Política

CPI do Pó Preto quer estudo para medir níveis de poluição na Grande Vitória

“Se a Casa não comprar esse aparelho, que deve custar R$ 2 mil ou R$ 3 mil, vamos tentar na iniciativa privada", acenou com a possibilidade o deputado Gilsinho Lopes

Médicos especialistas em doenças pulmonares foram ouvidos na CPI do Pó Preto Foto: Divulgação/Assembleia

A CPI do Pó Preto, que investiga a emissão de poluentes na atmosfera da Grande Vitória, deve pedir um estudo aprofundado com dados numéricos da concentração de monóxido de carbono no organismo dos moradores e que provocaria problemas cardíacos como isquemia e enfarte. Os deputados que compõem a comissão devem acatar a sugestão que surgiu na reunião desta quarta-feira (20).

Durante o encontro, a comissão ouviu a professora de pneumologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ana Maria Casati, que se colocou à disposição no desenvolvimento de um trabalho detalhado sobre o assunto.

O deputado Hudson Leal (PRP) destacou que os empresários não assumem as culpas de poluição e, consequente, doenças pulmonares de suas empresas e justificam dizendo que não existe um estudo que corrobore com tal tese.

“Solicitei estudo na região da Grande Vitória, principalmente na Enseada do Suá, Ilha do Boi, da dosagem do monóxido de carbono nas pessoas. Questiono a doutora Ana se esse pode ser um início de estudo para provar que a culpa é das empresas”, perguntou Leal à médica que estava na CPI como convidada.

O deputado Gilsinho Lopes (PR) salientou a importância de a Assembleia Legislativa adquirir aparelho medidor de monóxido, muito utilizado por pacientes tabagistas para medir o teor da substância nos pulmões dos fumantes.

“Se a Casa não comprar esse aparelho, que deve custar R$ 2 mil ou R$ 3 mil, vamos conseguir na iniciativa privada, para que seja feito o trabalho. Essa Casa mandou R$ 25 milhões para o Governo no início do ano, é inadmissível que não se possa retirar R$ 10 mil para comprar esses aparelhos e fazer um trabalho digno.

Ao ser questionada sobre os problemas provocados pela poluição, Ana Casati disse que aconselha aos pacientes que fiquem um pouco afastados da Grande Vitória.

“Tenho pacientes críticos com doenças associadas que falo para ir dormir em Domingos Martins, Guarapari que estabiliza. Não tenho nenhuma dúvida: a nossa poluição é muito pior que a de São Paulo. Os meus pacientes que mudam para São Paulo ficam melhores, isso é constatação clínica diária”, garantiu.

O próximo encontro dos membros da CPI será na sexta-feira (22), em uma visita técnica na Samarco, às 9 horas.