Política

Covas eleva gasto com obras em 30% e busca usar reforma de calçada como vitrine

As obras nas calçadas, previstas em 32 subprefeituras, são apontadas por auxiliares do prefeito como uma das vitrines eleitorais de Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição

Foto: Reprodução TV Record

A Prefeitura de São Paulo reservou dinheiro em caixa nos últimos dois anos e deixou para o período eleitoral a fase final de algumas obras, como a requalificação de 627 mil metros quadrados de calçadas, o equivalente a meio Parque do Ibirapuera. As obras nas calçadas, previstas em 32 subprefeituras, são apontadas por auxiliares do prefeito como uma das vitrines eleitorais de Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição.

A previsão de gastos para obras e compras de equipamentos neste ano eleitoral ficou 30% maior do que a média dos três anos anteriores. Em 2020, o município reservou R$ 10,6 bilhões para investimentos. Nos anos anteriores, a média foi de R$ 8,1 bilhões. Até esta segunda-feira, 28, a Prefeitura havia empenhado (autorizado a gastar) um montante de R$ 4,6 bilhões em obras e investimentos.

A legislação eleitoral não permite que os prefeitos que concorrem à reeleição participem de inaugurações de obras nos três meses que antecedem a votação, por isso as calçadas se tornaram uma referência a céu aberto. Segundo o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, mesmo que o prefeito não possa inaugurar as obras no período eleitoral, o importante para o candidato é mostrar a cidade em movimento.

“Não é incomum que todos os governos concentrem as obras em período eleitoral. O cidadão na eleição municipal sente muito de perto a ausência dos serviços públicos. Covas está tentando dar uma resposta em cima do processo eleitoral”, disse Teixeira.

Ao Estadão, Covas afirmou que a calçada sempre foi obrigação do proprietário, mas a Prefeitura se colocou como responsável pela manutenção das que tem importância na mobilidade. “A calçada era vista como uma extensão da propriedade privada. A gente entende a calçada como uma questão importante de modernidade na cidade de São Paulo. Um terço dos deslocamentos na cidade são feitos a pé. É uma nova visão sobre o papel das calçadas na cidade”.

Em sua primeira disputa eleitoral para o executivo na cabeça de chapa, Covas vai fazer na TV uma campanha com o mesmo estilo do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pretende apresentar ao eleitor um portfólio de obras

O projeto de reforma das calçadas começou em janeiro de 2019, tem investimento de R$ 140 milhões, segundo a Secretaria de Subprefeituras, e deve ser concluído até o final do ano. Ao todo, foi planejada a reconstrução de 1,5 milhão de metros quadrados de calçadas – 879,2 mil m² de calçadas foram entregues entre o ano passado e agosto deste ano. Também estão sendo construídas 4 mil rampas de acesso.

As rotas definidas pelo Plano Emergencial de Calçadas (PEC) identificaram calçadas públicas e privadas em toda a cidade. Foram selecionadas calçadas com grande fluxo de pedestres e na proximidade de comércios, escolas e hospitais, cujos reparos impactarão positivamente a população, de acordo com a prefeitura. As obras atendem as especificações definidas pelo Decreto Nº 59.671/20 e o Decreto N° 58.611/19, que também prevê sinalização visual e tátil.