Sergio Vidigal: o grande vencedor da eleição da Serra

Vidigal abriu mão de disputar a reeleição, mas ainda assim, saiu vencedor

Weverson Meireles (PDT), o prefeito eleito da Serra, tem o seu mérito. Desbancou figurões conhecidos da política serrana, venceu um segundo turno dificílimo e vai comandar o maior município do Estado já na primeira eleição que disputa.

Mas, a vitória de Weverson é a vitória de um grupo político que iniciou sua trajetória na Serra há 28 anos e vai continuar no comando por, pelo menos, mais quatro anos. Mais do que a vitória de um grupo, é a vitória de um líder: o prefeito Sergio Vidigal (PDT). Mesmo sem disputar, ele é o grande vencedor das eleições na Serra.

Por sua conta e risco, contra tudo e contra todos, Vidigal fechou os ouvidos para os pedidos de correligionários, aliados e até de familiares e decidiu não concorrer à reeleição. Alegando problemas de saúde da esposa, ele bateu o pé e disse que não iria disputar, mesmo tendo em mãos pesquisas que o colocavam como vitorioso em qualquer cenário contra qualquer oponente.

Resolveu apostar num jovem até então desconhecido do povo serrano, sem muita experiência na política e sem nunca ter sido testado nas urnas. Aos 33 anos, Weverson foi apresentado como sucessor de Vidigal, aquele que iria defender o legado do grupo e seria o responsável por manter a Serra sob o comando do PDT.

Na pré-campanha, pesquisas eleitorais foram realizadas e Weverson não chegava a pontuar 2% nas intenções de voto. Ainda dava tempo de mudar e Vidigal, inúmeras vezes, foi questionado, inclusive por essa colunista, se iria mesmo arriscar com Weverson ou se recuaria e assumiria o nome nas urnas, mais uma vez.

A coluna chegou a fazer uma análise sobre os riscos em torno da empreitada de Vidigal que, mesmo assim, se manteve firme em seu propósito de fazer um sucessor.

Weverton, Weberton, Emerson… Boa parte do eleitorado serrano não acertava nem o nome do candidato, o que dá a dimensão do desafio que Vidigal tinha pela frente de tornar seu pupilo não somente conhecido como também o futuro prefeito da Serra.

Pois Vidigal colocou Weverson debaixo do braço e começou a circular a cidade, o apresentando aos eleitores. Logo no início das caminhadas, num vídeo que foi postado nas redes sociais, é possível ver uma eleitora até questionado se Weverson seria filho de Vidigal. Não por conta da aparência, mas pelo desconhecimento sobre quem seria o jovem caminhando com o prefeito.

A campanha “casada” chegou a ser, em muitos momentos, questionada pelos adversários de Weverson na Justiça, que alegaram abuso de poder político e uso da máquina pública em favor da campanha do agora eleito.

Weverson e Vidigal numa praça em Feu Rosa: de desconhecido a mais votado no 1º turno

Mas, ainda assim, a estratégia deu certo. Quando no primeiro turno, todas as pesquisas mostravam que Weverson poderia ficar de fora, ele não somente passou para o segundo turno como conquistou o primeiro lugar, impondo uma derrota dolorosa ao ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), que era o favorito.

Muitos vão justificar que um candidato apoiado pela gestão já sai na frente dos outros, pelo poder da máquina. Porém, em 2020, Audifax era o prefeito e tentou fazer seu sucessor, Fábio Duarte, mas não conseguiu. Perdeu para Vidigal – e, só para constar, no 2º turno da eleição, Duarte declarou apoio ao PDT.

O PDT, sob o comando de Vidigal, também elegeu a maior bancada na Câmara de Vereadores. Serão cinco cadeiras e, provavelmente, o posto de presidente da Casa vai ficar com a legenda. Dos 23 eleitos, ao menos 18 já iniciam o mandato na base aliada junto com o PDT.

Weverson contou com outros nomes de peso em sua campanha e que foram muito importantes para sua vitória – como, por exemplo, o governador Renato Casagrande (PSB) –, mas a transferência de votos, de capital político que ele precisava se deu por meio de Vidigal. Com ela, Weverson venceu Pablo Muribeca (Republicanos), neste domingo (27), com 60,48% dos votos válidos.

O que demonstra que, mesmo fora das urnas, mesmo revezando no comando do município há quase três décadas e ouvindo muitas críticas por isso, mesmo apoiando um jovem desconhecido, Vidigal é hoje a principal liderança política da Serra. Mostrou sua força e sai do processo político maior do que entrou.

Vidigal ainda não anunciou o que fará a partir de 1º de janeiro. Weverson disse que ele terá papel de conselheiro em seu mandato, mas ninguém falou sobre o futuro. Não se sabe se Vidigal vai pendurar as chuteiras ou acompanhar a vida política pelos bastidores. Mas, com o resultado de hoje, ele se torna um agente fundamental para as eleições de 2026.

 

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