A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à Justiça que a reforma do sítio em Atibaia, interior de São Paulo, que era frequentado por ele e sua família foi “oferecida” pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do petista preso na Operação Lava Jato. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Em petição apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal), nesta sexta-feira (26), os advogados do ex-presidente afirmam também que o sítio foi adquirido em 2010 por iniciativa de Jacó Bittar, outro amigo de Lula e um dos fundadores do PT. O motivo da aquisição seria compartilhar o imóvel com o ex-presidente e seus parentes após o ele deixar a Presidência da República no final daquele ano.
O local serviria para “acomodar” objetos que Lula teria recebido do “povo brasileiro” durante seus dois mandatos.
Ainda de acordo com a petição, antes da formalização da compra do imóvel, Jacó Bittar adoeceu e repassou ao filho, Fernando Bittar, “recursos de suas aplicações pessoais” para que a propriedade rural fosse adquirida.
Fernando, porém, não tinha recursos suficientes para pagar o preço do imóvel e “convidou o seu sócio, Jonas Suassuna, a participar da compra, o que foi feito”.
Os advogados dizem que Lula só tomou conhecimento da compra do imóvel em 13 de janeiro de 2011, quando já havia deixado a Presidência da República, e que foi ao local pela primeira vez dois dias depois.
Quanto às obras no sítio, a petição aponta que Lula “tomou conhecimento de que a reforma foi oferecida pelo Sr. José Carlos Bumlai, amigo da família, enquanto Fernando Bittar comentava sobre a necessidade de algumas adaptações no local”.
Segundo os advogados, a reforma foi realizada porque, quando foi comprado, o sítio tinha só dois quartos, com instalações precárias, e não acolheria as famílias de Lula e de Bittar.
Posteriormente, a obra foi concluída por uma empresa cuja sede fica a cerca de 50 km de Atibaia, diz a petição.
A matéria publicada neste sábado (27) no jornal Folha de S.Paulo diz também que a propriedade rural de 173 mil m² (equivalente a 24 campos de futebol) está registrada em nome de Bittar e Suassuna, que são sócios de Fábio Luís, filho mais velho de Lula.
A força-tarefa da Lava Jato investiga as operações relativas ao sítio e suspeita que Lula seja o real dono do imóvel.
No documento protocolado no STF, os defensores do ex-presidente afirmam que “todos os recursos utilizados na compra da propriedade são de titularidade da família Bittar e de Jonas Suassuna e foram pagos em cheques administrativos”.
As alegações quanto ao sítio foram apresentadas pela defesa ao Tribunal para fortalecer o pedido de suspensão das apurações relativas ao sítio até que seja definido se a investigação sobre o imóvel e o tríplex em Guarujá, concluído e reformado pela construtora OAS, deve tramitar no Ministério Público Estadual de São Paulo ou no Ministério Público Federal.
O advogado de Bumlai, Arnaldo Malheiros, contesta a versão dos defensores de Lula. Procurado pela Folha para comentar a posição da defesa do petista, afirmou: “Só se a Odebrecht for propriedade de Bumlai, o que não me consta”.