Delegado que investigou supostas fraudes na Lava-Jato será o novo chefe da PF no ES

Márcio Magno Carvalho Xavier é o novo superintendente da Polícia Federal no Estado

O delegado federal Márcio Magno Carvalho Xavier, ex-titular da Delegacia da PF em Sorocaba (SP), será o novo superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo. Magno Xavier ainda não assumiu, mas é o nome indicado e sua nomeação deve ser publicada pelo governo federal ainda nesta semana.

Ele já deixou a Delegacia da Polícia Federal em Sorocaba, onde atuava há um ano, e só estaria aguardando a nomeação para assumir a Superintendência da PF capixaba, segundo apurou a coluna com fontes da PF de São Paulo e do Espírito Santo.

Desde que o delegado Eugênio Ricas assumiu a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), em fevereiro, que a PF no Estado está sendo comandada interinamente pelo delegado Arcelino Vieira, que antes era delegado regional de Polícia Judiciária.

Arcelino confirmou à coluna a indicação de Magno Xavier para ser o novo superintendente, mas informou que mais informações sobre o delegado só seriam repassadas após a nomeação.

Formado em Direito e com pós-graduação em Direito Processual, o delegado já atuou em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Amazonas.

Atuação

Antes de ser indicado para assumir a PF-ES, Magno Xavier estava à frente da Delegacia da PF de Sorocaba, vinculada à Superintendência de São Paulo. Mas, em 2016, atuava como corregedor da Polícia Federal no estado paulista.

De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, em setembro de 2016, o delegado pediu a abertura de um inquérito policial para investigar supostas irregularidades, por parte de policiais federais, em diligências no início da operação Lava-Jato – operação essa que culminou com a prisão do presidente Lula. Ele chegou a pedir quebra de sigilo de integrantes da PF.

De acordo com a reportagem, o inquérito era sobre a suspeita de conduta ilegal de integrantes da PF em 2014 “por terem supostamente utilizado Meire Poza, que havia sido contadora do doleiro Alberto Youssef, como ‘agente infiltrada’ de maneira informal, colhendo informações por meio de documentos e de gravações”.

A apuração aponta ainda a possibilidade de ter havido uma busca e apreensão falsa no escritório de Meire para “esquentar” as provas entregues por ela para que pudessem ser usadas em ação penal. Que Meire, inclusive, seria uma colaboradora informal, que teria recebido benesses dessa colaboração, mas que não foram formalizadas.

As investigações foram iniciadas em São Paulo e depois transferidas – a contragosto do delegado Magno Xavier – para Curitiba (PR), onde o inquérito foi arquivado, em 2017. No ano passado, por determinação judicial, o inquérito teria sido reaberto, mas sob sigilo.

Grampo

Num outro episódio, também noticiado pela Folha de São Paulo, o delegado Magno Xavier também teria se colocado contra os métodos da força-tarefa da Lava-Jato.

Em junho de 2017, Magno Xavier assinou uma manifestação, endereçada à Justiça Federal, em que criticava o que chamou de arquivamento “abrupto e antecipado”, por parte da força-tarefa, de um inquérito da Polícia Federal que investigava a instalação de um grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef.

O inquérito era para descobrir o que motivou e quem ordenou a instalação da escuta, sem autorização judicial, e se houve uma tentativa de abafar ou esconder o caso, que ocorreu em 2014.

“Os procuradores atipicamente requerem o arquivamento do inquérito policial, antes mesmo da realização de diligências básicas e da confecção do relatório final”, teria dito Magno Xavier na manifestação à Justiça Federal, segundo a reportagem.

 

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