito Thiago Carreiro
Foi na véspera da eleição do ano passado que o vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro (União), rompeu de vez com o prefeito. Ele disputou uma vaga à Câmara Federal, contra o grupo apoiado pelo prefeito – que incluía a ex-deputada Sueli Vidigal –, mas não obteve êxito. Aliás, nenhum dos dois grupos conseguiu conquistar uma única cadeira de deputado federal.
Carreiro chegou a criticar publicamente a gestão e há quem diga que nos bastidores o clima é ainda mais tenso. E ele deve ser mais um a se somar na lista de candidatos opositores dispostos a tirar o comando da Serra das mãos de Vidigal e do seu grupo. Já tem o aval do partido para isso.
Questionado pela coluna, o secretário estadual do Meio Ambiente, Felipe Rigoni – que briga na Justiça pelo comando do União Brasil capixaba – disse que “a priori, o partido vai ter candidato a prefeito na Serra e será o Thiago”. E o vice, claro, está animado: “Estou à disposição da cidade e do meu partido. E focado em participar da construção de um projeto”.
Tiago, porém, tem conversado com outros atores, como os deputados Muribeca e Vandinho Leite (PSDB) e o vereador Igor Elson.
O deputado estadual Vandinho Leite
Presidente do PSDB no Estado, o deputado estadual Vandinho Leite ficou muito próximo de ir para o segundo turno na eleição de 2020 – a diferença para Fábio Duarte, o 2º lugar no 1º turno, foi de 5.356 votos.
Por conta disso, é tão tentador, para Vandinho, disputar novamente a prefeitura, embora também esteja fazendo movimentos para atrair lideranças ao partido – como o convite que fez a Audifax para que ele se filiasse ao ninho tucano e disputasse pela sigla no ano que vem.
“É óbvio que vou participar de um projeto que o PSDB seja protagonista, mas ainda temos tempo para discutir detalhes”, disse Vandinho à coluna, sem admitir e também sem descartar se será candidato. Uma coisa é certa: ele também estará no palanque oposto ao de Vidigal no ano que vem e já tem costurado conversas com outros opositores ao atual prefeito.
O secretário Bruno Lamas
Secretário de Ciência e Tecnologia e ex-deputado estadual, Bruno Lamas (PSB) também tenta se viabilizar para disputar a Prefeitura da Serra. Bruno também foi candidato em 2020 e terminou a disputa em quinto lugar.
Do partido do governador e à frente de uma pasta que costuma dar certa visibilidade, a entrada de Bruno na disputa pode criar uma saia-justa para o governo, pela aliança que o Palácio Anchieta já tem com o PDT.
Na eleição passada, Vidigal apoiou Casagrande e o governo ajudou muito o PDT a montar sua chapa federal, cedendo, inclusive, lideranças do ninho socialista para se filiar ao partido de Vidigal. “Vou buscar me viabilizar”, admitiu Bruno Lamas à coluna. Ele, porém, não deve ir para o tudo ou nada contra Vidigal, como outros possíveis candidatos pretendem. Deve buscar uma composição.
O deputado estadual Alexandre Xambinho
Outra liderança da Serra que tem colocado o nome na pista é o deputado estadual Alexandre Xambinho (PSC). O deputado também foi candidato a prefeito da Serra em 2020 e terminou a disputa em quarto lugar.
Ao contrário dos demais concorrentes, Xambinho não faz oposição a Vidigal, pelo contrário. É comum o deputado defender o prefeito, em discursos na Assembleia, e até ir para o embate contra o colega Muribeca, como já noticiou a coluna.
Aliados de Xambinho afirmam que ele, na verdade, espera ser apoiado por Vidigal na disputa do ano que vem, uma vez que o prefeito tem dito – inclusive em entrevista à coluna De Olho no Poder – que não irá disputar a reeleição.
Os três do PDT
A coluna noticiou ontem (24) que o PDT terá um projeto para continuar à frente do maior município do Estado e já tem se articulado para isso.
Hoje o partido tem, pelo menos, três nomes cotados para a disputa majoritária: o próprio prefeito Sergio Vidigal, que embora tenha dito que não pretende colocar o nome à reeleição, é cotado pelo partido; o jornalista e secretário de Turismo da Serra, Philipe Lemos, que teve uma boa votação no ano passado para deputado federal, e o presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia, que vai se filiar ao PDT amanhã (26).
Saulinho recebeu autorização do Patriota – partido pelo qual se elegeu – e da Justiça Eleitoral para trocar de legenda. Ele disse que está à disposição do PDT. Philipe também colocou o nome à disposição para os planos futuros do partido. Mas, a grande aposta do mercado político mesmo é que Vidigal dispute a reeleição. Se ele decidir disputar e vencer, vai para o quinto mandato como prefeito.
Os cinco do PT
E não é só o PDT que poderá ter uma disputa interna para definir quem será o candidato da legenda. O PT também está caminhando na mesma direção. O partido tem hoje quatro nomes cotados para disputar a Prefeitura da Serra e está para receber mais um.
A vereadora da Serra Elcimara Loureiro tem, amanhã (26), uma reunião decisiva com o PP para tratar da sua desfiliação da legenda. Ela disse à coluna que já tem o aval do partido para sair, mas que irá acertar os detalhes. Ela vai para o PT e já colocou seu nome à disposição para disputar a prefeitura. Mas, ela não é a única.
A presidente do PT-ES e deputada federal Jackeline Rocha, o ex-deputado Roberto Carlos, o jornalista Ronaldo Cassundé e o ativista Gilmar Ferreira também são cotados para o pleito. “Estamos conversando com quem acha que dá para viabilizar uma candidatura de centro-esquerda”, disse o presidente do PT da Serra, Miguel Junior.
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