“Tyago é um técnico com mandato”, diz Casagrande em defesa de deputado na Saúde

Renato Casagrande / Crédito: Dyhego Salazar

O governador Renato Casagrande (PSB) defendeu a nomeação do deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB) para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Mais cedo, Casagrande anunciou em suas redes sociais a troca na pasta, informando que o atual secretário, Miguel Duarte, irá integrar a gestão da Fundação de Saúde Inova.

O anúncio repentino, sem um aparente motivo que justificasse a queda do atual secretário, gerou estranhamento no mercado político. Não pela volta de Tyago ao secretariado, o que já estava sendo cotado nos bastidores.

O próprio deputado, que tem pretensão de disputar uma cadeira na Câmara Federal no ano que vem, já tinha dito à coluna sobre sua disposição em voltar e ocupar uma pasta que lhe permitisse fazer entregas e ter visibilidade. Casagrande, porém, não endossou e disse à coluna que não havia previsão de mexer no governo só por conta de questões políticas.

Porém, parece claro que o motivo da troca foi por questão política, o que é normal de acontecer em qualquer governo. Sempre há uma cota técnica e outra partidária, compondo as equipes.

Mas o que chamou a atenção foi a pasta escolhida para abrigar o correligionário. Normalmente, o comando da Sesa é ocupado por quadros técnicos, que tenham uma certa ligação com a área. Isso porque trata-se de uma pasta sensível, com muitas demandas e que, politicamente, pode virar vitrine ou vidraça para o governador.

Também é uma pasta robusta, a maior do governo. Coube à Sesa a maior fatia do Orçamento do Estado para este ano, superior a R$ 4,7 bilhões – só a título de comparação, o orçamento da segunda maior pasta, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), é de R$ 1 bilhão a menos.

“Tyago é um técnico com mandato. Ele já foi subsecretário de Saúde e cuidava de acompanhar todas as ações”, defendeu Casagrande ao ser questionado pela coluna sobre o motivo de Tyago ir para a Sesa.

Tyago é economista e tem mestrado na área. Ele está em seu primeiro mandato na Assembleia, onde preside a Comissão de Finanças e atua como vice-líder do governo. Antes de ser deputado, comandou pastas importantes no governo Casagrande.

Tyago Hoffmann / crédito: Ales

O deputado foi secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico, chefe da Casa Civil e secretário de Governo. Em 2012, foi subsecretário Estadual da Saúde para Assuntos Administrativos e Financeiros da pasta, conforme citou o governador.

De acordo com informações disponíveis no site da Sesa, um dos objetivos da subsecretaria onde atuou Tyago é “promover atividades relacionadas à administração e ao financiamento da atenção à saúde”.

Casagrande ainda complementou afirmando que o atual secretário, Miguel, que está no posto desde o início do terceiro mandato do socialista (2023), também não é da área de Saúde.

Segundo currículo do secretário disponível no site da Sesa, Miguel é economista, administrador, especialista em Finanças e Controladoria e em Administração Hospitalar. Também é auditor em gestão de qualidade para instituições de saúde. E, ao menos quando foi nomeado, não possuía filiação partidária.

Também há, no currículo, a informação que Miguel possui 30 anos de experiência profissional “respondendo por mais de R$ 1,5 bilhão/ano, 32 unidades de saúde, um milhão de atendimentos médico/mês, 16 mil colaboradores, 3,5 mil médicos, gestão direta de mais de 100 diretores e 300 profissionais de finanças e contabilidade em 12 estados do País”.

Antes de virar secretário, Miguel foi diretor-geral do Hospital Estadual Central, gerido pela Inova, e diretor-geral do Samu de Santa Catarina.

Bruno Lamas continua no governo?

Bruno Lamas é secretário de Inovação / crédito: Ascom / Secti

O 1º suplente do deputado Tyago Hoffmann – que agora volta para o governo – é o secretário estadual de Inovação, Bruno Lamas (PSB), que se torna detentor da cadeira na Ales com a vaga aberta por Tyago.

Bruno está de férias. Porém, em entrevista recente à coluna, disse que não tinha interesse em deixar o governo para assumir a vaga de deputado. “Minha prioridade é seguir o trabalho na Secti (Secretaria de Inovação)”, disse anteriormente à coluna. Questionado nessa tarde, respondeu por mensagem que continua no governo.

Se Bruno permanecer à frente da Secti, o PSB terá uma cota ainda maior no primeiro e no segundo escalões – cota essa que hoje não é pequena e que causa inveja e mal-estar em partidos aliados.

Além de Bruno e Tyago, o PSB tem também a secretária das Mulheres, Jacqueline Moraes; o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, e a secretária de Direitos Humanos, Nara Borgo, além do presidente do DER-ES, Freitas, o presidente da Aderes, Alberto Gavini, entre outros.

Partidos aliados que apoiaram Casagrande na campanha de 2022 e fazem parte do governo contam com um ou no máximo dois nomes no primeiro escalão.

Questionado se Bruno continuaria no secretariado, Casagrande não bateu o martelo: “Bruno está de férias, vou conversar com ele ainda”.

Em tempo: Se Tyago for mesmo disputar vaga de deputado federal, ele deverá deixar o comando da Sesa em abril do ano que vem, tendo o governo de buscar um novo nome para a pasta.

 

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