Pulseira cobiçada, louvor e ataques: os bastidores da sessão de homenagem a Bolsonaro

Bolsonaro recebe homenagens / crédito: Thiago Soares

“Pulseira azul, azul pulseira…”

Estava grande a disputa, entre os seguidores de Jair Bolsonaro, pela pulseira azul – a única que dava acesso ao plenário da Assembleia, onde ocorreu a homenagem e entrega da comenda Domingos Martins e título de cidadão capixaba para o ex-presidente. A pulseira azul foi entregue para autoridades, convidados dos deputados e profissionais da imprensa.

As pulseiras amarela e roxa davam acesso às galerias (cada uma com capacidade para 150 pessoas) e o restante das pessoas teria que acompanhar pelos telões instalados no pilotis da Ales. Uma fã de Bolsonaro chegou a oferecer dinheiro a uma jornalista para “comprar” a pulseira azul e outro chegou a implorar à servidora que estava distribuindo as pulseiras. Mas foi em vão.

Faltou ensaiar?

Todo mundo cantou lindamente o Hino Nacional, já o hino do Espírito Santo…

Louvor e olhos marejados

Uma servidora da Assembleia, que também é cantora gospel, entoou a plenos pulmões o louvor “Sobrevivi”, de Sarah Farias, em homenagem a Bolsonaro. Durante a canção, ela foi até o ex-presidente, que chegou a se emocionar.

A burocracia da sessão

Durante alguns momentos da cerimônia, Bolsonaro parecia estar meio entediado. Foram muitos discursos até chegar a sua vez de falar e de ser homenageado.

Infiltrado ou de mudança?

O deputado estadual Adilson Espíndula, que participou da sessão solene que homenageou Bolsonaro na Ales, pareceu meio deslocado na mesa das autoridades. Filiado ao PDT, ele destoava dos demais colegas, todos de direita ou de extrema-direita. O evento não foi postado nas redes sociais do deputado até o fechamento desta coluna e o presidente estadual do PDT, Weverson Meireles, confirmou que Adilson continua no partido. Pelo menos, até o momento.

Adilson Espíndula é o último, à direita

 

ausência sentida

O deputado estadual Zé Preto, que é do PL, não estava presente na sessão solene em homenagem a Bolsonaro. Ao menos, não estava no plenário.

Prefeitos de fora

Nenhum dos prefeitos da Grande Vitória e nem dos principais municípios do Estado estiveram presentes na sessão solene de homenagem ao ex-presidente. Mas teve deputado federal que usou o discurso para atacar prefeitos que são de direita e não se posicionaram a favor de Bolsonaro na eleição do ano passado.

Trânsito caótico e policiamento reforçado

Antes das 14 horas o trânsito em direção à Assembleia Legislativa já estava dando nó, principalmente de quem partia da parte continental. O evento, marcado para começar as 15h, também contou com policiamento reforçado, que se posicionou dentro e fora da Ales. Policiais militares observavam, das escadarias do Legislativo, a movimentação enquanto outros atuavam na revista com detectores de metais.

Policiamento reforçado / crédito: Fabi Tostes

Enquanto isso, Michelle…

A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, teve um café da tarde com as presidentes dos diretórios municipais do PL na tarde de ontem, durante a sessão solene em homenagem a Bolsonaro. Segundo a assessoria do senador Magno Malta, que é presidente estadual do PL, foi um café da tarde com 63 dirigentes.

12 + 1

Durante o discurso, Bolsonaro citou a filha Laura – fruto de seu casamento com Michelle –, que recentemente fez aniversário. Para não dizer que a menina completou 13 anos (número de sigla do PT), o ex-presidente disse que ela fez “12 mais 1 anos de vida”.

“Pense em mim…”

Aliás, depois do “mito”, o nome do Lula foi o mais mencionado durante a sessão.

E pode?

O autor da sessão solene, deputado Danilo Bahiense (PL), pediu ao final das homenagens, que fossem retiradas das atas taquigráficas as menções a Bolsonaro como ex-presidente. Ele pediu para que fosse colocado “presidente do Brasil”.

Tenso!

Após o fim da sessão, Bolsonaro percorreu alguns corredores da Assembleia, saiu do prédio e deu a volta do lado de fora até chegar à garagem. Sempre, seguido, empurrado, amassado pelos seus seguidores, que se espremiam, com celular em punho, para fazer uma foto ou vídeo ao lado do ex-presidente.

Preocupante!

Chamou a atenção, de forma muito negativa, a escalada no tom e nos ataques de alguns discursos durante a cerimônia. Por repetidas vezes e por mais de uma pessoa foi falado que “o pessoal da esquerda”, o “povo do PT” não eram adversários, mas sim inimigos, sob os aplausos e gritos da maioria dos que assistiam a sessão.

O perigo desse tipo de associação, que pode sim ser considerada discurso de ódio, é fazer aumentar ainda mais a polarização e suas terríveis consequências. Principalmente porque “inimigo”, na narrativa bíblica – a qual os expoentes da extrema-direita sempre recorrem – é um dos nomes do Diabo, é aquele para quem não se deve ter compaixão ou comunhão, é o que deve ser destruído, o que não cabe na política.

Até domingo…

A agenda de Bolsonaro no Espírito Santo deve se estender até domingo. Com jantar em churrascarias, participação no evento partidário do PL Mulher amanhã e ida a feiras em Vitória e Vila Velha.

 

Quer receber notícias 100% gratuitas? Participe da Comunidade de Política no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

 

LEIA TAMBÉM: 

No ES, Bolsonaro não comenta sobre delação de Mauro Cid à PF

VÍDEOS: Bolsonaro recebe homenagens no ES