ENTREVISTA: “Minha decisão não tem volta”, diz Ramalho, de saída do Podemos

Coronel Ramalho Secom / Governo do ES

Na tarde desta sexta-feira (16), o coronel Alexandre Ramalho, ex-secretário estadual de Segurança Pública, comunicou a imprensa e o mercado político que está fora do Podemos – partido pelo qual disputou uma vaga à Câmara Federal em 2022 e ficou como 1º suplente.

Numa rápida entrevista à coluna De Olho no Poder, Ramalho contou os motivos que o fizeram tomar a decisão e os próximos passos que tomará a partir de agora.

Fez mistério sobre para qual legenda irá, mas deixou clara sua insatisfação com o atual abrigo político: “Importante a gente consolidar um projeto que realmente nos enxergue, não ficar num projeto que só interessa a um grupo político”, alfinetou.

Contou também como foi a conversa com o presidente do Podemos, Gilson Daniel, a quem disse que a decisão já estava tomada e que não haveria recuo. E também falou sobre o dia tomado por reuniões com lideranças do União Brasil e do Republicanos – inclusive com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.

Ramalho no Instagram: indireta para alguém?

Leia a entrevista na íntegra:

Coluna De Olho no Poder – O senhor decidiu mesmo sair do Podemos?
Coronel Alexandre Ramalho – Decidi. Chegou a hora de cruzar novos rumos, tomar novos novos rumos na vida.

E vai para qual partido?
Eu continuo observando. Tenho um prazo legal que me permite avaliar alguns partidos. Vou usar esse prazo até o limite em que eu puder. Mas estou conversando com as lideranças, tanto de Vila Velha quanto de Vitória, e avaliando o melhor cenário.

Vi que o senhor teve um encontro hoje com o prefeito de Vitória, Pazolini. O Republicanos está com um pé à frente para te filiar?

Aridelmo, Pazolini e Ramalho: encontro antes de comunicar saída do Podemos

Tive uma conversa boa com o prefeito Pazolini, até mesmo entendendo o contexto de Vitória, os projetos dele, nesse encontro que foi promovido pelo presidente Erick Musso. Temos tido uma conversa boa com o Republicanos, uma conversa boa também com o Progressista.

Agora é avaliar pra ver qual o melhor caminho, o que vamos fazer ou se não vamos fazer nada. Mas, o fato é que a decisão de sair do Podemos é porque fica sempre nessa expectativa se o governador vai trazer alguém, se Ramalho vai assumir a suplência, então eu já me desvinculo disso.

Você está abrindo mão da suplência…
Estou abrindo mão, estou abrindo mão assim como saí da secretaria (Sesp), que muita gente não acreditava. Estou abrindo mão da suplência, assim como muita gente também não acreditava, achando que eu fosse ficar amarrado a esse jogo político. Estou me liberando dessas possibilidades e deixando o partido seguir o rumo dele como entender melhor.

Mas sua saída aumenta a aposta de que você irá disputar a Prefeitura de Vila Velha…
Eu tive uma conversa também com Rigoni, do União Brasil e teve essa conversa com o Pazolini. Então, outras oportunidades podem surgir. Acho que agora é avaliar o cenário, sem se precipitar. Porque, na política, se você tomar um passo pra voltar atrás depois é muito complicado. Então, a melhor decisão agora é estar livre dessa especulação de Brasília. Pra que realmente possa fomentar o melhor caminho, sempre na conversa, no diálogo, entendendo o contexto e qual a melhor decisão, mas confesso que ainda não tomei, não.

Mas então porque você decidiu deixar o Podemos? Sentiu que não haveria nenhuma chance de assumir a Câmara Federal?
Não, não é que eu senti que não teria chance, poderia até ter chance, mas eu percebi que fica essa especulação e aí as pessoas acreditam que você está metido num jogo político. Esperando um momento de um deputado vir pra secretário, o momento dessa mexida no tabuleiro e que você vai aceitar isso plenamente. Acho que teve a oportunidade disso acontecer, durante todo o ano passado, início desse ano, mas não aconteceu. Vou me liberar disso, porque, do contrário, fico num jogo muito especulativo e não é essa a minha intenção.

Ramalho e Rigoni também se reuniram nesta sexta-feira

E sobre agora essa especulação que se cria que você deve disputar a Prefeitura de Vila Velha? Porque sua decisão reforça isso…
Continuo dialogando, continuo conversando, continuo tendo agendas com pessoas que vivem na cidade. Mas também não deixando de dialogar com Vitória e acho que, lá na frente, a melhor decisão será tomada, o que eu entender que é melhor pra mim. Importante consolidar um projeto que realmente nos enxergue, não ficar num projeto que só interessa a um grupo político. Escolher qual partido, escolher as pessoas que realmente querem fazer um projeto de grupo, que querem pensar em Vila Velha, Vitória, mas também o Estado como um todo. Nossas intenções são as melhores possíveis.

E como o Gilson Daniel reagiu? É uma decisão sem volta?
É sem volta. Falta agora só formalizar. Liguei, ele não pode atender, mandei uma mensagem pra ele dizendo que eu iria me desfiliar e pedindo orientação de como proceder pra isso realmente acontecer. Então, hoje ainda estarei filiado, mas segunda ou terça-feira da semana que vem eu mando para o cartório, para o partido. Só falta essa linha burocrática apenas, mas a decisão está tomada.

Mas ele tentou te convencer a ficar?
Não, nós tivemos uma conversa na semana passada, que ainda não era o comunicado oficial, mas a conversa pairou também nesse sentido. Obviamente que ele é o presidente do partido, tentou reforçar para que isso não acontecesse, mas hoje acho que ele sentiu que a decisão estava tomada e que não haveria mais nenhum sentido insistir em outra decisão.

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