Disputa em Colatina: 4 cotados e 3 indefinições

Guerino, Renzo, Luciano e Vinícius: os cotados para a disputa a prefeito de Colatina

A pouco mais de quatro meses das eleições municipais, o cenário político em Colatina já está se desenhando. Por enquanto, quatro nomes estão entre os cotados para a disputa majoritária, ou seja, para a eleição de prefeito, mas o número pode aumentar.

Isso porque há dois partidos – um de direita e outro de esquerda – que podem lançar candidatura própria no município. Um deles é o PT que, aliás, deve definir o rumo que irá tomar amanhã (04).

O outro é o Republicanos, que tem como quadro o ex-prefeito e atual deputado estadual Sergio Meneguelli, que é sempre lembrado nas eleições do município.

Fora os dois, há ainda três pré-candidatos que hoje estão na oposição e que vão desafiar o atual prefeito, Guerino Balestrassi (MDB), para tomar o comando de Colatina.

Com um colégio eleitoral de 87.165 eleitores – segundo dados do TRE-ES –, há quem faça a leitura que a oposição estaria muito dividida, o que facilitaria a vida (e a reeleição) do atual prefeito. Mas, o jogo está só começando nas terras da “Princesinha do Norte”.

Rumo à reeleição

Casagrande e Guerino Balestrassi em evento em Colatina / crédito: Secom/ES

O prefeito Guerino Balestrassi (MDB) vai disputar a reeleição e tentar um quarto mandato à frente de Colatina. Embora ainda não tenha lançado sua pré-candidatura, desde o ano passado, Guerino se movimenta para isso.

Numa entrevista que deu à coluna De Olho no Poder há exatamente um ano, Guerino anunciou parte de suas articulações, entre elas, dar visibilidade às obras realizadas na cidade e atuar na formação de chapas de vereadores em partidos aliados. Ele chegou a mostrar uma lista com o nome de 60 possíveis pré-candidatos à Câmara Municipal.

Na entrevista, ele disse que o povo colatinense “cobrava” sua participação nas eleições. “Tem muita chance de eu disputar porque a própria população cobra isso. O instituto da reeleição acaba pressionando para que isso aconteça, para que exista o debate”.

Na ocasião, ele disse também que iria em busca de partidos aliados e até de adversários, para formar uma frente ampla na disputa. De acordo com interlocutores do prefeito, com algumas legendas ele teve sucesso.

Além do MDB, estariam com Guerino os partidos PSDB, PDT, PP, PSB, Podemos e PRD. Ele também estaria com conversas bem avançadas com a federação PT-PCdoB-PV, em busca de apoio.

De aliado a concorrente

Piquet, Renzo e Erick Musso

Mesmo com uma frente ampla, Guerino não encontrará vida fácil na campanha. Isso porque seus opositores já estão pavimentando a pré-campanha. Um deles é o ex-deputado Renzo Vasconcelos (PSD), que é pré-candidato a prefeito e também tem se articulado para formar alianças com partidos importantes nos cenários capixaba e nacional.

Além de presidir o PSD, Renzo disse contar com o apoio do União Brasil, do Avante e do Republicanos. Aliás, em Colatina, o Republicanos é presidido pelo pai de Renzo, Pergentino Júnior. O vice-presidente é o deputado Sergio Meneguelli.

Segundo Renzo, PSD e Republicanos já têm feito dobradinhas em alguns municípios, como na Serra e em Aracruz, e em Colatina estaria bem próximo de fechar a aliança.

Renzo disse que a construção tem sido feita com o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso. “Precisamos estar unidos na mesma direção e o PSD caminhará com o Republicanos. Erick tem construído com a nossa orientação”, disse Renzo, que também estaria em contato com Meneguelli: “Converso muito com ele. Grande liderança e grande amigo”.

O ex-deputado era aliado do atual prefeito e, na eleição passada, seu grupo político teria até indicado o nome do vice na chapa de Guerino – Rogério Resende –, e ajudado bastante na eleição do atual prefeito. Agora, porém, ao que tudo indica, os dois estarão em lados opostos.

Em 2022, Renzo tentou uma cadeira na Câmara Federal. Teve 82.276 votos, mas não conseguiu se eleger por conta da legenda. Desses mais de 80 mil, 24.300 foram de Colatina.

O representante do bolsonarismo

Luciano Merlo no lançamento da sua pré-candidatura

O contador e reitor do Centro Universitário Castelo Branco, Luciano Merlo (PL), é o representante – ou ao menos trabalha para ser – do bolsonarismo em Colatina. No dia 25 de abril, ele teve a pré-candidatura a prefeito lançada no município e, segundo ele, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Sou o pré-candidato do PL em Colatina, com aval do nosso presidente estadual, senador Magno Malta, e apoiado pelo nosso eterno presidente Jair Bolsonaro”, disse Luciano à coluna.

Não será a primeira vez que Luciano tenta ser prefeito de Colatina. Em 2020, filiado ao Patriota, o contador ficou em segundo lugar na disputa, perdendo para Guerino por apenas 631 votos (1% dos votos válidos).

Em 2022, foi candidato a deputado estadual pelo PP, teve 6.336 votos e ficou como suplente.

Embora o PL esteja lançando pré-candidaturas sem apoio de outros partidos e fechado em chapas puro-sangue, em Colatina, o partido conversa com outras duas legendas: Novo e PRTB e há chance dos três caminharem juntos em outubro. Mas, há um porém.

Novo também tem pré-candidato

Vinícius Bragatto em encontro do Novo

PL, Novo e PRTB formam um grupo no município de Colatina. Os três têm articulado e discutido sobre as eleições e haveria, nos bastidores, um combinado para que quem estivesse melhor nas pesquisas fosse o candidato do grupo, isso porque o Novo também tem pré-candidato a prefeito.

Trata-se do empresário e administrador Vinícius Bragatto. Ele ainda não lançou sua pré-candidatura, mas é o nome do partido para concorrer. É irmão do ex-vereador de Colatina e atual secretário e Transporte de Baixo Guandu, Renann Bragatto. No mandato passado, Renann foi um ferrenho opositor à gestão do então prefeito Sergio Meneguelli.

Em 2022, Vinícius foi candidato a deputado estadual, pelo Solidariedade, e teve 7.186 votos. Segundo ele, foi o segundo candidato mais votado em Colatina, perdendo apenas para Meneguelli (que teve 25.181 votos na cidade).

Vinícius confirmou à coluna a existência do grupo e de um “acordo”. “Existe um pré-acordo para que o nome que estiver melhor seja o candidato do grupo. Pesquisas de bastidores mostram nosso nome à frente”, disse o empresário.

Questão é saber se o acordo será cumprido e se os dois pré-candidatos estariam dispostos a abrir mão da cabeça de chapa em favor do outro. Questionado, Luciano Merlo disse que a possibilidade dos três partidos caminharem juntos na eleição existe, mas desconversou sobre quem abriria mão: “Isso ainda não entrou em pauta. No momento, estamos analisando os cenários e as possibilidades”.

Não há prazo para que a indefinição no G-3 seja resolvida.

E Meneguelli?

Sergio Meneguelli / crédito: Ales

O deputado estadual Sergio Meneguelli (Republicanos) ainda não falou publicamente sobre qual será seu posicionamento nas eleições de Colatina: se será candidato, se apoiará alguém ou se descarta participar do jogo político esse ano em sua terra natal.

Capital político, ele sabe que tem. Foi o deputado estadual mais votado da Assembleia em 2022 (teve 138.523 votos), numa disputa que entrou a contragosto. Meneguelli era pré-candidato ao Senado, mas teve a pré-candidatura retirada pelo partido às vésperas do início da campanha.

Em 2020, mesmo tendo a possibilidade, não quis disputar a reeleição como prefeito e também não fez um sucessor: não apoiou ninguém ao cargo. A mesma postura ele tomou em 2022: não apoiou ninguém para governador e nem para presidente. E há quem aposte que ele fará o mesmo nesse ano.

Embora não esteja fazendo movimentos que apontem para uma candidatura, o nome de Meneguelli sempre acaba sendo lembrado ou requerido, para apoios. Até o momento, porém, nenhum sinal da parte do deputado.

Agora, caso ele bata o pé para ser candidato, vai enfrentar dificuldades dentro do próprio partido. Como a coluna já citou, o Republicanos em Colatina é presidido pelo pai de Renzo Vasconcelos, que é pré-candidato a prefeito e espera contar com o apoio do partido em sua campanha.

O presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, foi procurado pela coluna e questionado sobre como vai ficar o partido no município, mas até o fechamento da coluna, não retornou aos contatos. Meneguelli também não respondeu aos contatos.

PT decide a vida amanhã

Genivaldo, a esposa Rita e Contarato (centro)

No lado oposto, o PT também cogita lançar candidatura própria em Colatina. O partido se reúne amanhã para decidir se terá candidato ou se irá apoiar o atual prefeito, Guerino.

Se o partido optar por ter um nome na disputa, o pré-candidato é o ex-deputado Genivaldo Lievore, que também disputou a Prefeitura de Colatina em 2020, ficando em quarto lugar, com 4,61% dos votos válidos.

Resolução interna do PT orienta que o partido tenha candidato próprio em cidades com mais de 100 mil habitantes – segundo o último censo do IBGE, Colatina tem 119.992 –, sendo que a decisão fica a cargo da Executiva nacional.

“Sou pré-candidato a prefeito. A reunião (de amanhã) será só com o diretório municipal do PT. A proposta de apoio a um candidato de outro partido está sendo discutida na federação”, disse Genivaldo que, hoje, atua na iniciativa privada, mas já foi vereador por quatro mandatos – sendo presidente da Câmara por duas legislaturas – e deputado estadual por um mandato.

Nacionalmente, MDB e PT caminham juntos, o que não seria nada incomum uma aliança dos dois partidos em Colatina também. Porém, o município tem um eleitorado bastante conservador e resistente à esquerda.

Em 2022, Colatina deu vitória para Bolsonaro e Carlos Manato (ex-candidato a governador) no primeiro turno das eleições. O ex-presidente teve 57,02% dos votos, enquanto Lula teve 34,84%. Manato superou Casagrande com 42,21% contra 37,5%. A situação se repetiu no segundo turno, com uma distância ainda maior no voto para presidente.

Uma situação que impõe um desafio e tanto para os petistas e tende a ser analisada com mais critério pelo atual prefeito, que pode herdar o apoio da federação, composta por PT, PV e PCdoB.

 

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