Eleição na Serra virou disputa entre Casagrande e Pazolini

Casagrande com Weverson e Pazolini com Muribeca: os sinais para 2026

Weverson Meireles (PDT) ou Pablo Muribeca (Republicanos). No próximo domingo (27), a Serra vai escolher quem será o prefeito pelos próximos quatro anos. No próximo domingo também, o maior colégio eleitoral do Estado irá ditar quem sairá das urnas fortalecido para 2026: o governador Renato Casagrande (PSB) ou o prefeito reeleito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Não se trata mais apenas de uma disputa municipal, do grupo de Vidigal contra o grupo do desafiante Muribeca. Ainda que nessa reta final os nervos estejam à flor da pele, com ataques verbais e até agressões físicas entre os cabos eleitorais, a eleição na Serra dá sinais do que pode ser a eleição para o Palácio Anchieta, daqui a dois anos.

Casagrande e Pazolini estão de cabeça nas campanhas de Weverson e Muribeca, respectivamente, e os últimos dias e acontecimentos mostraram que a eleição na Serra, como a de Vitória, colocou mais uma vez os dois em lados opostos e medindo forças.

Na Capital, Pazolini teve uma vitória maiúscula. Venceu no primeiro turno derrotando, entre os candidatos, dois aliados do governo do Estado: Luiz Paulo (PSDB) e João Coser (PT). Casagrande não chegou a se expor. Não gravou vídeos, não subiu em palanques, não participou de caminhadas em Vitória. Mas, seu partido, o PSB, fechou com Luiz Paulo e o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), pediu votos para o tucano, em nome do governo.

A vitória de Pazolini não somente impôs uma derrota ao governo Casagrande como também cacifou o jovem prefeito para a disputa pelo Palácio Anchieta. Ele saiu das urnas como um forte concorrente contra o grupo do socialista, que não pode mais disputar a reeleição e terá de escolher um sucessor para defender o seu legado.

Já na Serra, a votação do 1º turno representou uma vitória parcial para o governo do Estado. Weverson, que em todas as pesquisas de intenção de votos aparecia na terceira colocação, passou para a segunda etapa em 1º lugar. Ele foi o único candidato a contar com a presença do governador por mais de uma vez em seus atos de campanha.

No 2º turno, Casagrande renovou a parceria, gravou um vídeo que foi postado nas redes sociais de Weverson e já esteve com ele num evento político, na última sexta-feira, em Laranjeiras.

“Vocês lembram que lá no comitê eu disse que Weverson chegaria em primeiro lugar. Nós não queríamos chegar em segundo e o Weverson chegou em primeiro lugar (…) A gente tem que continuar com essa garra, com essa determinação para chegar no dia da eleição e chegar à vitória, chegar com o 12. É Weverson”, disse Casagrande, de cima de um trio elétrico e debaixo de gritos e aplausos dos militantes.

No mesmo dia, porém, Pazolini também gravou vídeos com Muribeca, firmando a parceria e entrando de vez na campanha do correligionário, na Serra. No vídeo, os dois prometeram interligar o videomonitoramento e as guardas municipais e Pazolini tentou “colar” sua gestão numa eventual, de Muribeca.

“Com o Pablo teremos melhorias significativas na Segurança Pública e integração ainda maior das guardas municipais, o videomonitoramento será ampliado (…) A mobilidade urbana também será uma prioridade, a integração com Vitória permitirá maior fluidez e principalmente a redução do tempo de deslocamento (…) A nova política chegou para transformar. Vitória já está colhendo os frutos de uma gestão ética, humana, acolhedora, que cuida de todos e é inteligente”, disse o prefeito, no vídeo.

A participação de Pazolini chamou a atenção. Primeiro porque ele não tem o perfil de um político partidário, que busca votos para os correligionários, a pedido da legenda – nos dois primeiros anos de mandato, por exemplo, o prefeito chegou a ter sérios atritos com seu partido, o Republicanos, por ser um pouco mais “independente”.

Segundo que Pazolini nunca foi tão próximo de Muribeca a ponto de hoje estarem caminhando juntos, como se fossem aliados de longa data, com o prefeito hipotecando sua credibilidade em prol do candidato.

Há ainda um terceiro ponto. No sábado, Pazolini teria telefonado para Junior Abreu, chefe da Casa Civil do governo do Estado, que é aliado de Vidigal. O teor não foi revelado, mas há duas versões nos bastidores: uma de que Pazolini teria conversado sobre chegar a um acordo na eleição e reduzir a violência – já que os cabos eleitorais dos dois candidatos saíram no tapa – e uma outra de que Pazolini teria feito uma “ameaça velada”, por ter sido hostilizado por apoiadores de Weverson, na Serra.

A Casa Civil confirmou o telefonema, mas não revelou o teor: “A interlocução com atores políticos de diferentes esferas faz parte das atribuições do cargo de secretário chefe da Casa Civil, sendo comum as conversas entre prefeitos e o secretário. De fato, houve contato por parte do prefeito de Vitória neste sábado, 19 de outubro, para tratar de temas diversos, como tem ocorrido com diferentes prefeitos eleitos do Estado”, diz a nota encaminhada à coluna.

Esses são sinais que mostram que algo maior está em jogo.

Que rumo tomará?

Se Weverson repetir o desempenho que teve no 1º turno e vencer a eleição no próximo domingo, além do grupo de Vidigal e do PDT continuarem no poder, o Palácio Anchieta sai vitorioso por conquistar, por meio de um aliado, o comando do maior colégio eleitoral do Estado.

Casagrande isola, assim, a oposição, que ficará localizada, na Região Metropolitana, apenas na Capital. Serra teria à frente um aliado do governo, assim como Vila Velha, Cariacica e Viana já têm – para quem precisa fazer um sucessor em 2026, o melhor negócio agora é ter aliados à frente de prefeituras.

Porém, se Muribeca conseguir virar o jogo e vencer o grupo de Vidigal no próximo domingo, ele não só conquista uma vitória robusta, como entrega mais uma cadeira para o Republicanos e expande a oposição que pegará a antiga Reta do Aeroporto e fincará bandeira no maior município do Espírito Santo.

Antes de iniciar a campanha, Muribeca, que é deputado estadual, integrava a base aliada de Casagrande na Assembleia. Porém, após o governador entrar de corpo e alma na campanha de Weverson, não se sabe qual será a postura do republicano a partir do próximo dia 28.

Se, como no vídeo, ele se unir mesmo a Pazolini e conquistar a prefeitura, pode tomar o mesmo rumo que o prefeito de Vitória tomou com relação ao Palácio Anchieta – o que é muito ruim para o governo agora, mas principalmente, em 2026.

Como principal fiador da campanha de Muribeca, Pazolini também ganha se o correligionário for eleito no domingo. E, com duas vitórias seguidas, o prefeito terá peso para dar muita dor de cabeça ao Palácio durante os próximos dois anos e praticamente carimba seu ingresso no jogo eleitoral de 2026. E mais: ele terá tudo pra ser o principal concorrente do grupo de Casagrande, independentemente de outros adversários que surgirem e disputarem.

Com tanta coisa em jogo, a última semana de campanha na Serra deve pegar fogo. E do jeito que as coisas estão caminhando, é bom que as forças de segurança estejam atentas e os estrategistas políticos também.

 

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