Um dado que está chamando a atenção na disputa pela Prefeitura de Vitória é o número de pré-candidatos ao cargo de prefeito ligados às forças de segurança pública. Dos oito pré-candidatos que já se apresentaram, metade vem dessa área, sendo que três são militares.
A entrada do coronel do Corpo de Bombeiros Carlos Wagner Borges na disputa – anunciada ontem (04), conforme noticiou a coluna – reforçou ainda mais a bancada. Além dele, estão no jogo: Capitão Assumção (PL) e Capitã Estéfane (Podemos) – os dois são da reserva da Polícia Militar –, e o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), que é delegado licenciado da Polícia Civil.
Tirando os agentes de segurança, também disputam a Prefeitura de Vitória: João Coser (PT), Luiz Paulo (PSDB), Camila Valadão (Psol) e Du Kawasaki (Avante).
Há quem aposte que o número de candidatos na Capital deva afunilar. Mas, se os oito permanecerem, principalmente os da bancada da bala – como são conhecidos os políticos ligados à área de segurança –, além de protagonizar uma situação inédita na disputa em Vitória, é grande a possibilidade do debate eleitoral girar em torno de uma única bandeira: criminalidade e segurança pública.
Não que debater segurança pública seja algo irrelevante. No ano passado, Vitória foi a única cidade da Região Metropolitana a apresentar aumento no número de homicídios. Foi um salto de 21,4%, pulando de 70 assassinatos em 2022 para 85 em 2023.
A Capital também foi palco da guerra entre facções criminosas, tiroteios e registrou a morte de um idoso internado num hospital próximo a uma zona de conflito de Vitória. Ele foi atingido por uma bala perdida que atravessou a parede do hospital.
Já no primeiro semestre desse ano, houve uma redução de 5% no índice de violência em Vitória. Foram 35 homicídios contra 37 registrados no mesmo período do ano passado.
Uma redução que, para muitos opositores do atual prefeito, é considerada ínfima, diante dos investimentos feitos na Capital e pelo fato dele ter prometido, em 2020, que segurança pública seria tratada em seu gabinete. E esse ponto pode se tornar a principal linha de ataque dos concorrentes.
Porém, a Capital tem outras demandas que interessam ao eleitor e também precisam ser debatidas. Na pesquisa do Instituto Futura Inteligência, em parceria com a Rede Vitória no projeto 100% Cidades, divulgada no início da semana, a preocupação com a saúde pública está em primeiro lugar.
A pesquisa analisou a intenção de votos nos pré-candidatos a prefeito, mas também o comportamento do eleitor e suas principais demandas a respeito de Vitória.
Ao perguntar aos entrevistados qual deveria ser as principais prioridades do próximo prefeito de Vitória, 40% disseram que seria melhorar a saúde. Em segundo lugar, com 37,9%, vem a preocupação em melhorar a educação. Melhorar a segurança pública está em terceiro lugar, com 30,3%. Nesse questionamento, os entrevistados poderiam optar por mais de uma resposta.
Outras prioridades foram citadas e mostram que a preocupação do eleitor é bastante abrangente, como precisam ser os planos de governo para a Capital do Estado.
Divisão de votos
Outra situação que pode ser gerada dessa disputa tão incomum, com vários candidatos de uma mesma área, é a divisão de votos do eleitorado. Os quatro vão disputar o mesmo reduto de eleitores que priorizam a pauta da segurança.
Ou seja, os votos podem ser pulverizados e o que poderia fazer a diferença para uma pré-candidatura única que levantasse essa bandeira, pouco fará para as quatro.
No início do ano, quando o Podemos e o Palácio Anchieta incentivavam o então secretário estadual de Segurança, Coronel Ramalho, a disputar a Prefeitura de Vitória seria justamente para bater de frente contra Pazolini nessa pauta da (in) segurança.
Mas, com quatro pré-candidatos da mesma área, ainda que essa seja a estratégia, dificilmente um deles irá se sobressair em detrimento dos outros.
Apoio
Já um fator que contar como diferencial para um dos quatro pré-candidatos é o apoio do Projeto Político Militar (PPM) que, em todas as eleições, lança ou escolhe candidatos para apoiar. Trata-se de um braço político das forças militares do Estado.
Em alguns municípios, os apoios já foram definidos e, segundo o presidente do PPM, cabo Nilton Góes, Vitória poderá ter uma definição na semana que vem.
“Em Vitória já recepcionamos dois pré-candidatos militares: a atual vice-prefeita, Estéfane, e o deputado Assumção. Os presidentes ainda não deliberaram quanto ao apoio firmado na Capital. Semana que vem devemos ter uma conclusão”, disse Cabo Góes.
A expectativa é do PPM também conversar com Coronel Wagner – que já recebeu apoio do grupo na eleição de 2020 em Vila Velha – e as portas também estariam abertas para uma reunião com Pazolini, já que o apoio não se restringe a militares. Em Cariacica, por exemplo, o grupo vai apoiar o prefeito Euclério Sampaio (MDB), que fez carreira na Polícia Civil, à reeleição.
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