Há oito meses à frente do MDB no Estado com a missão de pacificar e unir a legenda, o vice-governador Ricardo Ferraço chega hoje (15) para o primeiro encontro estadual da sigla sob o seu comando com um balanço positivo e muita coisa para mostrar.
O partido, que no Estado estava imerso em brigas e judicializações infindáveis, perdendo capital político, quadros renomados e relevância nas últimas eleições, conta agora com 23 pré-candidatos a prefeituras, 30 pré-candidatos a vices e chapas proporcionais em 75 municípios para disputar as câmaras de vereadores – só não terá candidatura a vereador em Jerônimo Monteiro, Divino de São Lourenço e Dores do Rio Preto.
Um número bem superior ao da eleição municipal passada (2020), quando o MDB teve 17 candidatos a prefeito, 12 a vice e chapa de vereadores em apenas 33 municípios – menos da metade do que terá nesse ano.
O número de mandatários na sigla também aumentou. Hoje mesmo, durante o evento, o MDB filia seu 13º prefeito, contando ainda com sete vices e 75 vereadores. Antes de Ricardo assumir, eram sete prefeitos, cinco vices e 44 vereadores. E as brigas cessaram.
“Vamos filiar o prefeito de Sooretama (Alessandro Torezani) e vamos para 13 prefeitos do MDB. Estamos crescendo, mas fazendo isso com muito cuidado com nossos aliados, porque não adianta crescer esbarrando. Somos parte de uma frente ampla liderada pelo governador Casagrande”, disse Ricardo Ferraço à coluna, numa entrevista onde listou os frutos de sua gestão à frente da legenda.
Segundo ele, a ideia hoje é reunir o MDB de todo o Estado com seus 77 diretórios formados – o evento será em Cariacica e tem o prefeito Euclério Sampaio (MDB) como anfitrião – para tratar de três temas: a lei eleitoral e as eleições de outubro, com o lançamento de uma cartilha de orientações; o papel das redes sociais e estratégias de comunicação e também tratar das ocorrências climáticas, em como atuar de forma preventiva e corretiva para evitar tragédias como as vistas no Sul do Estado e no Rio Grande do Sul. “Isso precisa ser debatido nas eleições”, disse o vice-governador.
Animado, porém sem tirar os pés do chão, Ricardo evitou cravar metas para o partido nas eleições, mas disse que quer, ao menos, manter o que se tem hoje. Ele também listou as prioridades do MDB: “Manter o número que temos hoje acho que é possível e temos algumas prioridades como a reeleição de Euclério em Cariacica e de Guerino em Colatina, o Amadeu em São Mateus. Todos são importantes, mas os três têm maior intensidade”.
Onde não terá candidatura própria, o MDB também já está definindo de que lado estará. Na Região Metropolitana, por exemplo, o partido já bateu o martelo. Em Vitória, o MDB vai continuar no apoio ao pré-candidato Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). “Já há uma conformidade, é a decisão do partido na Capital. Na Serra estamos com o grupo de Vidigal; em Vila Velha, com o Arnaldinho e em Viana, com o Wanderson. Esses são os indicativos, o que está alinhavado”.
É óbvio que, com o MDB maior e mais estruturado, o apoio também valoriza o passe, fazendo com que o partido reivindique, ainda que de forma indireta e sutilmente, espaço na chapa. Em Viana, por exemplo, há um pleito para que o MDB indique o vice na chapa à reeleição de Wanderson. O nome seria o do atual vice-prefeito, Fábio Dias.
Já nos municípios onde o MDB tem candidatura própria, Ricardo afirmou que vai deixar os diretórios municipais decidirem, mas com a Estadual participando das negociações.
“Vice vai ser discutido em cada município, com os partidos que compõem a aliança. Cada um tem a sua identidade. Estou deixando que as municipais decidam. Mas uma coisa é participar da negociação e ajudar na reflexão. Outra é decidir, a decisão é de cada município”, avaliou.
Convenção para sacramentar
Após as eleições, Ricardo pretende convocar uma convenção partidária, já que a comissão que comanda hoje o MDB é provisória. Ele pretende continuar à frente da legenda.
“Passada a eleição, vou chamar a convenção e serei candidato para continuar à frente do partido”, admitiu.
As eleições deste ano serão um teste de fogo para o vice-governador. Embora esteja tendo êxito na tentativa de reerguer o tradicional MDB – que é o maior partido em número de filiados no Estado –, será o resultado das urnas que irá validar ou não o trabalho de Ricardo. E não só isso.
Se o MDB sair forte do processo eleitoral deste ano, o mérito também alcança o vice-governador, que chegará robusto para as eleições de 2026.
Ele é um dos principais cotados para ser o nome de sucessão do governador Renato Casagrande (PSB) na corrida pelo Palácio Anchieta e estar à frente de um grande partido, com prefeitos e vereadores aliados ajudando na construção e na campanha, já é meio caminho andado para viabilizar o nome e torná-lo competitivo.
Sobre os projetos do MDB para 2026, Ricardo Ferraço fez mistério: “Nosso projeto é disputar 2024, ser bem-sucedido e trabalhar com foco no agora. Trabalhar a longo prazo na política é enxugar gelo e cercar vento”. O futuro político do vice-governador e a sua disposição de ser ou não candidato em 2026 serão analisados numa próxima coluna.
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