Após filho deixar comando do PDT, Vidigal diz que candidatura de Weverson está mantida: “Tô confiante”

Weverson e Vidigal durante posse como chefe de gabinete: sucessor

O prefeito Sérgio Vidigal participou, na noite de segunda-feira (17), da inauguração do “Espaço Conexão 12”, que vai reunir, num só lugar, um centro de apoio para os pré-candidatos a vereador do PDT na Serra e o comitê de campanha de Weverson Meireles, o pré-candidato a prefeito do município e sucessor de Vidigal.

O evento lotou, contando com a participação de aliados, vereadores, do deputado Alexandre Xambinho (Podemos) e até do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) que discursou reafirmando o apoio ao grupo de Vidigal. O clima foi de festa.

Mas o encontro ocorreu apenas quatro dias após o filho do prefeito, Eduardo Vidigal, deixar o comando estadual do PDT, revelando toda sua insatisfação com a pré-candidatura de Weverson e o que parece ser um racha interno do grupo com relação ao futuro da Serra.

“Eu, como presidente, preciso me identificar com o candidato e desde o momento que começou a fazer esse movimento (de lançamento de Weverson), eu me posicionei de que não era a favor, mas a maioria decidiu por ele. O nome não é competitivo, é uma pessoa que não é conhecida na cidade”, alegou Eduardo à coluna, na ocasião.

Ele assumiu o PDT com a saída de Weverson, que deixou a presidência para cuidar da pré-campanha. Ficou dois meses à frente do partido e o entregou para o pai, segundo Dudu.

Já Vidigal diz que o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, entrou em contato e lhe pediu para ficar à frente da legenda por mais seis meses. Vidigal também colocou panos quentes sobre as falas de Dudu, como é conhecido seu filho mais velho. Disse que ele deve ter “se confundido” e tratou de abafar qualquer possível divergência interna.

Nessa entrevista para a jornalista Fabi Tostes da coluna De Olho no Poder, Vidigal disse que Dudu e outros pedetistas gostariam que ele fosse o candidato, mas que não há chances disso ocorrer. Ele descartou, novamente, disputar e disse que está confiante na pré-candidatura de Weverson: “Vamos chegar ao segundo turno”.

Vidigal também fala sobre o estado de saúde da primeira-dama, Sueli, e sobre 2026: “O PDT estará junto com o projeto do governador Renato Casagrande”.

Leia abaixo a entrevista:

DE OLHO NO PODER – Prefeito, na semana passada, o seu filho Eduardo Vidigal nos deu uma entrevista afirmando que estava entregando o comando do partido. O senhor é o novo presidente?
PREFEITO SERGIO VIDIGAL – Quando acabou o mandato do Weverson, a Executiva nacional do PDT fez uma renovação por seis meses. Quando acabou a renovação, para editar a nova Executiva, o Lupi me ligou e disse que já que eu não seria candidato se eu poderia assumir a nova nominata. O Dudu, na verdade, não chegou a assumir, ele era vice do Weverson. Ele ficou lá depois que o Weverson se afastou para cuidar da pré-candidatura.

Eu disse para o Lupi que não havia problema, só não queria ficar definitivo. Ele fez uma nominata agora, provisória, com o compromisso de daqui a seis meses eu puxar uma convenção, da qual eu não serei candidato a presidente. Fico até terminar as eleições e a partir daí convoco uma convenção para o partido.

O Eduardo disse que resolveu entregar o comando por não concordar com a pré-candidatura do Weverson na Serra…
Eu acho que o Dudu deve ter se confundido nesse aspecto, porque houve o encerramento do mandato do Weverson e estavam numa comissão provisória. A questão do Eduardo é que ele, como a grande maioria das pessoas mais próximas, acha que se eu fosse o candidato seria uma eleição menos difícil. Eu respeito. Até hoje tem pessoas que acreditam que eu possa, de fato, ser candidato, mas esse é um fato que está consumado, é só ver as ações que estão ocorrendo após tudo isso. Ontem (segunda) mesmo lançamos o Conexão 12, teve a presença dos partidos que estão discutindo a aliança em torno do nome do Weverson, o próprio governador já cita o nome do Weverson.

A fala do Eduardo é um desejo de que eu fosse o candidato, mas eu tenho convicção de que não há nada que desabone o Weverson. Eleitoralmente, a gente não pode cobrar do Weverson o peso que eu teria no início de uma disputa, mas quem está envolvido com a eleição somos nós da classe política, a população, ainda não. Eu vejo que o jogo ainda não começou.

Então o senhor descarta totalmente voltar atrás e ser candidato?
Já pensou que vergonha minha depois de tanto movimento eu dizer: ‘Olha, eu vou ser candidato’?!

Mas isso já aconteceu antes, não seria a primeira vez no cenário político capixaba…
Mas, comigo não. Eu nunca tive duas palavras. Eu sei que tem muito isso, às vezes o cara dá seta para a direita e vai para a esquerda. Mas não sou favorável a esse modelo de política. Uma vez eu falei com você, lá atrás, que eu não seria candidato. Eu sou um homem previsível. Então, não existe a chance de eu falar uma coisa e depois passar para outra. É uma coisa que está consolidada.

Eu tô animado com a candidatura do Weverson, estou confiante, nós vamos chegar ao segundo turno. A eleição da Serra é uma eleição de dois turnos. Tem alguns partidos que estão empenhados com ele, ontem (segunda) foi prova disso, com a participação do União, MDB, Rede, Podemos, PSB. A única coisa que eu descarto é fazer qualquer tipo de composição no primeiro turno, de não ter candidato e compor com os candidatos colocados da Serra, porque não representa o nosso projeto.

Então o senhor descarta retirar a candidatura do Weverson para ele ser vice de outro candidato?
Isso não existe (ser vice de outro candidato). O projeto de todos eles não contempla o nosso, nós temos projetos para oito anos, nós estamos na metade do projeto. Então tem muita coisa já entregue, muita coisa planejada, a gente sabe que a cidade teve vários avanços. O que estava instalado antes de eu assumir não nos contempla. A gente precisa avançar mais.

Da mesma forma que em 2004 nós decidimos que Audifax era o nosso projeto – e ele veio no mesmo modelo do Weverson, fazia parte da gestão, do planejamento nosso – é o que representa o Weverson hoje para nós. Não é uma crítica pessoal contra ninguém, mas o nosso projeto é bem definido. O Weverson está conversando com vários segmentos, agora mesmo eu participei da apresentação do plano de governo dele. A candidatura do Weverson está consolidada.

Quando o senhor lançou a pré-candidatura do Weverson, o senhor falou sobre a possibilidade de conversar com Audifax. Teve essa conversa?
Continuo disposto a conversar com todo mundo. Mas conversar, e não abraçar a candidatura de ninguém, isso nunca passou pela minha cabeça. Nós não conversamos sobre o processo eleitoral, mas se o Audifax um dia quiser conversar, estou à disposição.

Nós demos uma pesquisa e, pelo menos quando ela foi realizada, o Weverson não tinha uma candidatura competitiva. Já quando seu nome entra, vence em todos os cenários…
A pesquisa da Futura foi feita no dia 5 de abril (a pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 9 de abril). Nós divulgamos a pré-candidatura do Weverson no dia 16 de março. Então, a gente não tinha feito ainda nenhum movimento, porque o período não era para isso. Depois que o Weverson saiu da gestão, a gente tem feito muitos movimentos.

O senhor acha que de lá pra cá ele cresceu?
Com certeza. Não que eu não esteja reconhecendo o peso de cada um, mas nós entendemos que os resultados que foram produzidos, mais os movimentos, me fazem crer que é um bom momento para fazer uma virada de chave qualificada de um projeto que se alterna há 28 anos. Não estou dizendo que isso irá acontecer, mas é um bom momento para esse debate.

O senhor não teme que o PDT possa perder a eleição?
Se a gente não conseguir convencer a população que nós temos o melhor projeto, isso é democracia e a gente vai respeitar. Porque se a minha prioridade fosse ganhar de qualquer jeito, eu teria feito um esforço maior e sido o candidato, porque teria uma chance muito maior. Como é uma eleição de dois turnos, a gente tem muita chance de passar pela primeira etapa e, depois, numa segunda etapa, a eleição zera.

No comitê de campanha 

É um desafio. Lógico, corremos risco? Corremos. Vê que o governador Renato Casagrande, com o governo bem avaliado, correu risco. É a política.

A única coisa que vamos trabalhar para que não ocorra é esse debate de direita e esquerda, porque prefeitura não discute os temas nacionais, é uma prestadora de serviço. Então, tanto o cidadão de direita quanto o de esquerda precisa matricular o seu filho na escola pública, precisa da saúde pública. Então o que a gente quer discutir é quem tem o melhor projeto. Tem esse cuidado para não entrar nessa polarização de direita e esquerda. Numa eleição municipal, essa ideologia não tem nenhum tipo de interferência.

Já foi definido o vice do Weverson? Ou quem está mais próximo de ser?
Todos os partidos têm expectativa. O Podemos já colocou interesse, o MDB já colocou interesse, o União… Mas o sentimento que eu tenho é que não tem uma imposição. O PSB disse também que gostaria de colocar o vice. E temos uma boa relação com o Vandinho. Porque eleição boa não é aquela que você monta a chapa que agrada todo mundo. Eleição boa é aquela que ganha.

O Weverson é novo, vai ter que ver qual o cenário que vai agregar mais no momento. Algum candidato a vice que simbolize algum segmento, que agregue mais os partidos. Mas a discussão é um pouco mais à frente, até porque é muito complicado definir o vice agora porque pode correr o risco de se isolar.

E em 2026, quais os projetos do senhor? Pretende disputar as eleições, uma vez que seu nome já foi cotado para a disputa ao governo do Estado e também para voltar ao Congresso?
Eu estou tomando uma decisão dura na minha vida, agora nesse momento eu não tenho nenhum projeto. O que eu posso dizer é que o PDT estará junto com o projeto do governador Renato Casagrande, isso eu posso garantir. Agora essa questão de 2026 eu não tenho ainda isso construído na minha cabeça.

Mas o senhor não está pendurando as chuteiras, está?
Não, eu sou médico. Eu tenho que manter minha família.

Mas e na política?
Na política eu não sei. Se eu puder, na minha vida, contribuir com alguma coisa desde que eu não penalize a minha família, estou à disposição.

E a primeira-dama Sueli, como ela está?
Ela está melhor, está se cuidando direitinho. Mas foi uma experiência muito ruim no ano passado. Porque na política você não é dono mais dos seus atos. E ninguém quer saber se você tem problemas. Eu enxerguei que eu preciso não incorrer no mesmo erro que cometi com a minha mãe quando ela estava com Linfoma de Hodgkin. Sinto em mim que eu poderia ter dado uma atenção melhor a ela se eu não tivesse envolvido com mandato. E na vida você não consegue voltar atrás depois que o tempo passa.

Então, eu sei que é uma decisão difícil, mas é uma decisão que todo mundo tem que respeitar porque a política não pode ser a única alternativa da sua vida. Já fui deputado estadual, federal, vereador, prefeito e minha aposentadoria vai ser de médico, de dois empregos concursados que eu tive. Não sou profissional nisso (política). Minha profissão é médico.

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Em tempo: o prefeito Sergio Vidigal também falou sobre o recuo do ex-deputado Sergio Majeski da disputa pela Prefeitura de Vitória e sobre os rumos do PDT da Capital, que serão tratados numa próxima coluna.

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