O “Encontro dos Filiados” do PSB, que ocorreu no sábado passado (02), reuniu o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, e lideranças, mandatários e filiados do partido. O evento foi principalmente para confirmar a pré-candidatura do deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB) a prefeito de Vitória e dar alguns direcionamentos aos militantes.
Mas, a presença de uma convidada, sentada à mesa das autoridades – que também é uma mesa de honra – chamou a atenção. A convidada era a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane, que é filiada a um partido de direita e que faz parte da única prefeitura da Grande Vitória que não é aliada do governo do Estado, comandado pelo PSB.
Estéfane foi convidada para o evento pelo anfitrião, Tyago Hoffmann. E o convite não foi só para o encontro. Durante o evento socialista, o presidente do PSB de Vitória, Fabrício Pancotto, e o próprio Hoffmann convidaram, oficialmente, Estéfane para fazer parte das fileiras do partido.
“Fui convidada sim, mas estou avaliando ainda. O último convite (que recebi) foi do Tyago Hoffmann”, disse Estéfane, que pretende, no ano que vem, disputar uma vaga de vereadora na Câmara da Capital.
A vice-prefeita hoje está no Patriota que teve, no mês passado, a fusão com o PTB aprovada pelo TSE – agora os dois partidos formam o PRD. Estéfane, então, vai aproveitar o ensejo da fusão para pular fora da sigla.
“Tenho que mudar porque o Patriota acabou perdendo a estrutura aqui no Estado, com essa fusão com o PTB e também com a falta de espaço político. Acabou ficando um partido pequeno para disputar, não sei nem se vai ter chapa, nada foi definido ainda e a eleição está próxima. Mas, eu recebi convites de vários partidos, até bem antagônicos, e ainda estou maturando, analisando as variáveis e buscando um cenário propício para a minha disputa no ano que vem”, disse Estéfane.
Curva à esquerda?
O fato de Estéfane cogitar a possibilidade de se filiar ao PSB, que é um partido grande de centro-esquerda, sinaliza que a vice-prefeita poderia estar disposta a fazer uma “curva à esquerda” em seu atual posicionamento ideológico.
Oriunda das forças militares, evangélica e conservadora, Estéfane iniciou sua carreira política, em 2020, no Republicanos, onde foi eleita vice-prefeita. Ela formou uma chapa puro-sangue, ao lado do prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), na eleição.
Porém, ainda no primeiro semestre da gestão, começaram os desentendimentos e ruídos, tanto com o partido quanto com o prefeito, e Estéfane resolveu deixar a sigla.
Ela foi para o Patriota – outro partido de direita –, onde disputou, no ano passado, a Câmara Federal. Teve 10.075 votos, mas seu partido não conseguiu votação suficiente para conquistar uma cadeira em Brasília.
aproximação no segundo turno
A proximidade da vice-prefeita com o PSB e com o governo do Estado, porém, não é de agora. Isolada pelo prefeito, Estéfane declarou apoio ao governador Renato Casagrande (PSB) no segundo turno da eleição no ano passado, o que surpreendeu o mercado político.
“Quero agradecer pelo seu empenho, de sempre colocar a coletividade acima das questões pessoais, das questões políticas. O senhor sempre atuou assim dentro do município de Vitória”, disse Estéfane à época, o que foi lido nos bastidores como uma indireta ao prefeito da Capital.
Embora nesse ano tenha iniciado um movimento de aproximação entre o Palácio Anchieta e a Prefeitura de Vitória, na ocasião da eleição, a rixa política entre o governador e o prefeito ainda estava bastante forte, impactando na realização de obras na Capital e descambando em denúncias na Polícia Federal e no Ministério Público Estadual.
Com o apoio, Casagrande conseguiu abrir uma brecha na casa do adversário, porque embora a disputa pelo Palácio Anchieta fosse contra Carlos Manato (PL), era de Pazolini que Casagrande enfrentava a maior oposição.
Estéfane chegou a participar de atos de campanha e, de lá para cá, a proximidade com o PSB foi só aumentando, o que culminou com o convite para a filiação. “Oficializamos o convite”, confirmou o presidente Pancotto. Ele disse que Estéfane, porém, ainda não deu resposta.
Não é segredo para ninguém, que o partido do governador tem, como principal objetivo nas próximas eleições, conquistar a Prefeitura de Vitória, seja pelas próprias mãos ou pelas mãos dos aliados. Tyago Hoffmann tem essa missão, por parte do PSB.
Nas redes sociais, o deputado já subiu o tom contra a atual gestão de Vitória. No próprio evento, seu discurso foi recheado de críticas. A estratégia de convidar a vice-prefeita para caminhar com ele pode vir a ser um trunfo quando a campanha começar para valer. Alguém duvida que a disputa na Capital irá pegar fogo? A conferir.
Em tempo: Procurado, o ex-deputado Rafael Favatto, presidente estadual do Patriota (agora PRD25) disse à coluna desconhecer que Capitã Estéfane tenha a intenção de deixar o partido.
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