Eleito em chapa única e com o voto de 20 dos 21 novos vereadores – Ana Paula Rocha (Psol) foi a única parlamentar a se abster da votação –, o vereador Anderson Goggi (PP), aliado do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) é o novo presidente da Câmara de Vitória para o biênio 2025-2026.
A eleição de Goggi e de toda a Mesa Diretora da Câmara ocorreu na noite de ontem (1º), após a posse dos vereadores eleitos, do prefeito Pazolini e da vice-prefeita, Cris Samorini (PP).
A nova Mesa Diretora da Câmara de Vitória ficou assim:
- Presidente: Anderson Goggi (PP)
- 1° vice-presidente: Leonardo Monjardim (Novo)
- 2° vice-presidente: Luiz Emanuel Zouain (Republicanos)
- 3ª vice-presidente: Mara Maroca (PP)
- 1° secretário: Davi Esmael (Republicanos)
- 2° secretário: Maurício Leite (PRD)
- 3° secretário: João Flávio (MDB)
Em seu discurso de posse, Goggi prometeu diálogo e respeito a todos os 21 vereadores da Casa. “Vocês representam uma parte da sociedade e não será a presidência que irá ceifar qualquer tipo de movimento de representatividade. Teremos muita responsabilidade em conduzir esse Parlamento”, disse Goggi.
Na entrevista coletiva que deu após a posse, Goggi citou alguns projetos que pretende emplacar como presidente da Câmara, sendo que um deles é discutir com a sociedade sobre a possibilidade de levar o Legislativo para o Centro de Vitória.
Segundo ele, há um terreno da União que foi doado para o município onde uma nova sede da Câmara de Vitória poderá, futuramente, ser construída.
Ele citou que o atual prédio que abriga a Câmara – localizado ao lado da sede da Prefeitura, na avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, em Bento Ferreira – tem muitas limitações físicas, muitos problemas insolúveis e que precisa trazer uma solução a essa questão.
“É complicado até falar sobre acessibilidade sendo que um cadeirante não consegue entrar no nosso plenário. Agora, o prédio é tombado, eu não posso fazer nada. Não tem o que eu possa fazer”, justificou Goggi.
Uma eventual mudança de sede do Legislativo, porém, seria a longo prazo. “Agora nós vamos ficar aqui, vamos nos acomodar aqui. Mas, iremos fazer um debate junto a sociedade para ver o que a sociedade pensa e o que o comércio local pensa também”, explicou Goggi.
Além de oferecer um novo espaço aos vereadores, Goggi citou o fomento à economia local que seria gerado com a mudança da Câmara para o Centro.
Reeleição e mudanças na lei que limitam a Câmara
Questionado sobre a possibilidade de aprovar mudanças na Lei Orgânica do Município e no Regimento Interno da Casa que, entre outras coisas, permitem a reeleição de presidente do Legislativo e limitam os vereadores nos atos de fiscalização do prefeito, Goggi disse que não há previsão de que os temas sejam pautados.
No início do mês passado, o ex-líder do prefeito na Câmara, Duda Brasil (PRD), convocou uma sessão extraordinária para votar, em regime de urgência, projetos que mudavam pontos sensíveis da legislação municipal.
Entre os pontos que seriam alterados, estavam o fim da obrigatoriedade do prefeito prestar contas semestralmente – passando a ser anual; também livraria o prefeito de responder por crime de responsabilidade em caso de não comparecimento à Câmara ou de não responder aos requerimentos de informações, além de uma concentração de poderes nas mãos do presidente do Legislativo.
Devido à repercussão negativa e a supostas irregularidades na convocação da sessão, os projetos não foram votados. Porém, continuam tramitando na Casa podendo entrar na pauta a qualquer momento.
Sobre a reeleição de membros da Mesa Diretora, Goggi disse que não é contra, mas fez uma ressalva. “Se me perguntar se eu sou contra a reeleição, eu não sou contra. Mas, dessa forma, sem ter um debate, sem a gente mostrar nosso trabalho, sou totalmente contra”. Goggi negou que irá pautar o assunto para ser votado.
Já sobre as mudanças no Regimento e na Lei Orgânica, amenizou o tom: “Não há um combinado de pautar, não fui demandado sobre isso. Mas, se a Casa entender que deve ser pautado o assunto, a gente pauta, quem decide é a Casa”.
Tropa de choque nos principais postos
Como já esperado, todos os postos de comando do Legislativo foram ocupados por vereadores da base aliada de Pazolini, que tem ampla maioria na Casa. Os principais postos – 1º vice-presidente e 1º secretário – ficaram com os vereadores que formam o “núcleo duro”, ou seja, a tropa de choque do prefeito na Câmara.
Na 1ª vice-presidência ficou o vereador Monjardim, que foi corregedor-geral da Câmara no último biênio. Ele era um dos principais entusiastas durante a sessão extraordinária que tentou pautar os projetos polêmicos. Já como 1º secretário está Davi, ex-presidente da Câmara e ferrenho defensor de Pazolini – às vezes, mais incisivo que o próprio líder do prefeito na Câmara.
Nos bastidores, o nome de Aloísio Varejão (PSB) teria sido cotado para entrar como 1º vice-presidente, mas ele teria sido rifado ontem, poucas horas antes do anúncio da chapa. Goggi disse que foi oferecido para ele o posto de 2º vice-presidente, mas Varejão teria descartado.
Varejão fez parte do G-5, o grupo de cinco vereadores da base aliada que ensaiou uma “rebelião” para eleger outro presidente da Câmara que não fosse Goggi.
O grupo também era formado por Luiz Paulo Amorim (PV), André Brandino (Podemos), Dalto Neves (SD) e Maurício Leite (PRD) e após uma operação de bombeiro do presidente do Republicanos, Erick Musso, a situação foi controlada e fecharam no consenso. Na divisão dos principais postos, porém, o grupo ficou de fora.
A chegada de Goggi à presidência foi costurada antes na campanha eleitoral, junto aos dirigentes do Republicanos e do PP e teria contado com o aval do prefeito. A coluna antecipou sobre o suposto acordo de fazer Goggi presidente.
O PP, que estava na presidência do Legislativo com o ex-vereador Leandro Piquet (PP), não queria perder o espaço de comando e teria colocado o posto na mesa de negociações, juntamente com a discussão sobre indicar o nome para a vice na chapa de Pazolini.
Goggi admitiu que contou com o apoio de Pazolini para se tornar presidente, mas prometeu uma Câmara independente e autônoma. “Ser aliado do prefeito não irá tirar a autonomia da Casa”, garantiu o novo presidente. A conferir.
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