O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), está a dois dias de quebrar o que muitos chamam de “maldição canela-verde”. Ele pode ser reeleito e em primeiro turno, segundo mostram dados da pesquisa do Instituto Futura Inteligência (veja a pesquisa completa aqui) divulgados nessa sexta-feira (04).
A última vez que Vila Velha reelegeu um prefeito foi em 2004, há 20 anos, quando Max Filho exerceu seu segundo mandato. De lá para cá, outros três prefeitos que passaram pela gestão do município – inclusive Max Filho novamente – até tentaram, mas não tiveram sucesso.
Em 2012 o então prefeito Neucimar Fraga perdeu a reeleição para Rodney Miranda que, por sua vez, em 2016 perdeu para Max Filho. Em 2020, Max perdeu a chance de um segundo mandato consecutivo para Arnaldinho.
Agora, não só o atual prefeito está bem próximo de romper com essa leva de mandatos únicos como também pode liquidar a eleição já no domingo. Os números mostram que dificilmente esse cenário será mudado. O desempenho do prefeito nas pesquisas ao longo da campanha serve de base.
Arnaldinho até perdeu um ponto percentual da pesquisa anterior (realizada entre os dias 17 e 19 de setembro) para essa de agora (cenário estimulado). Porém, não deixou a casa dos 70% na intenção de votos – percentual bem acima do necessário (50% + 1) para vencer no 1º turno.
O segundo colocado, Coronel Ramalho (PL), até aumentou dois pontos percentuais do último levantamento para cá, mas está a um abismo de distância de Arnaldinho: mais de 65 pontos percentuais os separam.
O que explica tamanha vantagem de Arnaldinho?
O levantamento do Instituto Futura não chegou a questionar para os entrevistados o motivo de dar mais uma chance ao atual prefeito. A coluna também não irá avaliar se ele foi um bom prefeito ou não. O exercício aqui é de analisar como a combinação de uma série de fatores pode explicar tamanha vantagem conquistada por Arnaldinho:
1 – Parceria com o governo do Estado
Vila Velha vem de alguns mandatos em que prefeito e governador constantemente se estranhavam. O desalinhamento político, com prefeitura de um lado e governo do Estado de outro, acabava interferindo nos investimentos, punindo, assim, a população.
Arnaldinho sempre repete, como um mantra, que Vila Velha nunca viu um volume tão grande de obras. E boa parte dessas obras, das maiores obras, vem de recursos estaduais. A aliança do prefeito com o governador rendeu não só investimentos para o município como também visibilidade para o prefeito, que acaba se beneficiando dos feitos ainda que a paternidade seja do Palácio Anchieta.
2 – Megacoligação na retaguarda
Arnaldinho não está sozinho no jogo. Ele veio com nada menos que 13 partidos em sua coligação. O seu próprio partido, que conta com dois deputados federais; o partido do governador (PSB) – e o apoio do mesmo e da máquina do governo –; o União Brasil com o apoio do presidente da Assembleia, Marcelo Santos; o MDB, presidido pelo vice-governador Ricardo Ferraço; o PP, o PSD e o Republicanos, que contam com lideranças políticas importantes no Estado, entre outros.
Todo esse apoio resulta em mais recursos para campanha, mais tempo de exposição em rádio e TV, mais gente na rua pedindo voto, mais líder de peso atuando no convencimento dos indecisos.
3 – Ausência de concorrentes competitivos
Outro ponto que pode explicar o favoritismo de Arnaldinho é também a ausência de concorrentes competitivos. As três pesquisas realizadas pelo Instituto Futura após o início da campanha eleitoral mostraram que nenhum dos adversários chegou nem perto de oferecer qualquer risco ao prefeito.
Mesmo Coronel Ramalho, que representa o bolsonarismo em Vila Velha e vem fazendo duras críticas à gestão, não conseguiu ameaçar o favoritismo de Arnaldinho, nem com a presença do Bolsonaro.
A pesquisa Futura ouviu 500 pessoas na quarta e quinta-feira e não chegou a captar um crescimento significativo de Ramalho após a visita do ex-presidente, na última segunda-feira, em apoio à campanha do coronel.
Os demais concorrentes não chegaram a pontuar 3% das intenções de voto em nenhuma das pesquisas da série.
Com quebra de maldição, possibilidade de terminar no 1º turno, favoritismo sem igual do atual prefeito, a eleição de Vila Velha tem tudo para entrar pra história no domingo. Isso, claro, se as urnas seguirem o que mostra a pesquisa hoje.
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