Debate da Rede Vitória: os melhores e os piores momentos de Muribeca e Weverson

Muribeca e Weverson no debate

Na noite desta quinta-feira (24) e a três dias da eleição, os candidatos a prefeito da Serra Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos) se encontraram para participar do debate organizado pela Rede Vitória.

Acompanhados de assessores, marqueteiros e aliados políticos, os dois chegaram cedo ao estúdio da TV Vitória, cumprimentaram-se cordialmente e repetiram, no enfrentamento, estratégias e ataques já conhecidos nesse segundo turno da campanha eleitoral.

A exceção ficou por conta da polêmica sobre as emendas parlamentares que Muribeca teria destinado ao município da Serra. Por mais de uma vez o tema foi abordado no debate e depois seguiu para as redes sociais, com os dois publicando documentos e convocando os eleitores para conferir o que teria e o que não teria chegado de recurso pra Serra.

Não que não se tenha discutido propostas. Elas até foram abordadas nas perguntas dos jornalistas e em algumas (rasas) respostas, mas elas cederam espaço para as estratégias muito bem montadas que cada candidato levou para o debate para desconstruir o outro.

Embora nas ruas a campanha esteja pegando fogo, com cabos eleitorais saindo no tapa e ações na Justiça pipocando, o clima do embate foi respeitoso e dentro das regras, com poucos pedidos de direito de resposta – três, e todos negados – e nem de longe sinalização que o embate poderia descambar para agressões verbais ou físicas, como já visto em outros eventos país afora.

A coluna De Olho no Poder participou do debate e traz algumas análises sobre o desempenho dos candidatos, suas estratégias e apostas e os melhores e piores momentos de cada um.

As estratégias

Como já tem feito em outros debates e sabatinas, Weverson apostou na estratégia de rotular Muribeca como alguém despreparado e sem equilíbrio emocional. A todo momento, Weverson afirmava que seu oponente não tinha propostas, que fugia das perguntas e não debatia projetos.

Weverson chegou a aproveitar as perguntas de jornalistas feitas a Muribeca para falar das suas propostas e forçar uma comparação a cerca dos dois planos de governo.

O pedetista também tentou grudar em Muribeca a pecha de que faltaria nele controle emocional para conduzir o município e dialogar com outros poderes, em prol da Serra. Por mais de três vezes ele se referiu ao republicano como “desequilibrado”. E ainda o associou a fake news.

Já Muribeca insistiu em afirmar que Weverson seria “forasteiro”, que não moraria na Serra, que não conhece o povo serrano e que não teria entregas em seu nome – ou em seu “CPF” – para apresentar.

Acusou o grupo de Weverson e do prefeito Sérgio Vidigal de usar a máquina pública na campanha, de cometer abuso de poder político e de assediar servidores.

Também apostou na estratégia de descredenciar Weverson como um nome de renovação, afirmando que ele representa a continuidade de um “projeto de poder” que já atua há 28 anos na cidade. Chamou para si o que seria a verdadeira candidatura da mudança.

Muribeca também usou como arma a alteração que Weverson fez em seu plano de governo retirando as citações de políticas públicas para a população LGBTQIAPN+, numa tentativa de levar o debate para a pauta de costumes.

Os melhores e piores momentos de Weverson

Ao focar nas propostas, ainda que sem aprofundá-las, Weverson conseguiu passar um conteúdo mais propositivo e se sobressair, com relação ao seu oponente. Ele aproveitou as brechas deixadas por Muribeca e “vendeu” seu projeto para um eventual mandato como prefeito.

Apontou para lacunas no programa de governo do adversário, como a falta de um projeto para combater a violência doméstica no município e levou para o debate a questão das emendas parlamentares, acusando Muribeca de enviar mais recursos para Vitória e Vila Velha do que para a Serra, como deputado.

Conseguiu se sair bem quando foi questionado sobre a mudança em seu plano de governo com relação a propostas para a população LGBTQIAPN+ e ainda aproveitou para reafirmar o que chama de “valores cristãos”, mirando o voto conservador.

Não se exaltou, embora parecesse nervoso, mesmo diante de acusações feitas por Muribeca, que já iniciou o debate questionando sobre uma decisão judicial que determina uma série de restrições ao grupo de Vidigal na campanha e que foi movida pela coligação do republicano.

Porém, o temperamento e a postura de Weverson, com o mesmo timbre de voz, a mesma expressão facial e postura corporal, a escolha comedida das palavras também transpareceram uma certa falta de espontaneidade e até um pouco de apatia.

Passou um bom tempo do debate na defensiva – embora seja parte do ônus de quem é apoiado pela gestão defender o legado sob ataque –, mas faltou energia. Perdeu a oportunidade de explicar acusações e de rebater ataques de Muribeca.

Logo na primeira pergunta do adversário sobre uma ação judicial, Weverson respondeu com uma mistura de assuntos que passaram por falas de perseguição política e de que o oponente estaria desesperado, emendou com a citação da pesquisa eleitoral divulgada na quarta-feira (23), a acusação de falta de propostas de Muribeca, das conquistas da gestão Vidigal e terminou afirmando ser uma renovação segura. Uma salada de assuntos que dificultou o entendimento da resposta.

Os melhores e os piores momentos de Muribeca

Mais desenvolto e firme nas palavras, além de visivelmente treinado com uma oratória para alcançar o povão, Muribeca acabou tendo uma postura mais assertiva no debate.

Já iniciou com uma pergunta encurralando Weverson sobre uma decisão judicial contrária ao grupo do pedetista. A pergunta pareceu desestabilizar um pouco Weverson que se enrolou na resposta.

Conseguiu virar o jogo ao ser questionado sobre a falta de projetos para combater a violência contra a mulher ao citar que os números altos de casos ocorreram na gestão do prefeito Sergio Vidigal. E, como se já soubesse que seria questionado sobre o tema, levou a lista das emendas parlamentares que teria destinado a Serra, citando-as uma a uma.

Mais incisivo e frisando em todo tempo sua identidade com a Serra, Muribeca também acenou aos eleitores de Audifax ao relembrar, no primeiro turno, que Weverson havia mostrado uma carteira de trabalho ao ex-prefeito para provocá-lo. Estava mais solto e mais confiante nas respostas.

Muribeca pecou, porém, ao ser muito evasivo nas questões com relação às propostas. Citou projetos que não estavam em seu plano de governo e ações que diz querer fazer mas sem apresentar um caminho viável, como uso de drones para evitar assaltos em ônibus.

Ele também não respondeu quando foi questionado, no bloco das perguntas dos jornalistas, sobre se iria aceitar ações de fiscalização em unidades de saúde, caso seja eleito prefeito – uma vez que ele se tornou conhecido ao fazer rondas em UPAs e Sines do município.

Tentou, a todo instante, desestabilizar Weverson, o que é uma estratégia legítima e que faz parte do jogo. Mas, quando usada em demasia, passa a impressão que o candidato está fugindo do debate de ideias, além de poder parecer agressivo demais.

Bastidores

Dentro do estúdio onde foi realizado o debate, ficaram apenas os marqueteiros, assistindo a tudo de pertinho, mas sem poder interromper ou ajudar os candidatos com o debate no ar.

Nos intervalos, entretanto, as equipes poderiam entrar para orientar e chamou a atenção a presença do atual vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro (União), na equipe de Muribeca.

Ele era, de longe, o mais empolgado, vibrando e registrando as falas do deputado. Thiago rompeu com o prefeito Vidigal logo no início do mandato. Desde então, tem feito oposição, de dentro da gestão, e apoiado candidatos adversários ao pedetista.

Já Weverson levou, como apoio político, o deputado estadual Xambinho (Podemos), que também fez questão de marcar presença no intervalo, ao lado do candidato.

Ele chegou ao debate após Muribeca e ao se encontrarem na entrada do estúdio, o cumprimento foi de longe, sem apertos de mão e quase nenhuma troca de olhares. O respeito prevaleceu, embora no ar, o clima estivesse bastante pesado.

 

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