O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que veio ao Estado nesta segunda-feira (04) para entregar investimentos na área da segurança, anunciou também a criação de um grupo específico para combater organizações criminosas nacionais.
A Ficco – Força Integrada de Combate ao Crime Organizado – vai contar com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, com as polícias estaduais Militar, Civil e Penal e, de acordo com o superintendente da PF no Estado, delegado Eugênio Ricas, também terá a presença das Guardas dos municípios.
“Tão importante quanto os anúncios de entregas de hoje é que nós definimos o que diz respeito a operações integradas. A Polícia Federal intensificando a parceria com o Estado, por intermédio da implantação da Ficco. É um agrupamento da Polícia Federal com as polícias do Estado especificamente para combate às grandes facções criminosas, que tem um caráter nacional e às vezes tem filiais locais com outros nomes”, explicou o ministro.
Segundo Flávio Dino, o grupo ficará responsável pelo trabalho de inteligência e ação. “Nós sabemos que essas organizações criminosas nacionais, nos últimos anos, por falta de combate adequado, fortaleceram muito o seu poder financeiro. Daí essa iniciativa nacional, que o Espírito Santo recebe aqui, que corresponde a essa organização de trabalho, inteligência e ação, uma operação concreta da Polícia Federal com a Polícia Civil e as demais polícias”, complementou Dino.
“Esse novo grupamento vai ter um direcionamento estratégico para a questão das organizações criminosas, que é uma preocupação do governo federal, conforme ele mesmo (Flávio Dino) mencionou, sobretudo a principal organização do estado de São Paulo para os demais estados. Ele entende que isso passa pela coordenação do Ministério da Justiça, não que antes não fosse, mas parece que agora tem uma remodelagem”, disse o secretário estadual de Economia e Planejamento, Álvaro Duboc, que também já atuou como delegado da Polícia Federal.
E a força-tarefa?
No Estado, a Polícia Federal criou uma força-tarefa que iniciou os trabalhos com a participação da PF, da PRF e das Guardas Municipais de toda a Região Metropolitana. Em março deste ano, após alguns ruídos e desencontros, as polícias estaduais – Militar, Civil e Penal – também assinaram o acordo de cooperação técnica e aderiram à força-tarefa, sob o comando da PF.
Questionado sobre se essa força-tarefa seria encerrada com a instalação do Ficco, Ricas disse que não. Ele informou que a estrutura será mantida e que, embora não tenha sido citado pelo ministro, as Guardas Municipais farão parte do novo programa.
“Vamos manter a estrutura, que passa a se chamar Ficco. As Guardas Municipais vão participar. Vamos investigar as facções criminosas e mirar o patrimônio das organizações. São ações investigativas, mas contando com a participação de todas as forças”, disse Ricas.
Segundo ele, todos os estados contarão com grupos desse tipo e que o Ministério da Justiça liberou, recentemente, o montante de R$ 85 milhões, para todas as Ficcos. “Já recebemos cerca de R$ 600 mil para diárias e passagens. O resto vem em equipamentos”, disse o superintendente da PF-ES.
Durante a visita ao Estado, o ministro também anunciou o termo de entrega da 1ª fase da obra de ampliação e modernização da Delegacia de Migração da PF-ES e de início da 2ª fase da referida obra, com previsão de entrega em 31 de outubro deste ano.
Além disso, assinou a ordem de serviço da obra de construção do Centro de Treinamento Operacional e da Modernização de Área para Implantação de Espaço de Convivência na Superintendência da PF-ES.
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Bastidores: Marcos do Val, guarda-costa e até sermão bíblico
“A verdade está do nosso lado”, diz dino
O ministro da Justiça, Flávio Dino, foi questionado pela coluna De Olho no Poder, já de saída do evento no Palácio Anchieta, sobre as investidas do senador capixaba Marcos do Val (Podemos) que tem lhe acusado de omissão, prevaricação, perseguição política e destruição de provas, no caso dos atentados de 8 de janeiro.
Questionado como responderia a tais acusações, Dino disse: “A verdade dos fatos responde às mentiras e realmente não é um assunto que faça parte da minha agenda, porque a verdade é invencível e a verdade está do nosso lado”, disse Dino.
Dino e Marcos do Val já travaram algumas polêmicas, principalmente no âmbito da CPMI dos ataques de 8 de janeiro. Em junho, no dia do aniversário do senador (15), ele foi alvo de uma operação da PF que cumpriu mandados de busca e apreensão em seus endereços. Desde então, o senador está com suas contas em redes sociais retidas.
Até guarda-costas
A vinda do ministro da Justiça ao Estado contou com um forte aparato de segurança. Por onde circulava, o ministro era acompanhado, de perto, por seguranças que se comunicavam por rádio.
Até no Salão São Tiago, no Palácio Anchieta, onde ocorreu o anúncio dos investimentos, um segurança sentou exatamente atrás do ministro, já que sua cadeira ficava bem no corredor central do salão e ele ficava de costas para a entrada.
Torta de climão?
O secretário de Controle e Transparência, Edmar Camata, participou, discretamente, da visita do ministro ao Estado junto com outras autoridades e o secretariado. Em dezembro do ano passado, Camata foi indicado por Flávio Dino para o comando da Polícia Rodoviária Federal, mas foi desconvidado menos de 24 horas após o anúncio.
Camata sofreu uma fritura nas redes sociais por já ter elogiado a operação Lava-Jato e ter feito, no passado, críticas a Lula. Até uma hashtag – #Camata Na PRF Não – foi levantada contra o secretário, pressionando, na época, o futuro ministro.
Ficou sem moqueca
Por várias vezes, o ministro, o governador Renato Casagrande e outras lideranças políticas, que discursaram, lamentaram o fato de Flávio Dino não ter ficado para o almoço. O prato a ser servido, lógico, seria moqueca capixaba.
Foi a primeira vez que Flávio Dino esteve no Espírito Santo e se desculpou pela “falha” ao dizer que a esposa já passou férias em Guarapari.
Abra sua Bíblia no livro de Tiago…
Durante discurso, Flávio Dino chegou a citar um versículo bíblico para a plateia que lotou o Palácio Anchieta: “A fé sem obras é morta”, que está na carta de Tiago, capítulo 2, versículo 26. Esse livro da Bíblia trata, essencialmente, da religião prática e a maior parte do texto se propõe a mostrar as diferenças entre a religião verdadeira e a falsa.
“Tenho certeza que de todos os eventos, esse é o mais abençoado, porque é no Espírito Santo, no Palácio Anchieta e na sala São Tiago. Não tem como dar errado. E está na carta de Tiago uma frase, na Bíblia, que diz que a fé sem obras é morta. E nós estamos, portanto, irmãos e irmãs, companheiros e companheiras, praticando essa ideia de que a fé se materializa nas nossas boas ações”, disse Flávio Dino que, em outras entrevistas e ocasiões, já revelou ser católico.
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