Reuniões semanais e até a cada dois dias em lugares não divulgados. Promessa de partilha dos cargos comissionados e terceirizados da Câmara. Garantia de governabilidade para o prefeito eleito no primeiro biênio.
Essas foram as “armas” utilizadas pelo atual presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia (PDT), para se fortalecer na disputa por mais um mandato como presidente à frente do Legislativo serrano.
Concorrendo pela segunda vez ao comando da maior câmara de vereadores do Estado, Saulinho já tem o apoio de 16 vereadores (contando com ele) dos 23 que foram eleitos para a próxima legislatura. E não só isso. Ele também conta com o apoio do prefeito eleito Weverson Meireles (PDT).
Reuniões secretas
O grupo de Saulinho – que será chamado aqui de G-16 – é formado por: Raphaela Moraes (PP), Teilton Valim (PDT), Paulinho do Churrasquinho (PDT), Rafael Estrela do Mar (PSDB), Fred (PDT), Andréa Duarte (PP), Professor Renato Ribeiro (PDT), Leandro Ferraço (PSDB), Dr. Willian Miranda (União), Antonio CEA (Republicanos), Cleber Serrinha (MDB), Georde Guanabara (Podemos), Cabo Rodrigues (MDB), Stefano Andrade (PV), Wellington Alemão (Rede) e pelo próprio Saulinho.
Eles têm se reunido semanalmente em locais secretos (cada reunião num lugar diferente), combinados sempre num grupo de WhatsApp formado pelos 16.
A intenção, segundo parlamentares que estão participando das reuniões e foram ouvidos pela coluna, é manter o grupo unido, livre do assédio do outro grupo – formado por sete vereadores que se opõem a Saulinho – e, consequentemente, livre de traições.
Ainda não foram definidos os nomes que vão formar a chapa encabeçada por Saulinho. E essa indefinição é proposital. O martelo só será batido na última semana do ano – entre Natal e Ano Novo – para evitar insatisfações e baixas no grupo que, segundo parlamentares, tem sido assediado pelo outro grupo adversário de Saulinho.
O G-7 contrário à reeleição de Saulinho como presidente é formado pelos vereadores: Professor Rurdiney (PSB), Pequeno do Gás (PSD), Henrique Lima (Podemos), Jefinho do Balneário (Podemos), Agente Dias (Republicanos), Rodrigo Caldeira (Republicanos) e Pastor Dinho (PL).
A coluna já até noticiou, antes do 2º turno da eleição na Serra, que o ex-presidente da Câmara Caldeira estaria, à frente do G-7, tentando se viabilizar para tentar voltar à presidência.
Ele apoiou seu correligionário Pablo Muribeca (Republicanos), na disputa pela Prefeitura da Serra. Com a derrota de Muribeca e a maioria dos vereadores eleitos sendo da base do prefeito Sergio Vidigal (PDT), as chances de Caldeira conseguir maioria para bater de frente contra Saulinho são mínimas, mas se tratando do histórico da Câmara da Serra, não se pode duvidar de nada.
O G-7 estaria tentando “puxar” membros do outro grupo para tentar formar maioria, oferecendo posições na Mesa Diretora, segundo alguns vereadores do G-16 ouvidos pela coluna.
Projeto para barrar traições
Para evitar traições de última hora, o presidente Saulinho colocou em votação um projeto de resolução que muda as regras para a eleição da Mesa Diretora. O projeto é muito semelhante a um que foi votado e aprovado na Assembleia.
O projeto altera o artigo 13 do Regimento Interno da Casa e acrescenta o parágrafo 15-A, que diz: “O vereador terá automaticamente o seu voto registrado a favor da chapa que integrar”.
A chapa é formada pelo presidente, pelo 1º e 2º vices e pelo 1º e 2º secretários.
Parece óbvio que um vereador que se inscreva numa chapa vote nela, mas num passado não muito distante, mais precisamente em 2017, a então vereadora Neidia Pimentel estava inscrita numa chapa de oposição ao prefeito eleito Audifax Barcelos como 1ª secretária. Essa chapa tinha 12 membros que passaram o mês de dezembro reunidos num sítio.
Porém, havia uma outra chapa na disputa, com 11 membros, essa de apoio ao prefeito, e nela ofereceram para Neidia o cargo de presidente. No dia da eleição, ela estava inscrita nas duas chapas e optou por ficar na que lhe ofereceu o cargo de presidente.
Aí começou a confusão, com cadeiras voando, empurra-empurra, xingamentos e até agressões físicas. A polícia precisou ser chamada para conter os ânimos, a sessão foi suspensa e a posse do prefeito foi ofuscada.
O projeto de Saulinho quer evitar justamente isso. A resolução foi aprovada e deve ser publicada nos próximos dias.
Apoio de Weverson
Durante a campanha de 2º turno da eleição na Serra, tanto o prefeito Vidigal quanto o prefeito eleito Weverson chegaram a chamar a atenção da base. Isso porque os vereadores estavam se articulando para a eleição da Mesa Diretora, quando o foco deveria ser pedir voto para ganhar a eleição de prefeito.
Na ocasião, Weverson foi questionado pela coluna sobre quem apoiaria, mas sempre repetiu que não iria tratar da Mesa Diretora da Câmara enquanto o cargo de prefeito ainda não tivesse sido definido.
Passada a eleição, Weverson iniciou as conversas com os vereadores e embora não tenha anunciado publicamente ainda, ele já definiu apoio a Saulinho para presidência da Câmara.
A falta de um anúncio público seria porque Weverson ainda está tentando costurar uma chapa de consenso, já que há no G-7 (o grupo de oposição a Saulinho) vereadores que são da base aliada do prefeito.
Ainda que não votem em Saulinho, ter duas chapas e uma disputa no Legislativo sempre gera uma certa tensão e costuma colocar os prefeitos numa sinuca de bico. Apoiar um lado é visto como declarar guerra ao outro e prefeito nenhum quer começar o mandato em guerra com nenhum dos parlamentares.
O grupo de Saulinho também aposta numa chapa única, ainda que não seja à unanimidade. Mas, se depender da disposição hoje do G-7, será difícil convencer todos os 23 vereadores a caminharem juntos nessa questão. A conferir.
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