O imbróglio instalado na cúpula do Ministério Público Estadual (MPES), que dividiu em dois o grupo que comanda o órgão há 12 anos, tem como pano de fundo, conforme a coluna De Olho no Poder noticiou mais cedo, a disputa pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), que ocorre no primeiro trimestre do ano que vem.
O grupo da situação está dividido entre dois candidatos, que contam com padrinhos de peso para a corrida eleitoral: um é apoiado pelo desembargador Eder Pontes, ex-procurador-geral de Justiça por três mandatos. Outro é apoiado pela atual chefe do Ministério Público, Luciana Andrade, que já está em seu segundo mandato consecutivo e não pode ser reeleita.
Luciana foi apoiada por Eder, mas nos bastidores os dois estariam se estranhando principalmente por conta do nome a ser escolhido para tentar manter o grupo no poder. Até o momento, não há sinais de consenso no grupo.
Enquanto isso, nomes ligados à oposição, independentes e até mesmo da atual gestão correm por fora. As articulações entre promotores e procuradores já estão a todo vapor e já se fala em cotados para a disputa.
Os candidatos para o cargo só serão oficializados após a publicação do edital da eleição. Ainda não há data para isso acontecer. Na eleição, os membros do Ministério Público votam em três nomes para a formação de uma lista tríplice. Os três mais votados ocupam a lista que vai para o crivo do governador. Casagrande será o responsável por nomear o futuro procurador ou procuradora-geral de Justiça.
A coluna ouviu alguns promotores e procuradores que listaram os possíveis candidatos, aqueles que já estão se movimentando nos bastidores ou que foram lembrados pelos eventuais eleitores do MPES. Veja quem são:
Maria Clara Mendonça
Titular da Promotoria de Fazenda Pública da Serra, a promotora Maria Clara talvez seja a pré-candidata que mais tem se movimentado nos bastidores. Ela faz parte da oposição ao grupo de Eder Pontes e nas outras eleições apoiou o promotor Marcelo Queiroz, a quem tenta convencer agora de apoiá-la.
É a primeira vez que vai disputar a PGJ. Figurou na última lista tríplice para a vaga de desembargador, pelo Quinto Constitucional do MPES, recebendo 16 votos, enquanto Eder Pontes, o escolhido, recebeu 21.
Marcello Queiroz
É procurador de Justiça Criminal e já foi candidato por três vezes à PGJ. Era aliado de Eder Pontes, mas os dois romperam em 2016 e, desde então, Marcello vem tentando chegar ao cargo máximo do MPES, sempre na oposição ao grupo de Eder e apoiado pela promotora Maria Clara.
Já presidiu a Associação Espírito-Santense do Ministério Público (AESMP) e foi promovido a procurador no ano passado, por antiguidade.
Pedro Ivo de Sousa
O promotor é titular da 13ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória e também se articula nos bastidores para pôr fim à dinastia de Eder Pontes.
Ex-presidente da AESMP, Pedro Ivo impôs uma importante derrota ao grupo que está no poder ao eleger o seu candidato para a presidência da associação da categoria, em detrimento do candidato de Luciana Andrade, no último mês de abril. O atual presidente da AESMP deve apoiar Pedro Ivo na eleição.
Josemar Moreira
Considerado o “eterno candidato”, o procurador ocupa hoje a Subprocuradoria-Geral de Justiça Judicial e é o número 3 da hierarquia. Atua dando suporte à PGJ, no planejamento, organização, coordenação, supervisão, controle e avaliação das atividades de natureza jurídica do MPES.
Também esteve presente na lista tríplice para desembargador do TJ, obtendo 21 votos (o mesmo número que Eder Pontes, o escolhido) e também já tentou ser PGJ. Embora faça parte da gestão, Josemar nunca contou com o apoio oficial do grupo para a disputa pelo MPES.
Francisco Berdeal
O promotor Francisco Berdeal atua como secretário-geral do gabinete da PGJ e é, segundo os bastidores, o nome escolhido pela procuradora-geral, Luciana Andrade, para a sua sucessão.
Ele já chefiou o Cael – Centro de Apoio Operacional Eleitoral do Ministério Público do Espírito Santo – e atualmente, também coordena a comunicação do MPES. Nos bastidores, ele é o homem de confiança de Luciana, que tem tentado dar visibilidade ao promotor internamente.
Danilo Raposo
O promotor Danilo Raposo Lírio atua como chefe de apoio ao gabinete da PGJ. É o candidato apoiado pelo ex-procurador-geral e atual desembargador Eder Pontes, segundo fontes ouvidas pela coluna.
Promoveu um almoço, no início de outubro, com membros do MPES onde foi tratada sobre sua candidatura, recebendo o apoio de alguns colegas. Conta com a confiança de Eder, que o levou para o gabinete ainda no início de sua carreira de promotor.
Lidson Fausto
Especializado em Segurança Pública, o promotor Lidson é diretor-geral do Ministério Público e faz parte da gestão que está à frente do órgão há 12 anos. Nos bastidores, ele estaria se colocando como possível candidato, mas não conta ainda com o apoio de nenhum padrinho de peso, embora seja mais próximo da atual chefe do MPES. Se Luciana e Eder não chegarem a um acordo sobre Francisco e Danilo, Lidson pode se tornar uma opção para tentar unir o grupo que, no momento, está rachado.
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