Davi Diniz colhe assinaturas de apoio entre deputados para virar conselheiro

Davi Diniz

Se havia alguma dúvida de que o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Davi Diniz, estaria interessado na vaga de conselheiro do Tribunal de Contas (TCES), agora não há mais.

O secretário está colhendo assinaturas de apoio ao seu nome, na Assembleia, para se candidatar à vaga de membro da Corte de Contas, que foi aberta no mês passado com a aposentadoria do conselheiro Sérgio Borges.

Ele começou a telefonar para os deputados estaduais e está indo, pessoalmente, com uma lista, coletar a assinatura dos parlamentares. Há relatos de que o secretário teria ido até para o interior – em Piúma e Cachoeiro – na intenção de se encontrar com alguns deputados para assegurar o apoio.

“Que eu saiba ele está ligando para os deputados”, disse um parlamentar à coluna. “Eu fui o primeiro a declarar apoio a ele e já assinei a lista. Com certeza, Davi será o conselheiro”, disse outro deputado, sob reserva.

A informação foi confirmada por quatro deputados à coluna De Olho no Poder. Dois destes já teriam assinado a lista e os outros dois vão assinar a partir de hoje (23).

Segundo a coluna apurou, os que assinaram a lista, até o momento, fazem parte da base aliada do governo. Alguns já apoiavam o nome de Davi desde o começo e outros até verbalizaram que preferiam que a vaga ficasse com um parlamentar, mas deram o nome em apoio ao secretário.

Articulações

Presidente da Ales, Marcelo Santos saiu da disputa pela vaga de conselheiro

As movimentações de Davi teriam começado após a conversa do presidente da Assembleia, Marcelo Santos (Podemos), com o governador, que ocorreu depois do Carnaval.

O teor da conversa não foi revelado, mas interlocutores do Palácio Anchieta disseram à coluna que foi colocado na mesa o compromisso que Marcelo teria feito com o governador de não concorrer à vaga de conselheiro caso tivesse o apoio do governo para a disputa da presidência da Ales.

Também teria sido discutida a preocupação com a instabilidade que poderia ser criada no Legislativo com a saída de Marcelo da presidência.

O presidente nega que tenha feito um acordo de não disputar a vaga no TCES. Na última terça-feira (20), em entrevista para a coluna, Marcelo disse que a disputa no Tribunal não foi uma condição para o apoio ao comando da Assembleia e que ele que teria se antecipado e dito ao governador que não teria interesse de concorrer.

Logo após esse encontro, Marcelo resolveu sair da disputa de conselheiro e disse que se dedicaria ao comando da Ales, com a intenção de disputar a reeleição de presidente da Casa no ano que vem e a eleição para deputado federal em 2026.

Na entrevista, ele chegou a sinalizar que apoiaria Davi Diniz caso ele se candidatasse a conselheiro. Disse também que trabalharia por um consenso. “Se tivermos disputa, no máximo teremos duas candidaturas e se um parlamentar entender que deva disputar não serei barreira, mas vou trabalhar para que tenhamos um nome de consenso”, disse Marcelo, à coluna.

Por que uma lista de apoio?

Ter uma lista com o nome e a assinatura dos parlamentares é a forma mais comum de um candidato viabilizar o seu nome para a disputa. Independentemente de qual disputa. Para o comando da Assembleia teve lista de apoio, para a formação de blocos no Legislativo e presidência de comissões também, assim como em outras eleições para a vaga de conselheiro.

Com uma lista em mãos, caso consiga o apoio da maioria dos parlamentares, Davi acaba intimidando qualquer outro candidato a se lançar contra ele, deixando o ambiente muito mais propenso à construção de uma candidatura de consenso.

É uma forma de se antecipar e demonstrar força, principalmente porque a votação que vai eleger o próximo conselheiro é secreta. E mesmo que no dia possa haver algumas surpresas e traições, assinar uma lista se comprometendo a votar num candidato tem peso e força.

Além disso, Davi Diniz não é deputado e a vaga em jogo no Tribunal de Contas pertence à Assembleia. Ou seja, ele precisa ser indicado por um deputado para entrar na disputa. Não tem como se inscrever de forma autônoma. Com lista ou sem lista, ele precisa do apoio formal de um deputado.

Os deputados que falaram com a coluna disseram que, até o momento, não foram procurados pelo governador Renato Casagrande (PSB) para tratar do assunto. Mas todos são unânimes em afirmar que, se Davi Diniz colocou o bloco na rua e está pedindo apoio é porque ele tem a benção do Paláco Anchieta.

Desde o início das especulações sobre a vaga, antes mesmo de Sérgio Borges se aposentar, o chefe da Casa Civil já tinha o nome cotado e era visto como um dos favoritos na disputa.

Em tempo: A coluna tem tentado, nos últimos dias, uma entrevista com Davi Diniz para tratar sobre o assunto e tentou ontem, novamente, falar com ele. Mas, ele não retornou aos contatos da coluna. Assim que houver manifestação, a coluna será atualizada.

>> Quer receber nossas notícias de política 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

 

LEIA TAMBÉM:

VAGA NO TCES: Marcelo Santos sai do jogo e diz que vai trabalhar por nome de consenso

VAGA NO TCES: As questões que ficarão para depois do Carnaval