O deputado federal Gilson Daniel (Podemos), que está em seu primeiro mandato na Câmara Federal e preside o Podemos no Estado, não deve disputar novamente a Prefeitura de Viana. Gilson foi prefeito do município por dois mandatos e elegeu e ajudou a reeleger seu sucessor, Wanderson Bueno (Podemos), que é quem afirma que Gilson deve “pendurar as chuteiras” da prefeitura.
“Gilson está em outra dimensão. Acho pouco provável ele disputar uma eleição em 2028 na cidade. Ele é um político em ascensão”, disse Wanderson durante entrevista à coluna De Olho no Poder na série “Cidades e Desafios”.
O prefeito foi questionado sobre o processo sucessório de 2028, já que foi reeleito e não poderá disputar. Perguntado se Gilson Daniel, seu padrinho político, poderia retornar ao comando de Viana, Wanderson descartou.
“Gilson foi um excelente prefeito por duas administrações, eu venho dessa sucessão. Ele rompeu uma barreira importante, porque Viana não tem condição de eleger sozinha um deputado federal. E ele, com muito trabalho e coragem, conseguiu esse fato histórico: a cidade nunca teve um deputado federal para defender recursos nas pautas nacionais, ter a manutenção desse mandato é importante”, disse o prefeito.
Reeleito com 92,4% dos votos, Wanderson terá, além de uma pressão daquelas para manter o alto nível de aprovação, a missão de formar um sucessor para 2028 – já que garantiu que irá ficar em seu mandato como prefeito até o final.
Questionado se já teria um nome em vista ou em “treinamento”, desconversou: “Processo sucessório está distante e passa primeiro por 2026”.
O papel de Gilson e do Podemos em 2026
Segundo Wanderson, o Podemos terá um papel fundamental nas eleições de 2026 e isso respinga em Gilson Daniel. Para o partido, é importante manter a cadeira de deputado federal, mas Gilson poderá disputar um cargo majoritário, segundo o prefeito.
“Gilson pode ser candidato à reeleição ou (a um cargo) majoritário. Elegemos muitos prefeitos, o partido vai governar 25% da população capixaba”, afirmou Wanderson, sem dar detalhes se o posto majoritário seria o Senado ou o governo do Estado.
Assim como outras lideranças políticas, Gilson também tem aspirações maiores. O Podemos está na fila dos partidos cotados para entregar um nome que possa concorrer à sucessão de Casagrande. Hoje, o nome ventilado é o do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), mas nada impede que Gilson Daniel entre nessa fila também.
Presidente de um partido de médio porte, de centro-direita, Gilson é aliadíssimo de Casagrande. Já foi secretário estadual e deve, nos próximos dias, indicar um nome e carimbar o espaço do partido na gestão estadual.
Embora a secretária de Governo, Emanuela Pedroso, seja filiada ao Podemos, ela não é contada pelo dirigente como uma indicação partidária. Emanuela faria parte de uma cota pessoal do governador.
Casagrande já está mexendo no secretariado, fazendo trocas e abrindo espaço para abrigar partidos aliados. Já trocou o comando de duas secretarias: na Saúde entrou o deputado estadual licenciado Tyago Hoffmann (PSB), e em Desenvolvimento Urbano, aceitou indicação do PP e trocou Marcus Vicente por Marcos Aurélio.
O governo tem um “plano A” para 2026, que consiste no vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) assumir o governo em abril do ano que vem após uma possível saída de Casagrande para disputar o Senado. No cargo, Ricardo então teria a preferência para disputar a reeleição ao Palácio Anchieta.
Mas, se o plano A não vingar, a fila dos cotados para a sucessão não para de crescer: os prefeitos Arnaldinho Borgo (Vila Velha) e Euclério Sampaio (Cariacica), além do ex-prefeito da Serra Sergio Vidigal, já foram citados pelo próprio Casagrande como cotados para a disputa. O deputado federal Da Vitória, que preside o PP, também entrou na lista, e agora Gilson Daniel está prestes a entrar também.
Procurado, Gilson não quis comentar sobre as negociações com o governo do Estado a respeito da indicação do partido no secretariado e nem sobre 2026. Mas, enviou uma nota endossando as citações de Wanderson:
“Minha relação com Wanderson é a melhor possível. Somos do mesmo grupo político e estamos sempre em sintonia e com diálogo constante. Meu mandato segue trabalhando em Brasília, trazendo recursos e discutindo os principais assuntos ligados ao município de Viana”, disse Gilson.
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