Câmara de Vitória: Líder de votos é da oposição, mas cenário é favorável para Pazolini

O prefeito reeleito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), não garantiu apenas mais um mandato à frente do comando da Capital após uma vitória maiúscula em 1º turno. Com um número maior de vereadores a partir do ano que vem, Pazolini vai iniciar seu segundo mandato com governabilidade, já que a maioria da nova câmara eleita faz parte da sua base aliada.

Dos 21 vereadores eleitos, pelo menos 12 ou já são fechados com Pazolini ou são de partidos que fazem parte da sua coligação. Alguns novatos ainda vão definir lado e a oposição deve chegar, com base nos partidos que hoje são oposição ao prefeito, ao máximo de sete vereadores (um terço da Câmara).

Vitória foi um dos cinco municípios que aumentaram o número de vereadores para a próxima legislatura: de 15 subiu para 21 cadeiras. A maior parte dos atuais vereadores conseguiu se reeleger (11) e 10 são novatos.

Os reeleitos foram: Karla Coser (PT), Davi Esmael (Republicanos), André Brandino (Podemos), Luiz Emanuel (Republicanos), Anderson Goggi (PP), Luiz Paulo Amorim (PV), Aloísio Varejão (PSB), Maurício Leite (PRD), Leo Monjardim (Novo), Dalto Neves (SD) e Armandinho Fontoura (PL) – que foi afastado do cargo em 2023, mas não perdeu o mandato.

Pazolini comemora vitória com família, vice e apoiadores / crédito: Thiago Soares

Com exceção de Karla e de Armandinho, os demais vereadores reeleitos são da base do prefeito. E entre eles estão Luiz Paulo Amorim, cujo partido forma federação com o PT do ex-prefeito João Coser (que ficou em segundo lugar na votação), e Aloisio Varejão, que é do partido do governador, fechado com Luiz Paulo (PSDB) na eleição – terceiro lugar na apuração dos votos.

Antes de ser preso por ordem do STF e afastado do cargo por conta de duas decisões da Justiça Estadual, Armandinho tinha uma postura mais independente com relação ao prefeito, mas não chegava a ser da oposição. Porém, ele agora está filiado ao PL – partido que fez uma campanha ferrenha de críticas e ataques a Pazolini, por meio da candidatura de Capitão Assumção.

Entre os novatos, três são do partido do prefeito ou coligados – Aylton Dadalto (Republicanos), que foi o segundo mais votado com 5.218 votos; Camillo Neves (PP) e Mara Maroca (PP).

Somados, Pazolini já começa o ano que vem, de cara, com apoio da maioria (12) da Câmara e com potencial para alargar ainda mais sua base. Isso porque há ainda vereadores que foram eleitos em partidos que caminharam independentes ou fizeram coligação com outros candidatos, mas que não são necessariamente oposição ao prefeito.

Já a oposição mesmo deve oscilar, num primeiro momento, entre quatro e sete vereadores. Mas, ainda que seja pequena não pode ser subestimada.

Campeã de votos é da oposição

A vereadora Karla Coser (PT) foi a campeã de votos em Vitória. Ela obteve 7.256 votos, superando a marca de 2020 que foi conquistada por Denninho Silva, que teve 7.213 votos. Há quatro anos, Karla tinha sido eleita com 1.961 votos.

Além de ser filha do ex-prefeito João Coser – no caso o sobrenome conta muito porque os dois fizeram campanha casada –, Karla tem tido um mandato com muita visibilidade pautado no campo oposto ao da atual gestão.

Ela, André Moreira (Psol) e Vinícius Simões (PSB) formam a trincheira da oposição na Câmara e ainda que sejam minoria entre os 15 vereadores, costumam dar dor de cabeça ao prefeito e à sua base, no Legislativo.

Dos três, apenas ela se reelegeu. Moreira e Vinícius ficaram como suplentes após conquistarem 2.628 e 2.271 votos respectivamente.

Karla, no entanto, não estará sozinha. O PT fez duas cadeiras na Câmara de Vitória e elegeu, além dela, o candidato Professor Jocelino, com 3.251 votos.

O Psol de Moreira também fez uma cadeira com Ana Paula Rocha, que teve 2.670 votos. Já o PSB de Vinícius elegeu Bruno Malias, com 3.079 votos e Pedro Trés, com 2.316 votos. A aposta do partido do governador é que eles também reforcem o campo da oposição.

As maiores bancadas

O Republicanos (partido do prefeito), o PP (partido da vice-prefeita eleita) e o PSB (partido do governador) elegeram o maior número de vereadores na Câmara de Vitória. Cada um vai ter, a partir do ano que vem, três cadeiras cada. Atualmente, os três têm dois vereadores.

O número de vereadores que cada partido consegue eleger influencia no jogo de forças. Isso porque, quanto maior a bancada, maior o peso que o partido terá nas articulações e votações e também na participação das comissões temáticas do Legislativo, por onde passam os projetos antes de serem votados em plenário.

O tamanho da bancada também influencia na escolha interna de quem irá presidir a Casa no ano que vem. Uma vez que a eleição em Vitória se encerrou no primeiro turno, o próximo passo é iniciar as articulações para o comando da Casa. Tema que ficará para uma próxima coluna.