Os desafios dos prefeitos que assumem 2025 de olho em 2026

Pazolini, Arnaldinho e Euclério são cotados para disputar o governo do ES

Já está tudo preparado. Hoje, já nas primeiras horas da manhã e até o final do dia, os prefeitos eleitos e reeleitos em todo o Estado tomarão posse, juntamente com os vices e os vereadores que foram aprovados nas urnas em outubro.

Entre os 78 municípios, 32 decidiram reeleger seus gestores. Seriam 33, contando com Presidente Kennedy, mas a Justiça Eleitoral definiu que o município passará por uma nova eleição (entenda aqui).

Alguns retornam à Prefeitura após décadas, como Theodorico Ferraço (PP), que teve o seu quarto e último mandato como prefeito de Cachoeiro entre os anos de 2001 e 2004 e retorna após cinco mandatos consecutivos como deputado estadual.

Outros disputaram pela primeira vez e venceram, desbancando o grupo que estava no poder e tentava a reeleição, como em Colatina, com a vitória de Renzo Vasconcelos (PSD) sobre Guerino Balestrassi (MDB).

Mas, na Grande Vitória, algo chama a atenção. Três prefeitos que foram reeleitos para mais quatro anos de gestão, podem ficar só metade do mandato. Tratam-se dos prefeitos de Vitória, Vila Velha e Cariacica. Bem avaliados e reeleitos ainda no 1º turno com uma votação expressiva, os três se credenciaram e são cotados para disputar o governo do Estado em 2026.

A bem da verdade, dos três, a possibilidade é de que dois deles disputem. Isso porque o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), reeleito com 79% dos votos válidos, e o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), reeleito com 88,4%, são do mesmo grupo político: o grupo que orbita na base do governo de Renato Casagrande (PSB).

Eles foram citados pelo próprio governador como nomes que estão no radar para receberem a benção do Palácio Anchieta na sucessão do socialista. Se um deles for escolhido, o outro deve continuar com o mandato de prefeito. Dificilmente o grupo irá lançar mais que um nome em 2026 – um pleito que promete ser acirrado e duro.

Além dos dois prefeitos, outros cotados para o posto são o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) – que se torna o sucessor natural se Casagrande deixar o governo para disputar o Senado –; e Sergio Vidigal (PDT), que passa hoje o bastão do comando da Prefeitura da Serra para Weverson Meireles (PDT).

Mas, isso no campo da situação, no grupo que hoje comanda o Estado.

Porém, do outro lado, no campo oposto, também é cotado para a disputa ao governo do Estado o prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que foi reeleito com 56,22% dos votos válidos.

Pazolini tem sido apontado como uma nova liderança no mercado político, capaz de fazer frente ao grupo de Casagrande e ocupar o espaço de principal adversário. Ele conta com a simpatia – e quiçá de um eventual apoio – do ex-governador Paulo Hartung (sem partido, por enquanto).

As últimas notícias dão conta que Hartung está voltando ao cenário da política capixaba, de onde se afastou desde o final do seu último mandato como governador, em 2018.

Há sempre a possibilidade de Hartung voltar para disputar um quarto mandato à frente do Governo do Estado. Mas, hoje, a aposta maior é de que ele faça uma dobradinha com Pazolini e em 2026 dispute uma das duas vagas ao Senado, enquanto o prefeito da Capital disputaria o governo. Isso, óbvio, é a aposta de hoje, distante mais de um ano da decisão final.

Um olho no gato e outro…

Chegar em 2026 com condições favoráveis para disputar o governo do Estado dependerá de muitos fatores. Para além do desempenho nas urnas, em outubro, será o desempenho na gestão ao longo deste ano que definirá quem parte ou não para o jogo eleitoral. Quem estiver bem, disputa. Isso vale para os dois lados que já ensaiam entrar em campo.

Há quem diga que mais difícil do que chegar ao topo é se manter lá. Os três prefeitos foram aprovados pela população, passaram pelo teste das urnas de primeira e com um apoio popular invejável a qualquer liderança política.

O desafio agora é de, pelo menos, permanecerem no mesmo patamar, fazer as entregas prometidas na campanha eleitoral, mesmo diante de um cenário que se desenha mais difícil do que o dos últimos anos, com perda de receitas por conta do impacto da Reforma Tributária.

As demandas não são poucas. Durante a campanha eleitoral, pesquisas do Instituto Futura mostraram a preocupação e as queixas da população sobre questões básicas de saúde, educação, segurança e mobilidade.

Quem está no poder também acaba virando vidraça. Principalmente quando se antecipa o debate eleitoral como agora. A tendência é que os desgastes políticos com opositores aumentem e os prefeitos vão precisar ter fôlego e casca dura para não de desidratarem até o ano que vem.

Resumindo, não adianta olhar apenas para o processo eleitoral de 2026. Quem não fizer direitinho o dever de casa, que se inicia hoje com o novo mandato entregue pelo voto de confiança da população, pode ficar de fora do jogo.

A bola está nos pés dos excelentíssimos senhores prefeitos. Agora é com vocês!