Provocações, indiretas, reunião às pressas e uma baixa. A uma semana da eleição que irá definir quem comandará a OAB-ES pelos próximos três anos, o clima está quente e nervoso na advocacia capixaba.
O advogado José Antônio Neffa Junior, que concorria à presidência da Seccional Capixaba pela chapa 11 “Transforma OAB!” abriu mão da disputa, na noite de quarta-feira (13), para apoiar a chapa 10 “A OAB que você quer”, liderada pela advogada Érica Neves.
“Unimos nossas propostas para deixar o plano de compromissos ainda mais robusto. E reforçamos nossas prioridades: prerrogativas, transparência e aperfeiçoamento técnico”, disse Neffa.
Érica fez coro: “Nenhum cargo, ego ou disputa são maiores que o nosso desejo de unir forças para resgatar a OAB. Queremos salvar a Ordem! Recebo Neffa, Elisa Galante e todos do grupo com muita alegria e respeito”.
A movimentação foi chamada pelos dois advogados de “união de forças” e um acordo foi fechado entre eles. Neffa abre mão da disputa pela presidência, mas vai fazer parte da chapa de Érica como tesoureiro. Atual presidente da subseção de Vila Velha, Neffa vai manter sua candidata à frente da disputa na subseção, enquanto Érica retirou seu candidato no município.
Nas outras subseções em que os dois tinham candidatos, as negociações ainda estão sendo feitas. Já Elisa Galante, que era vice de Neffa, entra na chapa de Érica como uma das seis conselheiras federais, junto com o candidato de Érica que disputaria Vila Velha.
A subseção no município canela-verde, onde Neffa é forte, é considerada um grande colégio eleitoral e há uma crença, entre alguns advogados, de que quem vence na subseção, ganha na seccional. Em 2021, Rizk venceu em Vila Velha.
Se é mito ou verdade, a prova será tirada na próxima sexta-feira (22). Fato é que a união dos dois candidatos gerou um rebuliço entre os advogados.
Reunião extraordinária
Com a saída de Neffa da disputa, começaram as especulações de que o advogado Ben-Hur Farina, candidato à presidência da OAB pela chapa 3 “Muda OAB”, poderia ser o próximo a desistir.
Mais do que depressa, o advogado convocou a advocacia para uma reunião extraordinária, que ocorreu na manhã de ontem (14). Ele reafirmou que sua candidatura continua de pé e pediu votos.
“Estamos ainda mais unidos e confiantes na vitória. Vamos disputar a presidência da Ordem para, novamente, conduzi-la ao lugar de destaque e protagonismo que sempre ocupou e de onde nunca deveria ter sido tirada. Democracia, transparência e defesa das prerrogativas é o que realmente nos move”, disse Ben-Hur, em nota à coluna.
Ben-Hur já foi aliado de Rizk, inclusive na eleição de 2021, estava com ele. Porém, os dois romperam logo no início do mandato do presidente e desde então o advogado tem feito uma oposição ferrenha contra a gestão de Rizk.
Mas não foi só Ben-Hur que reagiu às articulações de Érica e Neffa Junior.
Indireta?
Pouco tempo depois do anúncio do recuo de Neffa para apoiar Érica, o presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho, postou uma frase em seu perfil do Instagram: “A advocacia não é profissão para covardes”, escreveu.
A frase, atribuída ao criminalista Heráclito Fontoura Sobral Pinto – advogado e defensor dos direitos humanos, que enfrentou o Estado Novo e o Regime Militar – não tinha destinatário. Não explicitamente. Porque ficou subentendido, para toda a advocacia e mercado político, que a mensagem tinha endereço certo.
Rizk é candidato à reeleição pela chapa 1 “A Ordem é evoluir”. Ele disputa um terceiro mandato à frente da Seccional e, durante a campanha, virou alvo das críticas de todos os adversários.
Como presidente, Rizk está à frente também da eleição do Quinto Constitucional, que visa preencher uma vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado com um nome da advocacia.
No último dia 7, os advogados escolheram, em votação direta e entre 23 candidatos que se inscreveram, 12 nomes para fazer parte da lista. A próxima etapa seria a formação da lista sêxtupla por parte do Conselho da OAB-ES, mas a data da formação da lista ainda não foi marcada pelo presidente.
O fato das duas eleições estarem rodando ao mesmo tempo, com a possibilidade – segundo adversários de Rizk – de uma eleição interferir na outra, fez com que Neffa entrasse com uma ação na Justiça para exigir que o presidente marcasse a formação da lista sêxtupla antes da eleição para o comando da Ordem. O pedido foi indeferido.
A eleição para o comando da OAB-ES ocorre no próximo dia 22, será online e para todos os advogados que estiverem inscritos na Ordem e em dia com a mensalidade. Na votação do Quinto Constitucional, 21.803 advogados estavam aptos para participar.
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