Após as mudanças partidárias de Audifax Barcelos (PP) e Pablo Muribeca (Republicanos) e a passagem de bastão do prefeito Sergio Vidigal (PDT) para Weverson Meireles (PDT), mais dois partidos ensaiam entrar no jogo eleitoral da Serra e lançar dois pré-candidatos à prefeitura.
PT e PL lançam nos próximos dias os nomes que irão representar os partidos no maior colégio eleitoral do Estado. Um quer capitanear votos pegando carona no capital político do presidente Lula (PT). O outro, no do ex-presidente Bolsonaro (PL).
No município, Bolsonaro foi o mais votado no segundo turno das eleições de 2022, obtendo 53,11% dos votos válidos. Já Lula somou 46,89%. É claro que dois anos se passaram e a votação de 2022 pode não mais refletir a vontade do eleitor, mas para quem vai apostar numa possível transferência de votos, de cima pra baixo, não deixa de ser um indicativo.
Pelo PL, quem terá o nome lançado no próximo dia 26 será o vereador Igor Elson, que esteve em Brasília no mês passado – na mesma comitiva que acompanhou a filiação de coronel Ramalho – e, segundo ele, Bolsonaro chancelou sua pré-candidatura na Serra.
“Vamos virar a chave na Serra, o jogo mudou totalmente com o PL na majoritária. Bolsonaro teve 140 mil votos aqui”, disse Igor, na defesa de sua pré-candidatura.
Embora tenha sido secretário de Audifax e lançado por ele à Câmara de Vereadores, Igor diz que quer romper com a dobradinha Vidigal-Audifax que se reveza no comando do município desde 1997. “Vamos quebrar um monopólio de 30 anos na cidade”, afirmou.
Embora o PL esteja lançando chapa puro-sangue em muitos municípios, Igor Elson disse que já tem dois partidos em apoio à sua pré-candidatura: o Novo e o PRTB. Mas ter um vice do próprio partido (PL) também não está descartado.
Do outro lado…
Do lado oposto, o PT lança no dia 10 ou 11 de maio o ex-deputado estadual Roberto Carlos também para concorrer à Prefeitura da Serra. Estreante também na disputa a prefeito – já tentou ser governador em 2014 –, Roberto Carlos já tem se movimentado na cidade, mas sua pré-candidatura ainda precisa ser definida dentro do grupo político.
O PT compõe uma federação, juntamente com o PV e com o PCdoB e, para lançar uma candidatura própria, os três partidos precisam chegar a um consenso. Segundo Roberto Carlos, o PCdoB já teria declarado apoio à sua pré-candidatura.
“Estamos finalizando a definição na federação. A conversa vai ser também com a federação estadual, porque leva em consideração outros municípios. A conversa avançou bastante internamente no PT e como temos o apoio do PCdoB e o PV ainda não se manifestou, acho que não vai ter problema. Acho que dará tudo certo e eles participarão com a gente no lançamento da pré-candidatura”, apostou Roberto Carlos.
Fora da federação, Roberto Carlos também já tem conversado com outras legendas. Segundo ele, o Psol estaria bem próximo, mas o partido também está numa outra federação – com a Rede – e não pode definir sobre apoios sozinho. “A conversa foi boa com o Psol, mas como o partido faz parte de uma federação, precisa aguardar. Pode ser que os militantes do Psol nos ajude na caminhada”.
As alianças
Nacionalmente, PL e Republicanos caminham juntos, assim como PT e PDT. Há situações em que as alianças nacionais se impõem e acabam passando por cima dos acordos regionais. No Estado, porém, há algumas nuances interessantes.
PL e Republicanos andam se estranhando desde que o partido de Bolsonaro fisgou Coronel Ramalho, pré-candidato a prefeito de Vila Velha, que já estava com um pé para se filiar ao Republicanos.
Dando o troco, o Republicanos tomou o pré-candidato do PL à Prefeitura de Aracruz, o delegado Leandro Sperandio, que se filiou ao Republicanos para tentar ser prefeito.
O clima não está nada tranquilo e favorável entre os dois partidos de direita e conservadores e, a preço de hoje, é impossível imaginar que eles irão caminhar juntos nas eleições de outubro em algum município.
Já o PT e o PDT, tirando as críticas de Ciro Gomes, têm nacionalmente uma aliança e os pedetistas contam com indicações no 1º escalão de Lula. No Estado, porém, a aliança mais forte do PDT não é com o PT, mas sim com o PSB do governador Renato Casagrande.
Os socialistas não terão candidatura própria na Serra e já declararam que irão apoiar Weverson, o candidato do PDT, na eleição. O presidente do PSB, Alberto Gavini, em entrevista anterior à coluna, disse que o partido teria interesse na vaga de vice na Serra, mas as negociações se esfriaram um pouco.
A aliança entre o PSB e o PDT, porém, não significa que o PT e o PDT não possam tentar uma dobradinha em alguns municípios, como por exemplo, em Vitória e na Serra. Os dois partidos têm pré-candidatos nos dois municípios, mas para o PT a prioridade é a eleição de João Coser em Vitória e, para o PDT, a prioridade é manter a Prefeitura da Serra no grupo de Vidigal.
Duas candidaturas do mesmo polo acabam dividindo os votos e o que acontece, normalmente, é uma negociação entre as siglas para um apoio mútuo, retirando uma das candidaturas para juntar forças com o outro partido em determinado município, repetindo a jogada em outra cidade, beneficiando o primeiro partido preterido.
Dificilmente, porém, Roberto Carlos (PT), na Serra, e Sergio Majeski (PDT), em Vitória, vão aceitar sair do jogo em nome da geopolítica. Não, de bom grado.
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