Pazolini herda votos de desistentes e outras sinalizações da 2ª pesquisa em Vitória

Vitória / Crédito: Davi Protti – PMV

Dois meses após o primeiro levantamento feito em Vitória, o instituto Futura Inteligência, em parceria com a Rede Vitória no projeto 100% Cidades, voltou a campo para mais uma rodada de pesquisa sobre intenções de voto para prefeito da Capital. (veja a pesquisa completa aqui)

Nesses dois meses de intervalo, quatro pré-candidatos deixaram a disputa e um novato entrou, o número de indecisos diminuiu, houve troca de posição no ranking dos rejeitados e um dos pré-candidatos pavimenta a corrida como favorito.

Os números apontam para uma predileção ao prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), que vence em todos os cenários testados pelo instituto e estaria reeleito se as eleições fossem hoje – embora ele mesmo ainda não tenha assumido que será candidato à reeleição.

Pazolini não só está em primeiro lugar na intenção de votos dos eleitores entrevistados, como abriu uma diferença relevante com relação ao segundo colocado, o deputado João Coser (PT).

Prefeito Lorenzo Pazolini / crédito: arquivo pessoal

Num dos cenários estimulados, o prefeito impõe uma distância de 27,6 pontos percentuais à frente do deputado – Pazolini pontua 47,6% contra 20% de Coser. Num outro cenário estimulado com um número menor de candidatos, a diferença é menor, mas ainda continua superior aos 20% – o prefeito tem 43,2% contra 19,6% do ex-prefeito.

Tanto na pesquisa espontânea quanto na estimulada, a intenção de votos em Pazolini aumentou, quando comparados os números da pesquisa de abril com os do levantamento de agora. O crescimento vai de 8,2 a 11,5 pontos percentuais, dependendo do cenário proposto:

  • Espontâneo: 32% (abril) x 40,2% (junho)
  • Estimulado (1): 37,4% (abril) x 47,6% (junho)
  • Estimulado (2): 30,8% (abril) x 42,3% (junho)

Migração de votos

Uma das possibilidades que pode explicar o atual panorama é a migração da intenção dos votos dos quatro pré-candidatos a prefeito de Vitória que deixaram a disputa.

Quando o primeiro levantamento foi feito, em abril, ainda estavam concorrendo os deputados Tyago Hoffmann (PSB), Fabrício Gandini (PSD) e Mazinho dos Anjos (PSDB), além do ex-deputado Sergio Majeski (PDT).

Dos quatro, apenas Majeski não declarou apoio a nenhum outro pré-candidato ainda. Já Tyago, Gandini e Mazinho fazem parte de um bloco de seis partidos – o G-6 – que apoia o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) na disputa.

Capitã Estéfane

Porém, mesmo com o apoio público ao tucano, os números indicam que a intenção de voto dos três não migrou para Luiz Paulo. A bem da verdade, o ex-prefeito está pontuando menos do que no levantamento passado.

Na pesquisa estimulada de abril, Gandini, Tyago, Majeski e Mazinho somavam 7,4 pontos percentuais. Esse montante, ao que tudo indica, foi herdado por Pazolini que subiu de 37,4% de intenção de votos no cenário estimulado de abril para 47,6% no estimulado de junho.

E isso chama a atenção porque Tyago e Majeski estavam em partidos de centro-esquerda na ocasião do primeiro levantamento – Majeski se desfiliou do PDT logo após desistir de disputar a Prefeitura.

A expectativa era que esses votos migrassem para Luiz Paulo – devido ao apoio do PSB ao ex-prefeito – ou então seguissem para Coser ou Camila Valadão (Psol), que fazem parte do mesmo espectro ideológico. Mas, os números mostraram, mais uma vez, que o eleitor de Vitória leva mais em consideração o nome do que a sigla.

Enquanto Pazolini cresceu acima da margem de erro (que é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos), se comparado abril com junho, os demais concorrentes permaneceram com a mesma pontuação, dentro da margem de erro, no cenário estimulado:

  • João Coser (PT): de 20,4% (abril) para 20,0% (junho)
  • Camila Valadão (Psol): de 8,6% (abril) para 9,1% (junho)
  • Capitão Assumção (PL): de 9,4% (abril) para 6,9% (junho)
  • Luiz Paulo (PSDB): de 6,4% (abril) para 5,4% (junho)
  • Capitã Estéfane (Podemos): de 0,7% (abril) para 2,4% (junho)

Sinal de alerta para o G-6

Luiz Paulo

A pesquisa foi feita entre os dias 20 e 22 de junho, ou seja, após ampla divulgação da desistência dos quatro pré-candidatos e da mobilização da frente ampla de partidos do centro ideológico – PSDB, Cidadania, PSB, MDB, União Brasil e PSD – em torno da pré-candidatura de Luiz Paulo.

O ex-prefeito tem se colocado como terceira via, uma alternativa à polarização Pazolini x Coser. Mas, o caminho do meio, ou melhor, do centro, parece ainda não ter encontrado seu rumo.

Tanto no levantamento de abril quanto no de junho, Luiz Paulo não chega a pontuar dois dígitos e fica em quinto lugar num dos cenários estimulados da segunda pesquisa – atrás de Pazolini, Coser, Camila e Assumção, nessa ordem.

Sua melhor colocação é no segundo cenário estimulado quando são retirados da disputa Estéfane e o empresário Du Kawasaki (Avante). Nesse, Luiz Paulo pontua 9,9% e está em quarto lugar, à frente de Assumção, com 8,7%.

O baixo desempenho pode ter, entre outras coisas, relação com a baixa adesão ao centro ideológico, o que também foi identificado na pesquisa que questionou aos entrevistados sobre a preferência por um posicionamento político.

Como já visto no levantamento anterior, a maioria (35,8%) diz não ter preferência por nenhum lado – nem de esquerda, nem de direita e nem de centro. Mas, logo em seguida e empatando dentro da margem de erro, vêm os que se identificam com a direita (35,2%). Os que se identificam com a esquerda somam 19,3% e os que se identificam com o centro, 6%.

Ou seja, a direita e a esquerda têm seu eleitorado bem definido, mas o centro ainda patina, tendo como maior desafio crescer e conquistar o voto dos 35,8%, que por não se identificar com nenhum posicionamento político, pode estar mais aberto a aderir ao pré-candidato e ao programa de governo do G-6.

De qualquer forma, os números mostram que só ter o apoio de um grande número de partidos de médio porte não é suficiente. Será necessário ao grupo reavaliar a estratégia e acertar os passos se a intenção for mesmo ter uma candidatura competitiva.

Mudança na rejeição e o antipetismo

João Coser / crédito: Lucas Costa/Ales

Não é só o pré-candidato que representa o centro que enfrenta dificuldades nessa pré-campanha. O petista João Coser também lida com muita resistência para furar os 20% e avançar. E, para piorar a situação, ele encabeça o ranking da rejeição na pesquisa Futura.

Segundo o levantamento, 39,3% dos entrevistados declararam que não votariam em Coser de jeito nenhum. Em segundo lugar, mas empatado dentro da margem de erro, vem Assumção, com rejeição que soma 37,5%. Já Pazolini ocupa o terceiro lugar, com 18%, e Camila em quarto, com 17,8%.

Os números de agora apresentam uma mudança no quadro de rejeição que leva preocupação aos petistas. Na pesquisa de abril, Assumção ocupava a primeira colocação na rejeição, de forma isolada, com 48,1%. Coser vinha em segundo, com 33,1%. Camila ocupava a terceira colocação, com 23,3%, e Pazolini, em quarto lugar, somava 18,2%.

A rejeição é um dos indicativos mais difíceis de serem revertidos. Isso porque ela reflete o voto, ou melhor, o não voto convicto do eleitor. É um fator que acaba limitando o crescimento do candidato, delimitando um teto para a campanha.

No caso de Coser, um dos fatores que reforça essa rejeição é o antipetismo, que é muito forte no Espírito Santo. Em 2022, nas eleições gerais, o Estado deu vitória ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tanto no primeiro quanto no segundo turno.

E a própria pesquisa traz dados que demonstram essa resistência ao governo do PT. Uma das perguntas do levantamento foi “Se Lula apoiar um candidato nas próximas eleições, você…”. A resposta para “não votaria no candidato de jeito nenhum” ficou em 1º lugar, somando 49,3%. Os que poderiam votar somaram 28% e os que votariam com certeza, 15,6%.

Coser é o candidato do Lula e uma das prioridades do PT nas eleições país afora. Isso porque, na região Sudeste, é o único pré-candidato petista em capital com chances de vencer.

Capitão Assumção / crédito: Lucas S. Costa/Ales

Voltando à pesquisa, quando a pergunta é feita colocando Bolsonaro, os que não votariam de jeito nenhum somam 43,5%; os que poderiam votar, 25,5% e os que votariam com certeza chegam a 25,1%. Os dados mostram que há também uma resistência ao ex-presidente, mas que ainda é menor com relação ao petista.

Outro ponto importante é que, até o momento, o PT conta com o apoio apenas da federação em que faz parte – formada ainda pelos partidos PV e PCdoB. O isolamento também pode ser um agravante para a campanha de Coser.

Porém…

Mesmo com a rejeição no topo, o petista João Coser ainda protagoniza o cenário de segundo turno, com Pazolini, mais equilibrado entre todos os testados:

  • Pazolini (59,4%) x Coser (31,1%)
  • Pazolini (61,4%) x Luiz Paulo (27%)
  • Pazolini (66,8%) x Camila (21,6%)
  • Pazolini (69,8%) x Estéfane (12,3%)
  • Pazolini (67,9%) x Assumção (12,5%)
  • Pazolini (72,7%) x Du Kawasaki (4,5%)

Camila com potencial para crescer

Camila Valadão / crédito: Ales

A deputada Camila Valadão (Psol), pré-candidata à prefeita de Vitória pelo Psol, ocupa a terceira colocação na intenção de votos da pesquisa Futura, mas os números mostram que ela tem potencial para crescer.

Embora esteja a uma distância considerável do segundo lugar ocupado por Coser – 10,9 pontos percentuais os separam –, Camila não tem uma rejeição tão alta, soma 17,8% e ocupa a quarta posição entre os mais rejeitados, atrás de Coser, Assumção e Pazolini.

Isso significa que há margem para que ela avance na intenção de votos do eleitorado da Capital. Seus principais desafios serão vencer o isolamento – já que até o momento só conta com o apoio da federação Rede-Psol, o que lhe garante pouco tempo de TV e recursos para a campanha – e furar a bolha da militância de esquerda.

Herdeira de um voto mais ideológico, Camila pode enfrentar resistências da ala conservadora da Capital, muito embora em 2022 tenha sido eleita a mulher mais votada da história da Assembleia Legislativa, com 52.221 votos.

Du Kawasaki

Oficialmente, a campanha ainda não começou. No próximo dia 20 abre o prazo para as convenções partidárias, que é o período em que os partidos definem quem serão seus candidatos e com quais outros partidos irão coligar ou não.

Só após esse período (que se encerra em 5 de agosto), com o registro dos candidatos na Justiça Eleitoral, é que a campanha estará liberada. Até lá, muitas coisas podem mudar. A pesquisa de hoje retrata o momento da pré-campanha, que é o início de uma jornada que só termina em outubro.

 

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

 

LEIA TAMBÉM:

Pesquisa Futura: Pazolini mantém favoritismo para prefeito de Vitória

As 5 conclusões sobre a pesquisa eleitoral para prefeito de Vitória

VÍDEO: Como ler uma pesquisa eleitoral