O vereador de Muniz Freire Weberson Rodrigo Pope (PSB) renunciou ao cargo na tarde desta segunda-feira (02). Parlamentar de primeiro mandato e segundo mais votado na eleição de 2020, o vereador quase não compareceu às sessões nesse ano e, na semana passada, se envolveu em uma confusão com o procurador da Câmara. O caso foi parar na delegacia.
A carta de renúncia de Pope foi protocolada hoje na Câmara e já está com o presidente do Legislativo, Zé Maria Bergamini (Patriota). Questionado, o presidente disse que o plenário será comunicado na próxima sessão – quarta-feira (04).
“Nos termos legais, o ato será comunicado ao plenário na primeira sessão seguinte à data do protocolo, no próximo dia 04/10, e fará constar em ata a declaração de extinção do mandato do vereador, declarando a vaga e convocando o respectivo suplente, obviamente, após o parecer jurídico da Procuradoria desta Casa Legislativa”, informou, por nota, o presidente.
Veja a carta de renúncia aqui: Renúncia de Pope
No documento, o vereador não diz o motivo da renúncia, mas à coluna De Olho no Poder informou que tem “ojeriza” da política de Muniz Freire e que não quer mais compactuar com os atos do Legislativo, o qual considera uma “extensão” da Prefeitura.
“Renunciei porque não me permitiria pertencer a uma legislatura que se transformou em uma extensão do Poder Executivo e tem votado reiteradamente contra os interesses da sociedade muniz-freirense”, disse o vereador alegando ter chegado à Casa projeto da Prefeitura que cria duas novas secretarias. Ele é contra.
Pope é oposição ao atual prefeito Dito Silva, que tem maioria entre os nove vereadores da Câmara. Porém, as divergências de Pope no Legislativo não se resumem à sua posição política.
Sumiço e confusão
No último dia 7, a coluna noticiou que o vereador estava sumido das sessões do Legislativo. Advogado, ele atua fora do Estado e desde fevereiro estava emendando uma licença parlamentar na outra.
No município, o burburinho é que Pope teria mudado de estado, que estaria morando em Rondônia com a família. Porém, a lei orgânica de Muniz Freire diz que o vereador poderá perder o mandato, entre outras coisas, se fixar residência fora do município e se deixar de comparecer a um quinto das sessões da Câmara durante o ano legislativo.
De acordo com o presidente da Casa, até o dia 7 de setembro, Pope só teria comparecido a duas sessões (desde o início do ano), uma ordinária no dia 6 de fevereiro e outra extraordinária, em 20 de julho. E não teria apresentado nenhum projeto neste ano.
A licença era para ser não remunerada, mas a coluna mostrou dados do Portal de Transparência que detalham que o vereador, que teria participado de apenas duas sessões, recebeu, de janeiro a agosto, R$ 13.243,17.
Nem o vereador e nem o presidente da Casa souberam explicar, na ocasião, porque houve pagamento de salários, já que o vereador estaria de licença.
Os 120 dias de afastamento não remunerado que o vereador teria direito no ano terminariam no último dia 13. Nas sessões dos dias 20 e 27, Pope disse que compareceu à Câmara e que não recebeu pagamento por isso. “O valor que eu deveria receber foi deduzido do que eu tinha recebido no outro mês”, justificou.
Questionado se estaria saindo para também dar prioridade à carreira de advogado, Pope confirmou, mas disse que a Câmara mudou o dia de sessão propositalmente para prejudicá-lo. “Até o final de 2022, as sessões ordinárias ocorriam às segundas. Eu adaptei a minha agenda porque, de fato, minha profissão me impõe que eu tenha que viajar. Mas aí, para me prejudicar, a Câmara alterou a data da sessão para as quartas-feiras, o que inviabiliza minha participação”, afirmou.
Na última quarta-feira também, após a sessão ordinária, Pope teria se envolvido numa confusão com o procurador da Câmara, Matheus Sobreira, que o acusa de tê-lo ameaçado. O procurador teria até registrado um boletim de ocorrência. Pope nega que tenha discutido com o procurador.
“Ele inventou essa história mirabolante, que eu o xinguei e o ameacei, isso não ocorreu. Mas eu estou entrando com um processo de calúnia contra ele. Eu nunca briguei nem na escola”, disse o vereador. A coluna não conseguiu contato com o procurador, mas será atualizada assim que o procurador se manifestar.
“Tomei a decisão de renunciar. Infelizmente, diante das situações atuais, não tenho o que fazer. Pretendo me dedicar à minha família, recuperar a estima com a política, porque eu tomei ojeriza. E descarto qualquer hipótese de candidatura no ano que vem”, disse o vereador.
A 1ª suplente de Pope é Soninha Mignone (PSB), que deve ser convocada ainda nessa semana para tomar posse.
Quer receber notícias 100% gratuitas? Participe da Comunidade de Política no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
LEIA TAMBÉM:
Cadê o vereador? Rodrigo Pope, de Muniz Freire, some das sessões, mas nega ter abandonado o mandato