Inscrições para eleição do MPES terminam hoje: quatro já estão no páreo

As inscrições para a formação da lista tríplice de onde sairá o novo chefe do Ministério Público do Estado (MPES) terminam nesta segunda-feira (29). Até as 22 horas de ontem (28), quatro candidatos já tinham feito a inscrição. Há a expectativa de que pelo menos mais um concorrente se inscreva hoje.

A eleição será no dia 22 de março, online, e formará uma lista com os três nomes mais votados. Após formada, a lista segue para o governador, que fará a escolha do novo procurador-geral de Justiça. A posse está marcada para o dia 2 de maio.

Entre os já inscritos, dois fazem parte do atual grupo que comanda a instituição e atuam na Procuradoria-Geral de Justiça. São eles: o promotor Danilo Lírio, chefe de apoio ao gabinete da PGJ, e o procurador Josemar Moreira, que é subprocurador-geral de Justiça Judicial.

Os outros dois inscritos são independentes/oposição e são promotores de base: o promotor Pedro Ivo de Sousa, que é titular da 13ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória; e a promotora Maria Clara Mendonça, titular da Promotoria de Fazenda Pública da Serra e, por enquanto, a única mulher na disputa – veja o perfil de cada um ao final da coluna.

Articulações

Há uma grande expectativa a respeito do posicionamento do promotor Francisco Berdeal, um dos cotados para a disputa. Ele atua como secretário-geral do gabinete da PGJ e seria, nos bastidores, o nome escolhido para receber o apoio da atual procuradora-geral de Justiça, Luciana Andrade.

Hoje, no grupo que comanda a instituição, e que já está no poder há 12 anos, há um racha sobre o apoio a um nome para a sucessão. Parte do grupo apoia Danilo, outra parte apoia Francisco e também há quem apoie Josemar.

O que estaria por trás dessa divisão seria a falta de consenso entre a atual PGJ, Luciana, e o ex-PGJ e desembargador Eder Pontes. Embora Eder esteja no TJES, alguns promotores ouvidos pela coluna afirmam que ele ainda exerce muita influência na cúpula da PGJ.

Desde 2012, Eder esteve diretamente envolvido nas formações de listas tríplices da instituição, seja diretamente – participando da lista como candidato e exercendo três mandatos à frente do MPES – ou indiretamente, indicando suas sucessoras – primeiro a procuradora Elda Spedo e depois a promotora Luciana Andrade.

Agora, porém, a situação é outra e alguns episódios já ocorreram que apontam a falta de harmonia na cúpula – como, por exemplo, em novembro, quando o promotor Marcelo Lemos chegou a colocar o cargo de diretor do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOA) à disposição, após desentendimentos com a cúpula – um dos motivos seria a eleição do MPES.

Caso Francisco – que hoje é considerado o candidato de Luciana, mas não de Eder – se candidate, estará estabelecido o embate entre duas forças do mesmo grupo político e a leitura que muitos membros do MPES estão fazendo é que isso pode enfraquecer o grupo, dividir os votos e favorecer a oposição.

Geraria um constrangimento interno enorme se os nomes que representam o grupo da situação receberem menos votos ou não figurarem na lista tríplice.

Nos bastidores, Francisco teria dito a pessoas próximas que tomaria a decisão de se candidatar ou não apenas no último dia, ou seja, hoje. O dia promete!

Marqueteiros na área

Na eleição do MPES apenas os membros (promotores e procuradores) votam, mas isso não quer dizer que não tenha uma campanha política, pedido de votos e até marqueteiros para atuarem até o dia da eleição.

O promotor Danilo contratou a jornalista Andreia Lopes, ex-secretária estadual de Comunicação. Já Pedro Ivo, fechou com a jornalista e diretora de uma agência de comunicação Aline Diniz. Maria Clara vai para a campanha com a jornalista Ananda Miranda, que é secretária de Comunicação da Câmara de Vitória – deixa o cargo no próximo dia 1º – e já atuou em campanhas políticas.

O perfil dos candidatos

Antes de abertas as inscrições, sete nomes eram cotados para as eleições do MPES. Desses, quatro já se inscreveram. São eles:

Maria Clara Mendonça

Titular da Promotoria de Fazenda Pública da Serra, a promotora Maria Clara talvez seja a pré-candidata que mais tem se movimentado nos bastidores. Ela faz parte da oposição ao grupo que está no poder do MPES e nas outras eleições apoiou o promotor Marcelo Queiroz, a quem tenta convencer agora de apoiá-la.

É a primeira vez que vai disputar a PGJ. Figurou na última lista tríplice para a vaga de desembargador, pelo Quinto Constitucional do MPES, recebendo 16 votos, enquanto Eder Pontes, o escolhido, recebeu 21.

 

Pedro Ivo de Sousa

O promotor é titular da 13ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória e também se articula nos bastidores para pôr fim à dinastia de Eder Pontes.

Ex-presidente da AESMP, Pedro Ivo impôs uma importante derrota ao grupo que está no poder ao eleger o seu candidato para a presidência da associação da categoria, em detrimento do candidato de Luciana Andrade, em abril do ano passado. O atual presidente da AESMP deve apoiar Pedro Ivo na eleição.

Josemar Moreira

Considerado o “eterno candidato”, o procurador ocupa hoje a Subprocuradoria-Geral de Justiça Judicial e é o número 3 da hierarquia. Atua dando suporte à PGJ, no planejamento, organização, coordenação, supervisão, controle e avaliação das atividades de natureza jurídica do MPES.

Também esteve presente na lista tríplice para desembargador do TJ, obtendo 21 votos (o mesmo número que Eder Pontes, o escolhido) e também já tentou ser PGJ. Embora faça parte da gestão, Josemar nunca contou com o apoio oficial da cúpula para a disputa pelo MPES.

Danilo Lírio

O promotor Danilo Raposo Lírio atua como chefe de apoio ao gabinete da PGJ. É o candidato apoiado pela subprocuradora-geral de Justiça Administrativa, Elda Spedo, e pelo ex-procurador-geral e atual desembargador Eder Pontes, segundo fontes ouvidas pela coluna.

Promoveu um almoço, no início de outubro, com membros do MPES onde foi tratada sobre sua candidatura, recebendo o apoio de alguns colegas. Porém, o almoço gerou mal-estar porque nem a procuradora-geral, Luciana Andrade, e nem aliados dela foram convidados. Danilo é promotor de Justiça há 13 anos e atua no gabinete da PGJ há 10 anos.

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