Quem apostou que o ex-deputado Hércules Silveira (Patriota) iria pendurar as chuteiras após perder a reeleição, perdeu dinheiro. No auge dos seus 84 anos, Hércules vai voltar a atuar na Assembleia, está participando de reuniões políticas visando as eleições do ano que vem e continua clinicando em sua obra social pelo menos uma vez por semana e atendendo em domicílio.
Detentor de quatro mandatos consecutivos na Ales, no último dia 9, o ex-deputado foi nomeado para ser subdiretor da Casa dos Municípios, um órgão que funciona dentro da Assembleia dando assistência às demandas dos municípios.
Hércules pretende implantar um núcleo de inclusão na Ales, para ser uma ponte entre as associações e os parlamentares e também atuar na inclusão e conscientização.
“Quero tornar a Ales a Assembleia mais inclusiva do Brasil. Inicialmente vamos fazer um trabalho para o cidadão colocar o CPF na nota, porque além de concorrer à nota premiada, ele também vai ajudar as entidades. Vamos trabalhar na conscientização”, disse Hércules.
Embora tenha sido nomeado há uma semana, Hércules ainda não tomou posse. Ele disse que precisa primeiro ir ver o local onde irá trabalhar e fazer uns últimos ajustes, o que deve ocorrer entre hoje (16) e amanhã.
Mas além de voltar a atuar na Assembleia, Hércules tem se reunido com o grupo político do ex-prefeito Neucimar Fraga (PP), que é cotado para disputar a Prefeitura de Vila Velha no ano que vem. Neucimar confirmou a presença do ex-deputado no seu grupo de aliados.
Hércules já teria manifestado interesse em disputar para vereador de Vila Velha na próxima eleição e também de mudar de partido, migrando do Patriota para o PP. Ele até já conversou com algumas lideranças do Progressista.
“Ele manifestou a vontade (de ir para o PP), mas não temos nada definido. É importante que passe pela Executiva municipal também”, disse o presidente do PP no Estado, o deputado federal Josias da Vitória.
Hércules é primeiro suplente do Patriota na Assembleia e, por isso, caso queira mudar de legenda vai precisar de autorização – do partido ou judicial – para não perder a suplência. Ou então, esperar a janela partidária que poderá ser aberta, por exemplo, se o Patriota e o PTB decidirem pela fusão.
“Ano que vem eu serei candidato a alguma coisa, o cargo ainda estou decidindo. Posso ser candidato a vereador, vice e até a prefeito. Tenho uma amizade boa com o PP, mas hoje eu sou primeiro suplente do Patriota, que está negociando se faz a fusão com o PTB. Se eles se juntarem, eu posso sair do partido sem perder a suplência. Vamos supor que o deputado Pablo Muribeca (Patriota) ganhe a eleição na Serra, aí eu tenho minha vaga de deputado estadual”, disse Hércules.
Enquanto não assume seu novo cargo na Ales, Hércules tem se dedicado ao seu outro ofício: a medicina. Ele é obstetra e médico do trabalho e disse que continua clinicando. “Atendo muitos pacientes em casa, tenho também minha obra social, que eu comecei há 24 anos. Pelo menos um dia na semana eu atendo aqui”. Hércules disse que sua agenda anda mais cheia agora do que quando era deputado.
Relação com o governador
Questionado sobre em que pé está sua relação com o governador Renato Casagrande (PSB) e se já tinham feito as pazes, Hércules minimizou: “Nunca fiquei de mal com o governador não, só não concordei que ele não fez esforço nenhum para eu entrar no PSB”.
No ano passado, Hércules sofreu para achar um partido que lhe desse legenda para disputar. De saída do MDB, que não conseguiu formar uma chapa competitiva para a disputa, o ex-deputado chegou a pedir a ajuda do governador para encontrar um abrigo.
Considerado “forte demais” pelas legendas, muitos filiados, principalmente sem mandato, colocaram o pé na porta para a entrada do ex-deputado, porque alegavam que a disputa contra Hércules seria desproporcional.
Daí que já nos 45 do segundo tempo, findando o prazo da janela partidária para mudanças de legenda, Hércules se filiou ao PSB pelo cadastro online da legenda, sem falar com ninguém, criando uma saia-justa daquelas para o partido do governador e para o próprio Casagrande, de quem era aliado.
Sem apoio para continuar no ninho socialista, Hércules foi para o Patriota. Ele teve 23.534 votos, mas não conseguiu ser eleito. Ressentido com Casagrande, no segundo turno da eleição para governador no ano passado, Hércules declarou apoio a Carlos Manato (PL).
Segunda mágoa
Outra mágoa que Hércules tem é com o MDB e com a ex-senadora Rose de Freitas, que preside o partido no Estado. A questão não foi nem por ter deixado o partido, onde foi filiado por 12 anos, por não encontrar condições favoráveis para disputar. O que magoou Hércules foi algo que surgiu na campanha.
Questionado se haveria chance de voltar ao MDB, Hércules disse ser “muito difícil”. “Gosto muito da Rose, mas ela se dedicou muito à candidatura dela e deixou o partido. E ela colocou um Hércules lá para disputar, com o mesmo número que eu usei em três eleições. Gosto muito dela, mas acho que ela não gosta de mim”, desabafou o ex-emedebista.
Hércules disse também que não pretende ser mais candidato a deputado. “Não quero ser candidato a deputado mais não, se eu conseguir fazer esse trabalho, esse núcleo de inclusão na Ales, eu estou satisfeito”.
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