Coronel Wagner quer disputar Prefeitura de Vitória e num partido da base do governador

Coronel Wagner / crédito: Márcio Auriema

O coronel do Corpo de Bombeiros Carlos Wagner Borges anunciou que é pré-candidato a prefeito de Vitória. Morador de Vila Velha mas atuante na Capital, ele mudou o domicílio eleitoral e pediu licença do cargo de diretor de Operações dos Bombeiros para se dedicar à pré-campanha.

Por ser militar da ativa, Wagner tem até agosto para se filiar a um partido político, mas deve definir o abrigo partidário nos próximos 15 dias. Agora são oito pré-candidatos à Prefeitura de Vitória.

Em entrevista para a coluna De Olho no Poder, ele afirmou que já foi procurado por três legendas (sendo que uma delas tem candidatura própria a prefeito) e que deve optar por um partido que esteja na base aliada do governador Renato Casagrande (PSB). Ele justificou:

“Provavelmente será um partido da base do governador (…) Nossa (pré-) candidatura é uma alternativa para quem não aguenta mais briga. Se olhar o quanto o município perde quando o gestor é brigado com o governador é coisa extraordinária, ultrapassa a casa dos milhões”, disse Wagner.

Sobre preferência ideológica (direita, centro, esquerda), Wagner respondeu: “Eu tenho a visão que essa briga de direita e esquerda tem prejudicado a sociedade. Não posso fazer política que me afaste do Governo do Estado e nem da Câmara dos Vereadores”, afirmou.

Encontro

A coluna apurou que antes de anunciar que seria pré-candidato por Vitória, Coronel Wagner teria se reunido com interlocutores do governador. Wagner admitiu a reunião, mas disse que foi com a cúpula do PSB.

“Um tempo atrás sentei com a alta cúpula do PSB no Estado, com Gavini (presidente estadual do PSB) para conversar sobre política. Até mesmo porque eu fui sondado para ser candidato em São Mateus (onde atuou por quase um ano), fui cotado para ser candidato em Vila Velha e em Vitória, e eu decidi por Vitória”, disse o coronel.

Em 2020, Coronel Wagner disputou a Prefeitura de Vila Velha pelo PL e ficou em quarto lugar, com 13.661 votos (6,73%). Já em 2022, disputou uma vaga de deputado federal pelo Republicanos. Teve a mesma média de votos (13.379 votos) e ficou como suplente.

A coluna questionou o motivo, então, do coronel não disputar novamente Vila Velha e por que escolheu a Capital. Ele respondeu que conhece muito Vitória por conta de sua atuação como bombeiro, o que chamou de “domicílio de trabalho”, que Vitória tem muitas áreas de risco e que precisa de um gestor que olhe para esse lado e que tem outro projeto para Vila Velha.

“Em Vila Velha eu tenho outro projeto: lancei meu filho Cadu Borges como pré-candidato a vereador pelo DC (…) Fui procurado no início do ano para disputar o pleito na Capital. Avaliei e tomei a decisão de transferir o título, fiquei quieto porque ainda não estava viabilizado”, disse Wagner.

Mas a escolha do coronel em ser pré-candidato a prefeito de Vitória pode ter uma razão a mais.

Ocupar o “lugar” de Ramalho?

No início do ano, quando Coronel Ramalho ainda era secretário estadual da Segurança e não tinha definido se iria disputar a Prefeitura de Vitória ou a de Vila Velha, ele foi bastante incentivado pelo Podemos – partido em que estava filiado – e pelo governo do Estado a disputar a Capital.

Primeiro porque em Vila Velha, o Podemos tem o atual prefeito, Arnaldinho Borgo, que é pré-candidato à reeleição. E o Palácio Anchieta também já tinha se comprometido em apoiar Arnaldinho, que é aliado do governador Renato Casagrande (PSB) – inclusive, o PSB pleiteia a vaga de vice na chapa.

Mas também, havia o interesse que um nome da Segurança Pública, da base do governador, disputasse a Capital para bater de frente com o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), que é delegado da Polícia Civil e teve, na campanha de 2020, a segurança pública como sua principal bandeira.

No ano passado, Vitória foi a única cidade da Região Metropolitana a apresentar aumento no número de homicídios. Foi um salto de 21,4%, pulando de 70 assassinatos em 2022 para 85 em 2023. A Capital também foi palco da guerra entre facções criminosas, tiroteios e ao absurdo de um idoso internado num hospital próximo a uma zona de conflito da Capital ser atingido por uma bala perdida e morrer.

A ideia era que um candidato com a expertise de Coronel Ramalho que, à frente da Sesp em 2023, conseguiu reduzir o número de homicídios para a menor taxa da série histórica do Estado, pudesse desidratar a campanha à reeleição de Pazolini, que está no campo oposto ao do Palácio Anchieta.

Mas, Ramalho deixou o governo, saiu do Podemos e decidiu disputar, pelo PL, a Prefeitura de Vila Velha. E ainda tem sido um dos mais ferrenhos adversários do prefeito Arnaldinho Borgo.

O Podemos, então, filiou e lançou a pré-candidatura da vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane. E o PSB, que tinha o deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB) como pré-candidato na Capital, recuou e vai apoiar o ex-prefeito Luiz Paulo (PSDB).

Porém, a movimentação de Coronel Wagner, que tem expressiva atuação e visibilidade no Corpo de Bombeiros, chamou a atenção do mercado político e sinaliza que ele pode ser o candidato que ocupará o lugar que era, anteriormente, destinado a Ramalho na disputa pela Capital.

Como a coluna citou anteriormente, Wagner se reuniu com a cúpula do PSB para discutir sobre política, cenário e sobre sua pré-candidatura. Questionado se teria sido incentivado pelo PSB para disputar, Wagner não respondeu. Disse apenas que as lideranças opinaram que sua candidatura seria viável.

Sobre se ocuparia o lugar separado para Ramalho na disputa por Vitória, ele riu e fez mistério. “Vou te deixar na dúvida (risos). Só digo que debaixo dessa ponte tem muita água para correr, muita coisa vai mudar no cenário e de onde menos se espera”, disse Wagner.

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