Política

Contarato cita marido e faz discurso emocionado sobre a homofobia

Senador falou do processo de adoção dos filhos e expos que até promotor do Ministério Público chegou a questionar pedido de dupla paternidade

Foto: TV Senado/Reprodução

Fabiano Contarato (Rede-ES) se emocionou ao discursar no Senado nesta quarta-feira (25). O senador expôs até parte da vida particular para falar sobre direitos da comunidade LGBTQIA+ e denunciar homofobia durante pronunciamento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O parlamentar, de 55 anos de idade, lembrou que só pôde assumir uma relação homoafetiva aos 26. Ele lamentou o preconceito pelo qual passou ao longo dos anos.

E começou: “Sou casado, tenho esposo e o estado me deu uma certidão de casamento. Sempre sonhei em ser pai, mas achava difícil porque vivemos em um país homofóbico, sexista, misógino, xenofóbico e achava que esse sonho seria distante. Sempre fui criado em família católica e sempre fui perseguido por uma voz constante”.

E continuou: “Focava muito no estudo porque achava que eu estava errado. Eu ia para a igreja, ajoelhava e rezava para que Deus mudasse aquilo em mim. Quando eu aprendi, efetivamente, só pude me dar ao direito de uma relação homoafetiva aos 26 anos de idade”.

O senador aproveitou para criticar a atuação do Senado. Ele alertou que as leis que preveem direitos para a comunidade LGBTQIA+ foram conquistadas via Justiça, quando o trâmite normal passaria, a rigor, pelo Congresso. “Essa Casa fecha constantemente as portas para a comunidade LGBTQIA+. Nenhum direito se deu pela via adequada, porque essa Casa fecha a porta”, reiterou.

Contarato também falou sobre os filhos e sobre o processo de adoção, que ele confidenciou ter sido traumático. “Eu, casado, me habilitei e Deus me deu meu anjo Gabriel com 2 anos e 8 meses. E quando entrei no processo de adoção um membro do Ministério Público teve a ousadia de escrever que ele era contra, porque falava que um filho só poderia ter filiação de um pai e uma mãe. Jamais de dois pais”, lembrou.

E explicou: “Vocês não sabem o que é ouvir isso. Vocês não têm noção do ato de violência que isso me atinge. Com um mês eu era pai. Com um mês, Gabriel chamava Rodrigo (marido) de pai. E eu tinha sido eleito senador”.

Em seguida, finalizou: “Agora, na pandemia, Deus nos deu Mariana, com 1 ano e 10 meses. E, de novo, entrei para a dupla paternidade, que caiu para o mesmo promotor, que agora mudou completamente sua manifestação. Agora concordando com a dupla paternidade. Tive que me expor, expor minha família e isso não é fácil. Só quem passa é que sabe como dói um comportamento homofóbico, preconceituoso. Só quem sofre. Então queria fazer um apelo. Não sejamos injustos. Não cometamos injustiças que jamais gostaríamos de sofrer. Vamos nos colocar na dor do outro”.

Nas redes sociais, o público do capixaba elogiou a conduta do senador. O influenciador Pedro HMC disse: “Como você é necessário neste país! Cada dia que passa te admiro mais!”. Outro seguidor alertou: “Você é um exemplo de homem, um exemplo de pessoa”. Uma internauta completou: “Que lindo o relato, senador”.