Pesquisa na Serra: O reforço que dá vantagem a Weverson no 2º turno

Disputa na Serra / crédito: Thiago Soares/FV

A primeira pesquisa do Instituto Futura Inteligência no segundo turno da disputa na Serra mostra o candidato Weverson Meireles (PDT) à frente do candidato Pablo Muribeca (Republicanos) numa diferença de 12 pontos percentuais no cenário estimulado (quando são sugeridos os nomes dos concorrentes). Nos votos válidos, o pedetista tem 57,1% contra 42,9% do republicano.

Weverson mantém a dianteira vista na apuração dos votos do 1º turno, quando numa virada surpreendente alcançou 97.087 votos (39,66%) contra 61.690 votos (25,20%) de Muribeca – uma diferença de mais de 14 pontos percentuais ou 35.397 votos (veja a pesquisa completa aqui).

O pedetista cresceu na reta final da campanha, saindo do terceiro lugar – das projeções das pesquisas – para a liderança, deixando o favorito, Audifax Barcelos (PP), de fora do segundo turno.

E os dados da pesquisa mostram que o reforço que Weverson tem tido, ao longo de sua campanha, por meio dos apoios, pode explicar o crescimento e o favoritismo para virar o próximo prefeito da Serra.

Aprovação do governo Lula e apoio indireto do PT

No levantamento divulgado na tarde desta segunda-feira (14), o instituto perguntou aos entrevistados sobre a avaliação do governo Lula (PT) e do próprio Presidente. Diferente dos outros municípios da Grande Vitória, na Serra, os dois estão bem avaliados.

Quem considera o governo federal ótimo e bom representa 43,4% dos entrevistados; 33,9% acham o governo regular e 17% ruim ou péssimo – 5,7% não souberam ou não responderam.

Com relação à avaliação do presidente Lula, a aprovação é ainda maior e chega a 45,3%. Já 24,8% consideram o Presidente regular e 28,9%, ruim ou péssimo – 1% não soube ou não respondeu.

E por que esse dado é importante na disputa pela Prefeitura da Serra?

Do fim da semana passada para cá, a disputa no município passou a contar com um novo ingrediente: a polarização nacional, que tem sido usada de forma massiva principalmente por parte de Muribeca contra Weverson.

A estratégia começou após o ex-candidato a prefeito Roberto Carlos (PT), que ficou em 5º lugar na votação do 1º turno (com 3,07% dos votos), defender o voto em Weverson. O PT e o PDT não fecharam aliança para o 2º turno, mas o presidente do PT na Serra, Miguel Júnior, orientou voto no pedetista, até por uma questão de afinidade de campo ideológico – nacionalmente, os dois partidos são aliados.

Como a associação dos dois partidos começou a ser usada de forma pejorativa e como ataque ao candidato Weverson, no sábado (12), o presidente do PDT da Serra, Alessandro Comper, foi a público e descartou qualquer aliança ou busca de aliança com o PT.

Campanha de Muribeca tem como estratégia a polarização nacional entre direita e esquerda

Embora haja, por parte das duas campanhas, um sentimento de que a polarização direita x esquerda possa influenciar no segundo turno, não foi bem isso que foi visto no resultado do primeiro turno na Grande Vitória e nem na pesquisa de agora.

Para 30,8% dos entrevistados, há uma percepção de que o País está dividido, porém, eles afirmam que estão cansados dessa polarização. Ou seja, a leitura que se faz é que quem apostar na polarização nacional não deve conseguir reverter isso em votos.

Nesse mesmo cenário, 26,9% afirmam que o País está dividido e que estão ao lado do presidente Lula; 17,3% afirmam que o país está dividido e que estão ao lado do ex-presidente Bolsonaro e 15% acreditam que o País não está dividido – 10% disseram que não sabem ou não responderam.

Os dados mostram que a população da Serra está cansada da polarização, mas, entre os que ainda se posicionam no embate, os que apoiam Lula estão à frente dos que apoiam Bolsonaro, o que é positivo para candidatos do mesmo campo ideológico do petista.

A benção do Palácio Anchieta

O primeiro candidato escolhido pelo governador Renato Casagrande (PSB) para entrar de cabeça na campanha, participar de comício, pegar o microfone e pedir voto no 1º turno foi Weverson Meireles (PDT). Foi o primeiro e o último também, já que no último dia de campanha eleitoral, Casagrande também esteve com Weverson.

Nem os candidatos do PSB, partido de Casagrande, receberam tamanha deferência, o que mostra o peso que a disputa no maior colégio eleitoral do Estado tem para o Palácio Anchieta. E também a importância de manter o prefeito Sergio Vidigal como aliado.

Ter a presença do governador no palanque também foi o pedido número 1 dos aliados que enfrentaram as urnas no 1º turno, embora nem sempre tenham sido atendidos, como o caso dos candidatos João Coser (PT) e Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) que disputaram em Vitória.

E por que ter a bênção do Palácio Anchieta era (e é) tão importante? Porque o apoio de um governo/governante bem avaliado pela população dá credibilidade e pode fazer a diferença na votação.

A pesquisa Futura divulgada hoje mostrou que 60,8% dos entrevistados na Serra consideram o governo do Estado bom e ótimo. Já com relação à aprovação de Casagrande, o índice de bom e ótimo é de 61,8%.

Ou seja, o Palácio Anchieta é um cabo eleitoral bastante cobiçado e, acredita-se, que um transferidor de votos eficiente.

No 1º turno, o saldo de ganhos e perdas do governo do Estado ficou equilibrado. O PSB fez o maior número de prefeitos entre as legendas (22, se somado Presidente Kennedy), elegeu um aliado na Prefeitura de Linhares – reduto do adversário Guerino Zanon – e também ajudou a levar Weverson para o 2º turno da Serra em primeiro lugar.

O governo do Estado teve também algumas perdas. Em Guarapari, o aliado e deputado Zé Preto (PP) perdeu a eleição para Rodrigo Borges (Republicanos). Em Colatina, o prefeito Guerino Balestrassi (MDB), que recebeu um vídeo de apoio do governador na semana final, perdeu e a derrota mais dolorida: na Capital, os dois aliados do governador nem chegaram a ir para o 2º turno contra o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), reeleito.

Tudo indica, até o momento, que, também no 2º turno, a digital do Palácio Anchieta estará presente na campanha de Weverson.

o peso da máquina pública

Weverson e Vidigal numa praça em Feu Rosa: de desconhecido a mais votado no 1º turno

Também não deve ser desconsiderada, na análise, a aprovação da gestão Vidigal à frente do município e o peso de uma máquina pública na eleição.

A pesquisa Futura mostra que 55,9% dos entrevistados avaliam como boa e/ou ótima a Prefeitura da Serra e 60,1% avaliam como bom e/ou ótimo o prefeito Sergio Vidigal (PDT).

A aprovação da gestão e, principalmente, do prefeito acaba sendo um reforço para Weverson que iniciou a campanha totalmente desconhecido do eleitorado do município.

Nas primeiras pesquisas, ainda no período de pré-campanha, Weverson não chegava a pontuar 2%, mas a votação que ele teve no 1º turno mostrou a capacidade de Vidigal de transferir votos.

É inegável também o fato de que um candidato apoiado pela gestão acaba saindo na frente dos demais concorrentes. É a influência da máquina pública, que, em toda eleição, faz a diferença.

A pesquisa, porém, é um retrato do momento e apresenta o cenário do segundo turno que conta ainda com mais 13 dias pela frente. Os candidatos têm buscado aumentar o número de apoios, o que já pode ser notado nas redes sociais e nas ruas. Mas apoio não garante eleição. O que dará a vitória mesmo a um dos candidatos, no dia 27, é o voto do eleitor.

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