Com 53,08% dos votos válidos, a chapa 10, comandada pela advogada Érica Neves, foi eleita para presidir a Seccional Capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES). Ela venceu o atual presidente, José Carlos Rizk Filho, da chapa 1, que teve 32,59% dos votos e já estava no comando da Ordem há dois mandatos (seis anos). A chapa 3, liderada pelo advogado Ben-Hur Farina ficou em terceiro lugar, com 14,33% dos votos válidos.
Érica será a primeira mulher a comandar a Ordem. Sua gestão inicia no ano que vem e vai até 2027. Graduada em Direito pela Ufes e especialista em Direito do Estado e Direito do Consumidor, Érica foi diretora da Associação Brasileira de Advogados (ABA) no Espírito Santo.
Defensora ativa das prerrogativas da advocacia, foi secretária-geral adjunta da OAB-ES (2016-2018), presidente da Comissão de Fiscalização e Propaganda (2016-2017) e membro da Comissão Nacional do Direito do Agronegócio (2016-18). Implementou o Termo de Ajustamento de Conduta para orientar advogados.
É a segunda vez que Érica disputa o comando da OAB-ES. Em 2021, ficou em segundo lugar e perdeu para Rizk, mas foi a mulher mais votada na eleição da OAB-ES.
Nas últimas semanas, Érica somou forças com o advogado Neffa Júnior, que também disputava a presidência da Ordem, mas desistiu e passou a apoiar a colega.
Participação massiva
Dos 19.790 advogados aptos a votar, 17.182 (86,82%) foram às “urnas”, ou seja, ao sistema de votação online para escolher o comando da seccional capixaba e das subseções pelos próximos três anos (2025-2027).
Segundo o presidente da Comissão Eleitoral, Walterleno Noronha, foi a eleição com maior participação de advogados da história da OAB-ES. “A eleição foi histórica. Tivemos um número extremamente expressivo se comparado em 2021, que teve 11.676 votantes. Foi a maior votação que a OAB já teve”, disse Noronha.
Ele disse que a eleição foi tranquila e que ocorreram apenas três intercorrências: um advogado precisou ser incluído como apto a votar na subseção de São Mateus; um outro advogado foi incluído na subseção de Vila Velha e uma questão envolvendo o certificado de uma mesária em Alegre precisou ser resolvida.
Antes de anunciar o resultado, Noronha também fez um apelo à união, entre vencedores e perdedores. “Não esqueçamos que somos advogados e precisamos nos unir em prol da nossa profissão”.
Campanha marcada por provocações, denúncias e ações judiciais
A campanha eleitoral pela disputa do comando da OAB-ES foi marcada por provocações, denuncismo e muitas ações judiciais. O clima acirrado e nervoso tomou conta de todo o período de campanha e muitas ações, de nível duvidoso, tomaram o lugar do debate de propostas.
Até para quem já está acostumado a cobrir eleições das mais turbulentas – como a jornalista que assina essa coluna –, a campanha da OAB desse ano chamou a atenção. Negativamente. Advogados de fora da disputa, mas que acompanharam de perto o período eleitoral, ficaram horrorizados com a baixaria de campanhas difamatórias que praticamente todos os candidatos foram vítimas.
Ainda hoje, no dia da eleição, um veículo de comunicação precisou desmentir uma fake news contra um dos candidatos. A peça de desinformação imitava o formato do G1 e dizia, falsamente, que a candidatura de Érica havia sido cassada. Mas essa não foi a única treta da eleição.
Foram denúncias na Polícia Federal e na Comissão Eleitoral de suposta extorsão e tráfico de influência, outras de suposta corrupção na Ordem, ações na Justiça por crime contra honra e contra campanhas de deep fake. E fora as provocações e indiretas em redes sociais e eventos. E, sim, tudo isso numa eleição interna envolvendo advogados.
A situação ficou tão feia que mesmo com o término da campanha hoje, muitos advogados ainda vão ingressar com ações na Justiça e no Conselho Federal contra colegas de profissão.
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