O prefeito da Serra e agora novamente presidente estadual do PDT, Sergio Vidigal, disse que o partido não irá cobrar uma dobradinha com o PT na Serra caso o PDT feche apoio ao deputado João Coser (PT), pré-candidato a prefeito em Vitória.
Ontem (18), o PDT da Capital reuniu sua militância para ouvir as propostas e intenções de Coser para o partido. Embora o PDT seja coligado ao PT nacionalmente e muitas análises – inclusive a desta coluna – traçar como caminho natural o fechamento de uma aliança entre os dois, por conta de uma possível dobradinha entre Vitória e Serra, Vidigal descartou essa jogada.
Em entrevista para a coluna, ele disse que se o PDT apoiar o PT em Vitória não será sob nenhuma condicionante, não será cobrado o apoio dos petistas ao projeto do PDT na Serra.
“O PDT de Vitória não decidiu ainda, mas tem liberdade. Até porque não estamos condicionando o nosso apoio em Vitória. Nossa construção na Serra dá total liberdade para o PDT construir seu melhor caminho em Vitória”, disse Vidigal.
Isso significa que, caso o PDT decida apoiar o PT em Vitória, Vidigal não vai pedir, por exemplo, que o PT retire sua pré-candidatura própria na Serra – liderada pelo ex-deputado Roberto Carlos (PT) – para apoiar o pré-candidato pedetista, Weverson Meireles, que foi escolhido para ser o sucessor de Vidigal.
O prefeito não disse exatamente o motivo da benevolência e de não exigir uma contrapartida numa eleição que promete ser acirrada e difícil para o PDT, que não contará com a foto do seu medalhão (Vidigal) nas urnas neste ano – ao menos por ora, isso é o que está posto.
Porém, diante da entrevista de Vidigal noticiada pela coluna anterior (leia aqui), o que fica perceptível é que Vidigal e seu grupo querem passar bem longe da polarização nacional entre petistas x bolsonaristas, entre direita x esquerda, durante a campanha eleitoral.
“A única coisa que vamos trabalhar para que não ocorra é esse debate de direita e esquerda, porque prefeitura não discute os temas nacionais, é uma prestadora de serviço”, disse Vidigal, na entrevista.
Logo, trazendo o PT para sua aliança na Serra, o PDT corre o risco de atrair para si esse debate, que ficaria, em tese, mais restrito aos pré-candidatos do PT (Roberto Carlos) e do PL (Igor Elson).
Vidigal disse que vai ajudar na construção das alianças em Vitória e que a decisão final sobre quem apoiar ficará a cargo do PDT de Vitória, porém, fez uma ressalva: o partido não ficará com candidato que não esteja na base do governador Renato Casagrande (PSB). “Não vamos ficar com nenhum candidato que não esteja no leque de alianças do Renato”, definiu.
PDT cobiçado
Segundo o presidente do PDT de Vitória, Júnior Fialho, quatro pré-candidatos o procuraram querendo conversar: o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), o deputado João Coser (PT), a deputada Camila Valadão (Psol) e a vice-prefeita Capitã Estéfane (Podemos).
Luiz Paulo e Coser já conversaram com Fialho e marcaram de se reunir com a militância pedetista. A reunião de Coser com os pré-candidatos do PDT ocorreu ontem (18). “Coser conversou com os candidatos, expôs o que ele estava pensando para a campanha e em como poderia ajudar os candidatos”, disse Fialho.
Segundo o dirigente, Luiz Paulo será ouvido amanhã (20); Camila na segunda (24) e Estéfane na terça (25). E, só depois, a decisão sobre quem apoiar será tomada.
O PDT teria candidatura própria a prefeito de Vitória, mas o ex-deputado Sergio Majeski – que entrou no partido para disputar a prefeitura – desistiu da pré-candidatura. Ele alegou que o partido não lhe deu estrutura e que não era recebido por Vidigal.
“Fiquei surpreso com Majeski”
Ao ser questionado sobre Majeski, que deixou a pré-candidatura e o partido atirando, Vidigal disse que ficou surpreso com a atitude do ex-correligionário. Disse que ele é um bom quadro e que torcia pela pré-candidatura dele em Vitória. Afirmou também que a estrutura prometida pelo partido seria durante a campanha.
“Quando ele veio para o PDT, eu fui na filiação, acho ele um bom quadro. Ficamos empolgados porque passaríamos a ter um candidato a prefeito na Capital. E eu fiquei muito surpreso quando ele saiu alegando falta de estrutura, porque estrutura de campanha a gente só faz quando chega o Fundo Eleitoral, quando as candidaturas são registradas. Agora, estrutura para pré-campanha eu desconheço um partido que tenha, porque a legislação não permite”, disse Vidigal.
Sobre o que foi alegado por Majeski de ter procurado, mas não ter sido recebido pelo pedetista, Vidigal pediu desculpas. “Majeski esteve comigo três vezes. Da vez que ele me ligou e eu não retornei, peço até desculpa porque não devo ter visto essa ligação dele. Mas o PDT de Vitória tem um presidente, que é o Júnior Fialho, e que ele poderia ter acionado. Até porque ele era filiado em Vitória e eu só era o prefeito da Serra, eu não fazia parte da estrutura administrativa do PDT”.
Vidigal disse que foi pego de surpresa com o anúncio de Majeski e que não houve nenhum tipo de boicote à sua pré-candidatura. Afirmou também que Majeski não teria ajudado na construção da chapa de vereadores.
“Não houve boicote. Para ser muito honesto, a candidatura dele até nos atrapalhou na formação da chapa, porque normalmente a candidatura majoritária constrói a chapa proporcional. E pra gente foi um sacrifício violento construir chapa proporcional sem ajuda da majoritária. Nós perdemos lideranças boas. Mesmo assim não teve interferência minha, eu torcia muito para que o PDT tivesse candidatura em Vitória e o PDT não deixaria de ajudá-lo na campanha”, afirmou Vidigal.
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