Teve quem apostasse que após a eleição de outubro, as rusgas entre o prefeito reeleito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), que marcaram os quatro anos de gestão do prefeito, ficariam para trás. Afinal, muitos interlocutores em comum agiram para que os dois tivessem, ao menos, uma relação republicana.
Oxalá que o apostador não tenha empenhado grandes quantias financeiras em sua aposta, porque corre o risco de perder dinheiro. Isso porque, ao menos por enquanto, não há sinais de aproximação e nem de uma convivência compartilhada entre os dois, como sinalizou um evento do governo do Estado nesta quarta-feira (04).
O governador e o vice, Ricardo Ferraço (MDB), promoveram um almoço no Palácio Anchieta com todos os prefeitos eleitos e reeleitos para apresentar os projetos e ações do governo do Estado para os próximos anos, além de reforçar a parceria com os municípios.
Em discurso, o governador disse que o encontro com os gestores municipais seria o primeiro de muitos visando o desenvolvimento do Estado. Enfatizou também sobre o planejamento que os municípios precisam fazer tendo no radar as questões climáticas e reforçou o anúncio da liberação de R$ 500 mil, já em janeiro, aos prefeitos, para projetos nessa área.
Coube à secretária de Governo, Emanuela Pedroso, fazer uma breve explanação do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (Fundo Cidades), muito visado pelos prefeitos, que promove um repasse direto, dos cofres estaduais para os municipais, de recursos para obras.
Já o secretário de Planejamento, Álvaro Duboc, apresentou dados sobre o plano de desenvolvimento ES 500 anos, que é um plano a longo prazo tendo como base o ano de 2035, quando serão comemorados os 500 anos de colonização do solo espírito-santense.
Ao ser questionada sobre os gestores que participaram do evento, a assessoria do governador informou que todos participaram, com o prefeito ou com o vice eleitos, com exceção de Vitória que “sequer respondeu o convite”, segundo a assessoria de Casagrande.
Ainda segundo a assessoria, o cerimonial do governo do Estado teria ligado diretamente para todos os prefeitos eleitos e vices para convidar para o almoço, que foi das 11h às 13h. Com quem não conseguiu falar deixou recado e todos teriam retornado, menos os representantes de Vitória.
A ausência do prefeito da Capital e principalmente a suposta falta de resposta ao convite foram vistas, pela cúpula do Palácio Anchieta, primeiro como desfeita e depois como um sinal de que não há interesse, pelo menos por enquanto, dos dois caminharem juntos.
“Compromissos agendados”
A Prefeitura de Vitória foi questionada sobre a ausência do prefeito e da vice eleita no encontro marcado pelo governador e também sobre a falta de resposta ao convite. Por meio de uma nota, a assessoria do prefeito respondeu que o prefeito tinha outros compromissos agendados, inclusive uma viagem a Brasília.
“O prefeito Lorenzo Pazolini e a vice-prefeita eleita receberam o cônsul-geral dos Estados Unidos, em Vitória, no mesmo horário. Foi um encontro que reforçou o intercâmbio comercial, com foco na geração de emprego, renda e novas oportunidades para a cidade. Durante a reunião, foram discutidos investimentos e apresentados os resultados alcançados pela gestão”, diz trecho da nota.
Por volta das 16h, Pazolini postou em suas redes sociais foto do encontro com o cônsul. A nota diz ainda que o prefeito viajaria para Brasília:
“Após o compromisso, o prefeito embarcou para Brasília, onde cumpre agenda oficial hoje e amanhã. Infelizmente, não foi possível a presença em outros eventos locais devido a esses compromissos previamente agendados”, concluiu.
Segundo a assessoria da prefeitura, Pazolini participa amanhã (05) do 1º Encontro de Prefeitos e Prefeitas com o tema “Educação como Prioridade”.
Desencontros
Ao longo de todo o mandato, mas principalmente no primeiro biênio, Pazolini e Casagrande se estranharam em várias ocasiões. Os desencontros ocorreram na aplicação de medidas durante a pandemia de Covid-19, com relação às obras do Aquaviário e do Viaduto de Carapina, ações na área de Segurança, até que culminaram numa denúncia de corrupção, por parte do prefeito contra o governo do Estado, que não foi levada à frente.
Do ano passado pra cá, interlocutores comum aos dois tentaram aproximar os gestores para que tivessem, ao menos, uma convivência republicana. A iniciativa até avançou e os dois até passaram a ser vistos participando dos mesmos eventos.
Porém, as eleições municipais colocaram novamente prefeito e governador em lados opostos. Em Vitória, Pazolini foi reeleito, vencendo no primeiro turno os dois candidatos da base do governador – Luiz Paulo (PSDB) e João Coser (PT).
Com a eleição decidida na Capital, Pazolini foi para a Serra e reforçou a trincheira da oposição ao candidato do governador – Weverson Meireles (PDT) –, participando de caminhadas, gravando vídeos e pedindo votos para seu correligionário Pablo Muribeca (Republicanos).
A entrada de Pazolini na campanha de Muribeca deixou o clima entre o prefeito e o governador ainda mais pesado, até porque não estava só em jogo o comando da Prefeitura da Serra, mas também o início das articulações visando a eleição de 2026. Pazolini é cotado para disputar o Palácio Anchieta.
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